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Após morte de criança, equipe da TV Vitória também encontra medicamentos em terreno baldio na Serra

O fato aconteceu por volta das 15 horas, quando Fernando veio para o terreno brincar com mais seis crianças. Em um amontoado de entulhos, Fernando encontrou os medicamentos

A criança brincava neste terreno com entulhos quando achou o medicamento e ingeriu Foto: Reprodução/TV Vitória

A equipe da TV Vitória/Record voltou ao local onde o pequeno Fernando Santos brincava antes de morrer, após a ingestão de medicamentos. Os remédios foram encontrados pela criança, de apenas dois anos, jogados no terreno. Ele brincava na região com outras seis pessoas.

No terreno onde o medicamento foi encontrado, existem restos de eletrodomésticos até calçados. A equipe de reportagem da TV Vitória/Record também encontrou medicamentos, assim como as crianças. Embalagens vazias, algumas cheias com comprimidos dentro da data de validade e até comprimidos soltos no chão.

Uma mulher, que não quis ser identificada, afirma que os filhos costumam brincar no local, e já encontraram medicamentos e outros itens de uso hospitalar. “Essa não é a primeira vez que encontramos isso aqui. Mas nesse mesmo lugar a gente já encontrou outros remédios. Chegamos até a atear fogo na medicação. Achamos até uma seringa”, diz.

A família da criança que culpa o procedimento adotado por autoridades da Saúde pela morte de Fernando. O fato aconteceu no último domingo (27), quando ele e outras seis crianças brincavam no bairro Balneário Carapebus.

O fato aconteceu por volta das 15 horas. Em um amontoado de entulhos, Fernando encontrou uma sacola com medicamentos, pegou uma das embalagens e tomou algumas cápsulas.

A avó de Fernando, Nilza Oliveira, emocionada, desabafa: “A gente está muito chocado e triste. Era um neto que eu gostava muito”, diz.

Davi Santos Machado foi avisar a mãe do amigo, que imediatamente teria pedido ajuda. “Quando eu vi, ele já estava tomando o último”, relata.

De acordo com a família, logo após ingerir o medicamento, a criança aparentava estar bem, mas após algumas horas, as reações começaram a aparecer. “Começou a ter sonolência, ficar ‘molengo’, querendo dormir. Foi na hora que vimos que ele estava bem ruim”, conta o padrasto de Fernando, Edson Machado.

Fernando foi levado para o posto de Pronto Atendimento (PA) de Carapina, na Serra, mas morreu logo após dar entrada no local. A família afirma estar indignada e acredita que não recebeu a orientação correta do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

“Foi um erro grande. Como você tem uma criança de dois anos e meio que ingere um medicamento altamente perigoso e pedem para esperar uma hora? Por que não disse para levar ao médico para avaliar se havia a necessidade de tomar outro medicamento para cortar o efeito do remédio?”, se indigna o tio Cosme Jesus dos Santos.

“Muito errado. Deveria ser preciso mandar uma ambulância ou uma viatura e fizesse a coisa certa. Para ser mais rápido”, completa o padrasto da criança.

A equipe da TV Vitória/Record encontrou outros remédios no terreno baldio, na Serra Foto: Reprodução/TV Vitória

A família afirma não se conformar com a perda precoce. “Acho que o órgão competente tem que instruir bem as pessoas. A melhor forma de orientar essa situação seria encaminhar imediatamente ao hospital. A criança poderia estar viva neste momento”, completa o tio da criança.

Em nota, a Polícia Civil informou que o caso foi atendido pelo plantão da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e encaminhado para as investigações da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) da Serra.

Também em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) explicou que a coordenação do Centro de Intoxicação (Toxcen) acompanhou o caso desde o primeiro contato. Na primeira ligação, pelo relato da mãe, a Sesa diz que a criança não apresentava qualquer sintoma. A orientação foi a observação e novo contato caso algo mudasse.

No fim do dia, ainda segundo a Sesa, a mãe ligou e disse que o filho suava e estava sonolento. A mãe foi orientada a levá-lo ao serviço de saúde mais próximo. Depois da orientação, o Toxcen ainda acompanhou o caso com a unidade de saúde.

A prefeitura da Serra informou que o descarte de medicamentos deve ser feito em unidades de saúde do município que oferecem esse serviço. A nota afirmava que ainda nesta segunda-feira (28), uma equipe de fiscalização irá ao local para notificar o proprietário para limpar e cercar a área.

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