Durante crises, como a que vimos em 2020, as bolsas sentem os efeitos das incertezas e do pânico nos mercados, apresentando alta volatilidade. Mas nem sempre é apenas ruído: alguns colapsos tendem a alterar a dinâmica de muitos setores. Hoje e nos próximos dias vamos falar dos principais efeitos que vieram com a Covid-19, destacando os impactos sobre cada setor.
É natural as bolsas sofrerem quedas devido às incertezas e à falta de parâmetros para medir o dano da crise em um momento inicial. Mas devido à falta de dimensão do problema, algumas reações podem ser excessivas, de acordo com o que nos mostra a teoria das finanças comportamentais.
A consequência disso é a alta instabilidade e volatilidade iniciais, isto é, uma variação acima da média no preço dos ativos. No início da pandemia, em março de 2020, este efeito foi tão forte que a bolsa brasileira chegou a acionar o circuit breaker seis vezes apenas em março, quando o Ibovespa caiu 30%, sendo a maior queda na comparação mensal em 22 anos.
O circuit breaker é um mecanismo que a bolsa utiliza para interromper as negociações quando o mercado passa por quedas acentuadas. Isso ocorre para frear as disfuncionalidades que podem surgir no mercado, assim como para reduzir a volatilidade e dar um tempo para que os investidores consigam pensar melhor. Vale lembrar que esses episódios só ocorreram anteriormente neste século durante a crise do subprime, em 2008, e o Joesley Day, em 2017.
Além disso, devido à maior percepção de risco, há a fuga de moeda para países mais seguros, como os Estados Unidos, exatamente para proteger o patrimônio de possíveis quebras, dentre outros fatores. Como consequência, a moeda de países emergentes, como o Brasil, tende a desvalorizar. Nesse sentido, em 2020, dentro de um período de menos de dois meses, o dólar valorizou mais de 35% frente ao real. E até agora ainda não retornou aos patamares iniciais.
Após quedas abruptas iniciais, a bolsa tende a se recuperar nos próximos meses ou anos, a depender do quão profundo e estrutural foi o impacto sobre a economia. Assim como as quedas podem se prolongar por mais algum tempo a depender de qual foi o fator causador.
Em 2020, os principais setores a se destacarem foram aqueles que dependem de serviços ou produtos digitais. Afinal, com os fechamentos e as pessoas sem sair de casa, tudo se tornou online. Por isso, o e-commerce, empresas de software e que atuam na internet em geral, foram um dos primeiros a iniciarem a retomada. A Nasdaq, por exemplo, vem batendo máximas históricas, além de duplicar o seu valor desde o ponto mais crítico durante o momento de pânico.
A retomada também tende a beneficiar setores cíclicos que estão atrelados à demanda global, assim como vem ocorrendo no momento com o setor de commodities. Além disso, o movimento atual se dá no sentido de um retorno do capital estrangeiro para países emergentes. Mas o Brasil, como já falamos, está de fora da festa.
Nesta semana, vamos trazer os impactos da Covid-19 sobre cada um dos setores da bolsa, de forma a mostrar aqueles que se beneficiaram e aqueles que saíram prejudicados.
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