Saúde

Cerca de 40% dos brasileiros apresentam distúrbios do sono

Mais de 70 milhões de brasileiros sofrem com problemas na hora de repousar

Foto: Divulgação
Problema também tem se tornado comum em crianças. 

Conforme as informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% dos brasileiros têm distúrbios do sono. De acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), mais de 70 milhões de brasileiros sofrem com problemas na hora de repousar. O dado é preocupante e chama a atenção de especialistas para problemas de saúde em quem enfrenta longas noites sem dormir. 

Celso Musa, coordenador da cardiologia do Hospital Samaritano (Barra da Tijuca), alerta sobre a apneia obstrutiva – mais prevalente na população.

A apneia obstrutiva do sono pode afetar cerca de 4% das mulheres e 9% dos homens adultos, sendo que sua prevalência é maior entre pessoas obesas, com pescoço largo, na faixa etária acima dos 35 anos. “ É caracterizada por pausas respiratórias, com interrupção ou diminuição da respiração, com duração de mais de 10 segundos. A doença pode ser provocada por alterações anatômicas e pela diminuição de atividades dos músculos dilatadores da faringe”, explica.

O especialista informa ainda que os sintomas mais frequentes de apneia obstrutiva são: episódios de roncos altos - interrompidos por paradas respiratórias e observados por quem convive com a pessoa -, forte sonolência diurna, sono agitado e aumento da vontade de urinar à noite, além de alterações de memória e raciocínio. “Os indivíduos com apneia costumam acordar com dor de cabeça, cansados e sem disposição, mesmo tendo dormido durante toda a noite. Outra característica comum nessas pessoas é a diminuição da libido, além de uma tendência a quadros de depressão”, diz.

O cardiologista observa que a ciência já comprovou que, para manter o cérebro em alto desempenho, é necessário descanso e que o sono de qualidade é fundamental. “A quantidade de horas de sono varia entre as pessoas, de acordo com o sexo, a idade e a constituição biológica. As mulheres dormem cerca de 50 minutos a mais que os homens e têm maior quantidade de sono profundo”, informa.

De acordo com o médico, em relação à idade, o sono diminui durante a vida. Enquanto um recém-nascido dorme até 18 horas por dia, um jovem chega a sete ou oito horas, já um idoso pode se satisfazer com apenas cinco horas de sono. “Durante o sono normal, ocorrem alguns despertares breves nos quais não se recupera a consciência ou a memória. Isso se manifesta através de 30 a 60 movimentos por noite, na hora da troca de posição, sem que se lembre disso pela manhã”, explica.

Com relação aos casos mais críticos, a apneia obstrutiva do sono pode ocasionar uma série de alterações, como diabetes, disfunções hormonais e vários problemas cardiológicos, o que inclui arritmias cardíacas e hipertensão arterial, podendo levar a redução do fluxo de sangue no músculo cardíaco e maior incidência de infarto do miocárdio.

A obesidade também é um fator de risco importante para o desenvolvimento da apneia, mas vários estudos mostraram que, devido às mudanças hormonais e à privação do sono, o problema contribui ainda mais para o aumento da obesidade, fazendo com que esses indivíduos tenham maior dificuldade para emagrecer, quando comparados com aqueles que têm um sono reparador.

O especialista reforça a necessidade de se procurar um médico, pois, mesmo tendo alta prevalência na população, apenas agora foram elencados os riscos trazidos por esse distúrbio, bem como a importância do seu diagnóstico. “O grande problema é que cerca de 90% dos indivíduos que possuem apneia do sono ainda não possuem o diagnóstico. Os pacientes portadores de apneia obstrutiva precisam de tratamento, pois, sem acompanhamento clínico, as chances de mortalidade devido ao problema são grandes”, finaliza.

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