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Com apoio da torcida, boxeador acusado de estupro perde na estreia no Rio

Redação Folha Vitória

Rio -

Menos de 24 horas depois de deixar o presídio de Bangu, o boxeador Jonas Junias Jonas, da Namíbia, fez sua estreia nos Jogos Olímpicos do Rio, nesta quinta-feira. Contando com praticamente toda a torcida a seu favor, que não o identificou como o acusado de estupro, o africano de 22 anos, porta-bandeira do seu país na cerimônia de abertura, foi vencido pelo francês Hassan Amzile por decisão unânime e acabou eliminado na categoria até 64kg. Ficou livre para voltar para casa.

Jonas foi acusado por uma camareira de assediá-la sexualmente na Vila Olímpica. De acordo com a denunciante, ele agarrou-a por trás dentro do seu apartamento e tentou beijá-la a força. Jonas ainda teria oferecido dinheiro a ela, fazendo gestos simulando um ato sexual. Ele foi detido na segunda-feira, mesmo dia em que foi levado para o presídio em Bangu. Na quarta-feira à noite, o pugilista conseguiu um Habeas Corpus e foi liberado para subir ao ringue às 18h desta quinta, pegando de surpresa inclusive seu rival.

"Só soube hoje (nesta quinta) às 10h que ele tinha saído da prisão. Mas acho que para ele foi difícil se preparar para a luta tão bem como eu pude. Absolutamente não achava que haveria luta. Achei que ele ainda estaria na prisão", contou Amzile, depois da luta. Diferente do francês, Jonas passou pela imprensa sem conceder entrevistas, protegido pelo treinador.

Na arquibancada estavam diversos membros da delegação da Namíbia, que não tiveram contato com Jonas desde que ele saiu da prisão e que só o presidente do Comitê Olímpico da Namíbia poderia comentar o caso. O dirigente, entretanto, não foi encontrado no Riocentro.

Como tem acontecido em todas as arenas do Rio, o atleta africano recebeu o apoio dos torcedores no confronto contra um europeu. Quando subiu ao ringue, ouviu muitos gritos de incentivo. Também o bater de pés nas arquibancadas provisórias que produz um barulho irritante e que mostra de que lado a torcida está.

A comerciante Mônica Santos, 37, chegou a puxar um grito de "olê, olê, olá, Jonas, Jonas" e se arrependeu depois que foi informada pela reportagem que Jonas era o pugilista que ela havia visto na televisão. Antes da luta, a reportagem conversou com outros três grupos de torcedores, que também desconheciam quem era aquele lutador da Namíbia. Não houve vaias.

A Namíbia tem só 10 atletas na Olimpíada, em cinco modalidades. Mesmo assim, trouxe torcida ao Rio. Havia pelo menos 15 pessoas com a bandeira do país torcendo por Jonas. Nenhuma delas quis falar sobre a prisão.

BRASIL - O boxe brasileiro pode garantir nesta sexta-feira a sua primeira medalha no Rio-2016. O leve Robson Conceição sobe ao ringue às 12h45, no Pavilhão 6 do Riocentro, para tentar começar uma coleção de medalhas que pode fazer da nobre arte o tal "carro-chefe" de medalhas que judô e natação até agora não conseguiram ser.

Até agora, os pugilistas brasileiros fizeram nove lutas, vencendo sete delas. Dos sete homens que lutam no Rio-2016, cinco ainda têm chances de medalhas. No feminino, Adriana Araújo e Andreia Bandeira ainda vão estrear.

Robson, que é vice-líder do ranking mundial, vem de vitória na estreia contra Anvar Yunusov, do Tadjiquistão. A luta, na terça, durou só um round, com o rival desistindo no primeiro intervalo.

O rival desta sexta promete dar muito mais trabalho. Hurshid Tojibaev, do Usbequistão, é o dono do cinturão da AIBA Pro-Boxing. Já o baiano foi prata no Mundial de 2013 e bronze no ano passado e é bi do Campeonato Continental. Caso vença, garante ao menos o bronze, já que avança à semifinal, fase que premia com bronze os dois atletas derrotados.

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