Economia

Fechamento de lojas aos domingos no ES é retrocesso, diz associação de shoppings

A medida, proposta pelo Sindicato dos Comerciários do ES, impactará o expediente dos cerca de 10 mil trabalhadores que atuam nos mais de 15 shoppings existentes no Estado

Comerciários e lojistas debatem fechamento das lojas dos shopping do ES aos domingos Foto: Divulgação

A polêmica do fechamento dos shoppings capixabas aos domingos voltou à tona. O Sindicato dos Comerciários do Espírito Santo iniciou as negociações com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES) para que a regra seja instaurada a partir do dia 1º de novembro. 

A medida impactará o expediente dos cerca de 10 mil trabalhadores, que atuam nos mais de 15 shoppings existentes no Estado. Para o coordenador estadual da Associação Brasileira de Shoppings Centers, Rafael Brotto, a mudança promoverá um retrocesso para todos os capixabas, incluindo os funcionários das lojas.

Folha VitóriaQual é o cenário dos shopping centers no Espírito Santo atualmente?

Rafael Brotto – Apesar da crise e das quedas nas vendas, os shoppings estão fazendo seu trabalho para atrair o público. Cada um deles tem sua estratégia para viabilizar a circulação de clientes e manter o consumo. Acredito que o comércio nos shoppings esteja sofrendo menos que os demais setores, porque agrega outros serviços no mesmo espaço, como restaurantes, cinema, salão de beleza, além dos eventos. Acredito que essas outras opções atraiam os clientes também para a compra.

FV – Quais as principais consequências dessa decisão de fechamento aos domingos neste momento de crise?

RB – A primeira e principal consequência é a punição do cidadão capixaba, que não terá mais a prestação de serviço e lazer durante o domingo devido ao fechamento das lojas. Com essa ação, todos perdem: o empresário com a queda nas vendas, o município com a redução na arrecadação de tributos, até o próprio colaborador, porque a estimativa é de que, com o fim da abertura das lojas aos domingos, o número de demissões alcance um percentual de 30% dos 10 mil funcionários que hoje atuam no setor.

FV – Além de demissões, há o risco de que lojas venham a fechar as portas? Qual o percentual de unidades que deixariam de funcionar?

RB – As vendas de domingo são responsáveis por 15%, em média, do faturamento mensal de comércio em shoppings. Se ocorrer o fechamento das lojas nesse dia, o prejuízo será grande e, mesmo sem prospectar um número, acredito que não só haveria encerramento de atividades como a medida também impediria a chegada de novas marcas ao mercado capixaba.

FV – A expectativa do Sindicomerciários é de que a medida entre em vigor no dia 01 de novembro. Quais negociações deverão ser feitas pelos comerciantes até lá? Quais contrapropostas poderão ser apresentadas?

RB – Acordos desse tipo devem envolver a Fecomércio, sindicatos e associações de lojistas para que a definição seja costurada entre todos os envolvidos. A primeira instância é a Federação, que já se mostrou contrária à mudança. 

FV – As contratações temporárias costumam funcionar como porta de entrada para muitas pessoas no mercado de trabalho e surgem, em sua maioria, no final do ano. Diante do atual cenário econômico, o senhor acredita que esse tipo de contratação deixará de acontecer no Estado?Quantas vagas podem deixar de ser criadas?

RB – Não irá acontecer, porque esse retrocesso que é o fechamento aos domingos não será implementado no Espírito Santo.

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