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Planetário deixa o céu ao alcance das mãos das pessoas com deficiência

Planetário de Vitória vai dar início a sessões para pessoas com deficiência. A acessibilidade do conhecimento por meio do toque vai revelar o fantástico mundo da astronomia para muita gente

Visitantes poderão conhecer a astronomia por meio do toque no Planetário de Vitória Foto: Divulgação/Prefeitura

O terreno irregular das crateras da lua nas pontas dos dedos, a Ursa Maior na palma da mão, a textura do centro da Terra a apenas um toque e o céu ao alcance das mãos. Em Vitória, quem não pode enxergar o céu agora pode senti-lo.

Nesta segunda-feira (22), às 16 horas, o Planetário de Vitória vai dar início a sessões para pessoas com deficiência. A acessibilidade do conhecimento por meio do toque vai revelar o fantástico mundo da astronomia para muita gente.

Para o atendimento às pessoas com deficiência visual e baixa visão, a equipe do Planetário de Vitória e a professora especializada Rosane Corradi Tristão desenvolveram vários materiais didáticos exclusivos.

"Esses conteúdos precisaram ser adaptados para que cegos e deficientes visuais pudessem acompanhar a sessão junto de quem é vidente. O maior desafio foi adaptar as informações sobre astronomia que são projetadas no teto da cúpula e no teatro de sombras em objetos táteis, para que o conhecimento fosse acessível às pessoas com deficiência visual", contou a professora.

Desenho da América do Sul está em alto-relevo no mapa mundi Foto: Divulgação/Prefeitura

Inclusão

"A ideia é tornar a astronomia uma ciência acessível às pessoas com deficiência, desmistificando o conceito de que planetários são espaços voltados apenas a pessoas videntes. Para isso, vamos utilizar material adaptado, proporcionando maior assimilação do conteúdo por parte dos visitantes, facilitando a compreensão e a aprendizagem", disse o diretor do Planetário de Vitória, José Arlon Silva.

A secretária municipal de Educação, Adriana Sperandio, destacou o processo de inclusão que a ferramenta permite. "Aqueles que enxergam e os que não enxergam estarão na mesma sessão, com conteúdo acessível à necessidade apresentada. Uns descobrem os encantos da astronomia em cores, outros, de maneira tátil", afirmou.

Ela completou: "O objetivo do Planetário é popularizar a astronomia e a ciência. Portanto, já era tempo de proporcionar acessibilidade também de conteúdo e conhecimento para a sociedade, e não apenas de locomoção. Estamos todos muito orgulhosos com a entrega, pois estamos assegurando a todos a igualdade de condições para o acesso ao conhecimento científico sobre astronomia", disse.

Viagem

Da adaptação pedagógica dos capítulos 3 e 4 do livro "As Estrelas e o Telescópio", do escritor Monteiro Lobato, nasceu a projeção "Viagem ao Céu de Monteiro Lobato". Na estorinha, os personagens do Sítio do Picapau Amarelo fazem uma viagem que passa pela Lua, Sol, Marte, Saturno e pela Via-Láctea. No roteiro, também constam a utilização do telescópio, explicações sobre Galileu (inventor da luneta astronômica) e também sobre o volume, a superfície e a gravidade da Lua.

Materiais didáticos táteis fazem as pessoas com deficiência desvendar os mistérios da astronomia Foto: Divulgação/Prefeitura

Objetos táteis

Os participantes da sessão terão acesso a um livro tátil para pessoas com deficiência visual; um livro adaptado para pessoas com baixa visão (ambos inspirados na sessão "Viagem ao Céu"); dois painéis táteis em alto-relevo e em alto-contraste visual, explicando as fases da Lua; cinco placas em alto-relevo representando a evolução tectônica do planeta Terra; dois globos táteis, um com os continentes da Terra em alto-relevo e outro com o interior do planeta; uma caixa simulando o nascer e o pôr do Sol (dia e noite); um biombo onde o Teatro de Sombras é apresentado e a sessão de planetário “Viagem ao Céu”, que teve a sonorização adaptada a partir dos conceitos de áudio-descrição.

Teatro de sombras

Alto-contraste é especialmente importante para pessoas que possuem baixa visão. Dessa necessidade nasceu o teatro de sombras, realizado no decorrer da projeção com fantoches feitos de MDF, representando os personagens do Sítio do Picapau Amarelo, sendo executado por monitores que manipulam os personagens simultaneamente à narração da história, em áudio.

Esse teatro de sombras acontece em um biombo, com uma tela branca que permite, por meio de uma luminosidade, a visualização com efeito de sombra dos personagens da história. Os participantes podem se aproximar do biombo para obter melhor visualização da história, devido às formas e contrastes bem definidos que a luminosidade provoca sobre os personagens.

O Planetário de Vitória

O local recebe cerca de 30 mil visitantes por ano, um público formado, em sua maioria, por alunos de escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio de todo o Estado.

Para atender a esses visitantes a programação é variada e busca seguir as recomendações de estudo para cada ano/série escolar com conteúdos das sessões elaboradas especificamente para cada faixa etária.

As escolas podem agendar visitas e as sessões podem ocorrer às quartas, sextas-feiras e sábados. Para o público em geral as visitas podem ser feitas às sextas-feiras, às 19 horas, aos sábados e feriados, às 15h, 16h, 17h e 18 horas.

O Planetário fica no Campus de Goiabeiras da Ufes, em Vitória e o telefone para contato é (27) 4009 2489.

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