MPF vai investigar autoria de documento falso sobre prisão em acampamento

O Ministério Público Federal (MPF) vai solicitar a instauração de um inquérito policial para apurar a autoria de um documento falso sobre uma suposta prisão no acampamento montado em frente ao 38º Batalhão de Infantaria que circulou, neste domingo (18), em grupos de conversas e redes sociais.

O falso documento dava conta de que a vice-procuradora geral da República, Lindôra Maria Araújo, teria solicitado ao governador, Renato Casagrande, que designasse forças policiais para fazer cumprir um mandado de prisão contra o pastor Fabiano Oliveira, que se encontra “foragido” no acampamento.

A montagem diz ainda que caberia à Polícia Militar e ao Batalhão de Missões Especiais (BME) dissolverem a manifestação num prazo de 24 horas. Há uma suposta assinatura digital da vice-procuradora datada de sábado (17), às 16h04, duas horas depois de a coluna De Olho no Poder ter publicado “Alvo de mandado de prisão, pastor está ‘foragido’ na frente do 38º BI”.

O ofício apócrifo rodou em grupos de conversas na manhã deste domingo e chegou à coluna. Como o número descrito no documento não batia com a consulta online disponibilizada no portal do MPF, a assessoria do órgão foi procurada para se manifestar a respeito e negou que o documento seja verdadeiro.

Parte do documento falso divulgado em redes sociais

“Não localizamos este documento no sistema do MPF e há diversas informações nele que indicam que seja falso”, disse a assessoria de imprensa da Procuradoria, que complementou: “Vamos requisitar instauração de inquérito policial para apurar a autoria do suposto documento”.

Um dos primeiros a divulgar a fake news em seu perfil no Instagram foi o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio. Num vídeo intitulado “Urgente: Moraes pede a governador comuna do Espírito Santo o cumprimento da prisão de pastor evangélico”, Eustáquio diz a data e horário que estava gravando o vídeo – dia 18, por volta de 0h30 –, mostra o suposto documento na filmagem e diz ainda que a Polícia Federal não tem “colhão” para entrar no quartel.

Ele ainda convoca pessoas e autoridades a desobedecerem uma ordem judicial e enfrentarem a polícia: “Atenção povo do Espírito Santo, generais e coronéis do Espírito Santo: honrem a gandola de vocês e se a PM entrar aí, botem para correr”, disse ele no vídeo que, até as 20h deste domingo continuava no ar.

O pastor Fabiano de Oliveira é um dos alvos dos quatro mandados de prisão solicitados pelo Ministério Público do Espírito Santo e determinados pelo STF no Estado. Ele também foi um dos alvos dos 23 mandados de busca e apreensão.

A operação foi deflagrada na última quinta-feira (15) e, enquanto os policiais estavam em diligências, Fabiano gravava vídeo no acampamento na frente do 38º BI. Segundo o superintendente da Polícia Federal no Estado, delegado Eugênio Ricas, em entrevista à coluna, os agentes estiveram no acampamento, mas a prisão não ocorreu por motivos de segurança.

“Nós estivemos lá, o advogado dele chegou a falar que ele ia se entregar, mas ele mudou de ideia na última hora. No meio da multidão não há segurança para efetuar a prisão, pois colocaria em risco ele, os policiais e os manifestantes. O STF foi informado dessa situação e nós estamos monitorando para o cumprimento no momento adequado”, disse Ricas.

Além de Fabiano, há ainda um mandado de prisão em aberto contra o empresário Max Pitangui e dois que estão sendo cumpridos: o do vereador de Vitória Armando Fontoura e o do jornalista Jackson Rangel.

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