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Resultados não ajudam e Estrela do Norte é rebaixado no Centenário

Desde a campanha de 2014, quando conquistou o título inédito do Campeonato Estadual, o gigante do sul não conseguiu se firmar na competição em 2015 e neste ano não conseguiu evitar a queda

O Estrela do Norte não conseguiu evitar o rebaixamento no ano de em que completa 100 anos de existência Foto: ​Alissandra Mendes

A maldição do Centenário que ronda tantos clubes pelo Brasil fez mais uma vítima. No ano mais importante de sua existência, o Estrela do Norte não conseguiu evitar mais um rebaixamento em sua história. Na rodada desta quarta-feira (6), o Alvinegro cachoeirense só entraria em campo à noite, para enfrentar o Sport-ES. Mas, antes mesmo de pisar em campo, a queda para a Série B do Capixabão já estava confirmada, já que o Doze Fc empatou em 1 x 1 com o São Mateus e garantiram as duas vagas na elite do futebol do Estado.

O clube cachoeirense passou do céu ao inferno. Em 2014, conquistou o maior feito ao longo de seus 98 anos de existência: o título de campeão capixaba, tão sonhado por seus torcedores. No ano seguinte, a diretoria não conseguiu montar uma equipe que pudesse brigar para seguir na Copa do Brasil, na Copa Verde e no próprio Estadual. A torcida já dava sinais de abandono desde então. Neste ano, enfrentando graves problemas financeiros, a diretoria formou o time para a disputa do Capixabão com a esperança de conseguir levantar recursos e atrair o torcedor no ano do Centenário do clube, mas de nada adiantou.

“Se fomos campeões em 2014, deveríamos em 2015 brigar pelo bicampeonato, mas não foi isso que aconteceu. Sentimos falta do reconhecimento do empresariado. Acreditamos que com o título, teríamos mais apoio, mas foi o inverso. Passamos a ter dificuldades financeiras. Chegamos ao fim da competição com dificuldade para pagar os jogadores. Agora uma pergunta que não tenho resposta é: porque a cidade abandonou o Estrela depois que foi campeão capixaba? Eu não sei”, indaga o presidente do clube Adilson Conti. 

Em 2016, o cenário foi ainda pior. “Sabíamos de nossas condições e nossas limitações. Quando montamos a equipe, nosso objetivo era estar entre os seis e disputar o Hexagonal. Enfrentamos muitos problemas, estamos com sérias dificuldades financeiras, mas não deixamos de honrar nossos compromissos com os atletas. Não conseguimos apoio dos empresários locais, não conseguimos apoio nem de nossos torcedores, que sumiram do estádio. Eu não queria deixar o clube nessa situação. Lutamos até o fim, fizemos que podíamos, mas não evitamos o rebaixamento”, comenta o presidente.

Como já foram definidas as vagas na Série A e os rebaixados, os clubes pediram à Federação de Futebol do Espírito Santo (FES) que a última rodada seja cancelada, para evitar mais despesas. A decisão ainda não foi tomada e deve sair até o fim da tarde desta quinta-feira (7). 

“O que temos hoje são alguns ingressos que restam para o show do Roberto Carlos. Nossa intenção é vender e fazer o acerto com os jogadores. Temos outras despesas, como: luz, águam comissão técnica, cozinheiras. Estamos correndo atrás para não deixarmos a situação ficar ainda pior. Estamos fazendo um rifa para arrecadar dinheiro e quitar essas dívidas”, explica Conti.

Adilson Conti deixa a presidência do clube em julho, quando haverá novas eleições Foto: ​Alissandra Mendes

Dificuldades

O elenco inicial com 25 jogadores e sete membros da comissão técnica foi apresentado no dia 4 de janeiro, há exatos 25 dias do início do Campeonato Capixaba. O pouco tempo de treino e a não realização da pré-temporada por falta de recursos financeiros, limitou o trabalho físico dos atletas. Alguns deles, chegaram ao clube foram de forma e não havia tempo para recuperar a parte física até o início do campeonato.

Na primeira rodada, o time foi derrotado dentro de casa pelo Galo da Vila e os poucos torcedores que compareceram já não retornaram para a segunda rodada. Assim, foi acontecendo nos outros jogos, até o confronto diante da Desportiva, na última rodada da primeira fase, que poderia classificar o time para o Hexagonal projeto inicial da diretoria. Mas, o time foi derrotado mais uma vez e foi para o Quadrangular da Morte.

Durante a primeira fase, o então técnico Paulo Ferreira deixou o comando, e o então auxiliar técnico Fábio Índio assumiu a equipe. Não demorou muito e os jogadores receberam outra notícia ruim. O presidente conversou com os atletas e expôs as dificuldades. Muitos jogadores deixaram o clube, e apenas 13 dos 25 iniciais permaneceram no clube. 

Em julho, haverá eleições para escolher o novo presidente. Adilson já avisou que não disputará a reeleição. “Existem momentos na vida em que nos arrependemos e pensamos que poderíamos ter feito diferente. Mas, não adianta voltar no tempo. Tenho que carregar comigo é a tristeza de não ter feito mais coisa, mas saio daqui com a sensação do dever cumprido. Posso falar sem hipocrisia que dei minha vida pelo Estrela. Abri mão de férias, abri mão de passeios e até a minha parte financeira foi afetada. Não só pelos títulos ou de ter colocado o Estrela em competições nacionais, mas saio daqui com a sensação do dever cumprido. O Estrela é o sangue que corre em minhas veias. Sem ele estaria morto. Já fiz tudo que podia fazer para o Estrela. Estou cansado, mas desejo que o meu sucessor continue o meu trabalho e que goste do Estrela como eu gosto”, completa Adilson Conti.

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