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Após decepções, judoca Érika Miranda tenta outra vez faturar medalha olímpica

Redação Folha Vitória

Rio -

"Não diga que a vitória está perdida, se é de batalhas que se vive a vida. Tente outra vez." Os versos, que ganharam fama na voz de Raul Seixas, poderiam ser escolhidos como trilha sonora para a narrativa da vida de Érika Miranda. Nos Jogos do Rio, a judoca terá a chance de tentar outra vez. A cabeça de chave da categoria meio-leve (até 52 kg) enfrenta a tunisiana Hela Ayari na estreia, neste domingo, na Arena Carioca 2.

Medalhista em Mundiais três vezes consecutivas - prata no Rio-2013 e bronze em Chelyabinsk-2014 e Astana-2015 -, Érika quer a tão sonhada medalha olímpica. Apesar de viver o melhor ciclo de sua carreira, a atleta se coloca no "zero a zero" com as adversárias. "Assim como estudo minhas adversárias, também estou sendo estudada. Claro que coloco novas estratégias para surpreender no meio da luta, mas Olimpíada é uma competição que começa do zero", analisa.

A comissão técnica do Brasil fez um estudo detalhado de todas as competidoras, e o mapeamento é aplicado nos treinamentos com a ajuda dos sparrings. Cada judoca teve o auxílio de quatro lutadores de apoio, sendo um do sexo oposto, para assimilar as características dos rivais na reta final para os Jogos. "Não vai ter atleta desconhecido. Estamos fazendo todo o trabalho para que não haja surpresa”, diz a técnica Rosicleia Campos.

A preparação e a vontade são os trunfos de Érika para não deixar que a medalha escape novamente. No período de aclimatação para os Jogos de Pequim, em 2008, a brasileira foi cortada depois de sofrer lesão no joelho direito. A desilusão deixou suas marcas em Érika. Mas o trauma ficou no passado e, com ele, veio crescimento.

“Aprendi, como atleta, que o único adversário que te acompanha todos os dias é a lesão. Ainda bem que eu era uma pessoa mais nova, consegui dar a volta por cima e estou indo para mais uma Olimpíada”, comemora.

Quatro anos depois, ela ainda vive a decepção de ser eliminada na estreia nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Mesmo estando embalada por bons resultados internacionais, Érika acabou superada pela sul-coreana Kyung-Ok Kim e viu o sonho acabar de forma precoce.

No Rio, terá a vantagem de lutar com o apoio da família e dos amigos. A judoca, que possui bons resultados em casa, vê a energia da torcida como um estímulo e até como uma forma de controlar o nervosismo e a ansiedade. A tensão que precede a luta estava longe de chegar até Mangaratiba, cidade na Costa Verde fluminense (a 85km do Rio de Janeiro) onde os judocas treinaram.

Na hora de entrar no tatame, não há experiência que resolva para Érika. Aos 29 anos, ela está consciente do frio na barriga que a espera. “Quando passa a primeira luta, pode ter certeza, passa tudo na sua vida”, descreve a judoca dona de um riso fácil.

Neste domingo também é a vez de Charles Chibana encarar o japonês Masashi Ebinuma, tricampeão mundial e bronze em Londres-2012 pela categoria meio-leve (até 66 kg). Será o momento de colocar em prática sua estratégia. “Judô é um esporte às vezes muito ingrato, vacilou e o cara te derruba, te dá um ippon. Procurei na reta final trabalhar a parte de atenção. O importante é ganhar.”

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