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Samarco pagará multa de R$ 300 mil por dia se não reduzir impactos da lama no Estado

A decisão é da da Justiça de Colatina, um dos municípios afetados pelo desastre. Além disso, diretor da mineradora pode ser preso caso determinações não sejam cumpridas

Lama de minério segue pela calha do Rio Doce e parte mais densa deve chegar ao Estado neste fim de semana Foto: ​TV Vitória

A Justiça de Colatina, no noroeste do Espírito Santo, acatou o pedido da Procuradoria Geral do Estado (PGE) e determinou que a mineradora Samarco deve cumprir uma série de determinações para minimizar os impactos gerados pela onda de lama em três municípios capixabas banhados pelo Rio Doce e que serão atingidos pelos resíduos de mineração das duas barragens rompidas em Mariana-MG, na semana passada. A previsão é que a parte mais concentrada dessa lama chegue ao Espírito Santo neste fim de semana.

Segundo a decisão do juiz Menandro Taufner Gomes, da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual, Registros Públicos e Meio Ambiente da Comarca de Colatina, caso a empresa não cumpra as determinações, estará sujeita a uma multa diária no valor de R$ 300 mil. Além disso, o não cumprimento das obrigações pode acarretar na prisão em flagrante do diretor da mineradora ou de quem o substitua na função, pelo crime de desobediência ou  prevaricação. 

A decisão prevê ainda que, em caso de descumprimento judicial, o Ministério Público seja oficiado para solicitar a dissolução judicial da pessoa jurídica da mineradora, por atividade nociva à sociedade. O juiz destaca ainda, em sua decisão, que a prisão em flagrante ou aplicação da multa não impedem que haja a indisponibilidade de bens da empresa para garantir o cumprimento da liminar.

A Justiça determinou que a Samarco forneça água potável, para consumo humano e animal, a partir do momento em que houver a suspensão oficial da captação da água nos três municípios capixabas atingidos pela lama de minério - Baixo Guandu, Colatina e Linhares - por conta da chegada dos resíduos; apresente, no prazo de 10 dias, um Plano de Contenção, Prevenção e Mitigação dos impactos ambientais e sociais derivados da impossibilidade da utilização da água do Rio Doce; realize imediatamente o resgate da fauna aquática do rio, por meio de equipe especializada; e elabore, em dez dias, um plano de comunicação social que permita informar continuamente, e de maneira atualizada, as circunstâncias e condições decorrentes do desastre.

Rodrigo Júdice afirmou que a mineradora deixou de cumprir algumas exigências feitas pelo Iema Foto: Divulgação/Governo

Na quarta-feira (11), o Governo do Estado anunciou que estava acionando a mineradora na Justiça por conta do não cumprimento de algumas exigências feitas pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema) à empresa para minimizar os danos provocados pela chegada da lama ao Estado. Na ocasião, o secretário estadual do Meio Ambiente, Rodrigo Júdice, disse que a Samarco ainda não havia apresentado um plano de fornecimento de água potável à população atingida pelos rejeitos de mineração, além de um plano de monitoramento dos danos à fauna e à flora provocados pelos resíduos.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Samarco confirmou que a mineradora já recebeu a decisão da Justiça e informou que a empresa está mobilizada para providenciar o atendimento às necessidades do município e de seus moradores.

Ibama

Em visita a cidades atingidas pelo desastre provocado pelo rompimento das barragens da Samarco em Mariana - entre elas Colatina -, nesta quinta-feira (12), a presidente da República, Dilma Rousseff, anunciou que o Ibama vai aplicar uma multa preliminar de R$ 250 milhões à Samarco, por conta de uma série de infrações à legislação ambiental federal.

A multa à mineradora, segundo a presidente, será por poluição dos rios, tornar área imprópria à ocupação humana, interrupção no fornecimento de água a cidades, lançamento de resíduos em rios e lançamento de efluentes danosos a biodiversidade.

Presidente Dilma sobrevoou alguns municípios atingidos pela onda de lama que polui o Rio Doce Foto: Divulgação

Dilma disse ainda que solicitará à Samarco implementação de adutoras de engate rápido para ligar rios da região a Governador Valadares, em Minas Gerais. A Defesa Civil estima um custo de R$ 15 milhões para essas obras.

Dilma Rousseff afirmou também que a empresa ainda pode ser contemplada com vários tipos de multa, o que pode elevar esse valor de R$ 250 milhões. Ainda segundo a presidente, os Estados afetados, Minas Gerais e Espírito Santo, e os municípios também podem aplicar outras punições, dependendo da legislação vigente.

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