Economia

Atividade econômica no Sudeste cresce 0,5% no trimestre até agosto, diz BC

Redação Folha Vitória

Salvador - A atividade econômica da região Sudeste subiu 0,5% no trimestre até agosto, ante os três meses finalizados em maio, quando havia avançado 0,3% na mesma base de comparação. A informação é do Boletim Regional do Banco Central (BC), divulgado nesta sexta-feira, 2, em Salvador.

De acordo com o Banco Central, os indicadores de consumo na região expressam fragilidade da demanda. "Nesse sentido, as vendas do comércio ampliado recuaram 2,7% no trimestre encerrado em agosto, em relação ao terminado em maio, quando recuaram 2,3%, conforme dados dessazonalizados", informou o BC, citando dados da Pesquisa Mensal do Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Ressalte-se que a evolução desfavorável do setor refletiu, em especial, os resultados negativos das vendas de veículos e de material de construção".

O Boletim aponta ainda que o comportamento da demanda no Sudeste tem sido influenciado pela continuidade na distensão do mercado de trabalho. "A taxa de desocupação, mensurada pela PNADC, do IBGE, atingiu 11,7% no trimestre encerrado em junho (8,3% em igual intervalo de 2015), refletindo recuo de 0,9% da população ocupada e aumento de 2,9% da força de trabalho, com consequente redução do rendimento real médio habitual (4,2%) e da massa salarial (5,1%), no período", destacou o BC. De acordo com a instituição, o baixo dinamismo do mercado de crédito também contribuiu para a "frágil evolução da demanda agregada".

O BC afirma ainda que, a despeito da recente e moderada reação da economia na região, os resultados fiscais ainda refletem os impactos da retração da atividade nos últimos dois anos. "No primeiro semestre do ano, os superávits das capitais e dos governos estaduais recuaram 48,3% e 25,7%, respectivamente, em relação a igual período de 2015, e o resultado consolidado dos demais municípios reverteu de superávit para déficit", pontua o BC.

"A economia do Sudeste, favorecida pela recuperação modesta da produção industrial, apresentou acomodação na margem, interrompendo o cenário de contração registrado até meados deste ano", resume a instituição. "No entanto, a consolidação de uma trajetória consistente e prolongada de recuperação da atividade econômica da região dependerá, em boa medida, da continuidade da melhora das expectativas dos agentes econômicos e da gradual reação dos demais condicionantes da demanda, em particular dos mercados de trabalho e crédito."

Sul

Segundo o Banco Central, a atividade econômica da região Sul caiu 1,1% no trimestre até agosto, ante os três meses finalizados em maio, quando havia subido 1,5%. De acordo com o BC, "a trajetória recente dos principais indicadores da região aponta acomodação do processo de retração da atividade econômica, delineado desde o final de 2014".

"Considerado o trimestre encerrado em agosto, houve estabilidade no ritmo de recuo nas atividades comércio e serviços, e alguma retomada na indústria, em cenário de elevação dos níveis de confiança dos empresários", informou a instituição.

O BC pontuou ainda que a estabilização da atividade na região, após longo período de retração, está sujeita a oscilações características desse processo, refletindo, entre outros fatores, estágios distintos nas dinâmicas setoriais. "No âmbito da demanda, as vendas do comércio ampliado recuaram 0,8% no trimestre encerrado em agosto, em relação ao terminado em maio, ante retração de 2,4% em âmbito nacional", destacou o BC.

Para o BC, o desempenho recente do setor de serviços na região evidencia a "fragilidade do consumo, "mas ao mesmo tempo corrobora a percepção de acomodação no ritmo de retração da economia". "O volume de serviços não financeiros prestados no Sul diminuiu em 1,1% no trimestre encerrado em agosto, após contração de 2,6% no trimestre anterior, recuos mais intensos que os observados aos correspondentes em nível nacional."

Conforme o BC, "Entre os fatores que contribuem para a evolução do consumo, destaca-se a continuidade da distensão do mercado de trabalho". "A economia da região eliminou 47,5 mil empregos formais no trimestre finalizado em agosto (103,6 mil em igual período de 2015), redução que segue contribuindo para a queda da massa salarial e da capacidade de compras das famílias." Assim como no Sudeste, a evolução do mercado de crédito no Sul contribui para o baixo dinamismo da demanda, na visão do BC.

