Ago 2021
29
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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porRicardo Frizera

"O que diferencia o nível de riqueza das nações é a capacidade de criar produtividade com a alocação eficiente de estoque de capital”, afirma Fernando Cinelli

Digaí: Por que o mercado financeiro é importante para o desenvolvimento de uma nação?

Fernando: Há diversos motivos, mas o principal deles é que, quando observamos como as nações constroem o seu crescimento e prosperidade, um dos principais fatores determinantes é a capacidade de alocar o estoque de capital de maneira produtiva. Dessa forma, esse estoque é capaz de gerar mais renda e investimentos em inovação, por exemplo, diferenciando nações com mercado de capitais bem desenvolvido de nações com esse mercado concentrado ou pouco maduro.

Digaí: Hoje, os gargalos na educação financeira são ainda mais evidentes no Brasil. E isso é exemplificado em posicionamentos de figuras públicas que afirmam que investir no mercado financeiro e na bolsa de valores não gera riqueza. Qual a lógica por trás desse raciocínio?

Fernando: Na verdade, a lógica é contrária. Quando investimos na bolsa, por exemplo, estamos alocando capital em alguma empresa ou iniciativa que direciona esses recursos para a produção de bens de consumo ou capital para consumidores finais, gerado empregos e renda. Esses negócios perseguem o lucro como meta de sustentabilidade no longo prazo. Então, esses recursos investidos criam produtividade, que é o principal fator que define a riqueza de um país.

Digaí: Hoje, você acredita que o mercado financeiro no Brasil possui uma regulação eficiente? O que você mudaria?

Fernando: Acredito que nesse aspecto, o Brasil é bem competitivo tanto em relação aos países desenvolvidos no mundo quanto aos em desenvolvimento na Ásia. No quesito interno, de ambiente concorrencial, temos empresas no mercado brasileiro, competindo para entender o seu consumidor e propor soluções mais sofisticadas e baratas. Um exemplo capixaba é o PicPay, que hoje atende brasileiros, em sua maioria de classe C e D, competindo com os grandes bancos.

Essa iniciativa além de render acima da poupança, por exemplo, contribui para a educação financeira e dessas pessoas no mercado de capitais. E isso nos torna competitivo em relação ao resto do mundo.

No aspecto que não estamos competitivos é o cenário macroeconômico, que dificulta o investidor estrangeiro a dimensionar o risco Brasil. Apesar de termos evoluído nos últimos anos, temos muito a melhorar.

Nesse sentido, com um ambiente de muita incerteza, exploramos pouco o nosso potencial, apesar de estarmos entre os países que mais recebem investimento estrangeiro no mundo. Contudo, para tirar boa parte da população da pobreza, precisamos melhorar nesse cenário. As soluções passam pela aprovação de reformas como a administrativa, a privatização das empresas estatais e trabalhar a rede de proteção social, incluindo mais pessoas na formalidade e no movimento de bancarização.

Ouça o Podcast Digaí com Fernando Cinelli no Spotify

 

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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