A instituição afirma ainda que a trajetória da atividade econômica também influenciou o desempenho fiscal dos entes subnacionais. "O superávit primário dos governos dos estados, das capitais e dos principais municípios do Sul acumulou R$2,7 bilhões no primeiro semestre, 40,4% inferior ao observado em igual período de 2015. Esse resultado foi impactado por reduções reais da receita de ICMS e das transferências da União", avaliou o BC.

"Em linhas gerais, os indicadores econômicos do Sul acompanham a tendência nacional, com números ligeiramente mais favoráveis em relação ao desempenho do setor industrial", destacou a instituição.

Norte

A atividade econômica da região Norte subiu 1,0% no trimestre até agosto, ante os três meses finalizados em maio, quando havia avançado 1,1%, sendo o boletim divulgado nesta sexta.

De acordo com o BC, "a atividade econômica no Norte apresenta sinais de retomada gradual, após retração ocorrida ao longo de 2015". "O avanço das atividades industriais, tanto extrativa quanto de transformação, favorecido pelo ambiente externo mais benigno para economias emergentes e pela recuperação da confiança do empresariado do setor contribuem para essa evolução na margem".

Por outro lado, o BC cita o reduzido dinamismo do comércio e do segmento de serviços na região, refletindo o enfraquecimento do mercado de trabalho e a moderação do mercado de crédito.

Na área fiscal, o desempenho do Norte é melhor que o de outras regiões do País, em função da economia da região também apresentar números melhores. "O consolidado dos governos dos Estados, das capitais e dos principais municípios do Norte apresentou superávit primário de R$ 1,5 bilhão no primeiro semestre do ano (R$ 1,3 bilhão no mesmo período em 2015), com destaque para o aumento no superávit dos governos estaduais, de R$ 869 milhões para R$ 1,3 bilhão", informou o BC.

"Em síntese, a atividade econômica no Norte apresentou evolução positiva desde meados deste ano, mas mostra indicadores relacionados ao consumo com comportamento menos favorável", salientou a autoridade monetária.

Nordeste

Conforme o Banco Central, a atividade econômica da região Nordeste caiu 1,0% no trimestre até agosto, ante os três meses finalizados em maio, quando havia recuado 1,5%. Segundo o BC, "a retração da economia do Nordeste persiste no terceiro trimestre do ano, repercutindo, principalmente, a continuidade do desempenho desfavorável do comércio, da agricultura e da construção civil".

A atividade econômica da região surpreende negativamente e os sinais de início de estabilidade e possível retomada são mais evidentes apenas na produção industrial. A agricultura passa por expressiva retração, impactada pela forte estiagem em importantes estados produtores da região".

No comércio, de acordo com o BC, "o aumento do desemprego, o crédito mais restrito e a queda na renda são determinantes para a diminuição das vendas". A instituição afirma que o recuo na construção civil é decorrente da crise pela qual passa o setor no cenário nacional e da conclusão de importantes obras na região".

A retração da atividade econômica no Nordeste, de acordo com o BC, também influenciou os resultados das contas públicas da região. "O superávit primário dos governos dos estados, das capitais e dos principais municípios do Nordeste diminuiu 80,6% no primeiro semestre do ano em relação a igual período de 2015", informou.

"Em síntese, a trajetória da economia do Nordeste vem sendo condicionada pelo desempenho negativo de segmentos relacionados ao consumo das famílias, repercutindo o ambiente de redução da massa real de salários e baixo dinamismo do mercado de crédito", registrou o BC. "Por outro lado, a produção industrial sinaliza possibilidade de recuperação no curto prazo, evidenciada pela melhora dos sentimentos dos empresários e pelo crescimento do setor em importantes estados da região".

IBC-Br

A atividade econômica do País registrada pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerando o conjunto das cinco regiões, cedeu 0,4% na margem, no trimestre encerrado em agosto, na série dessazonalizada. A informação também é do Boletim Regional do Banco Central.

De acordo com o documento, as economias regionais estão em estágios diferentes no processo de estabilização da atividade, mas elas apresentam em comum a fragilidade dos indicadores de demanda. O BC pontua que os indicadores de demanda têm sido afetados pela redução da massa salarial e pelo reduzido dinamismo do mercado de crédito. Esta situação é encontrada das diversas regiões.

Por outro lado, o BC informa que a economia segue operando com elevado nível de ociosidade. "Não há restrição de oferta para retomada a atividade industrial", informa o BC.

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