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Grupo apresenta espetáculo para discutir questões que afetam às mulheres em Vitória

A peça não utiliza um espaço único de apresentação, cenas são realizadas em espaços público e privados, em um trajeto pelas ruas da Cidade Alta, onde o público é levado a fazer escolhas

Quatro mulheres, em 1930 e em 2016 caminham pela cidade para reconstruir o desaparecimento de uma delas Foto: Luara Monteiro

Na semana que marca 43 anos da morte da pequena Araceli Cabrera Crespo e num momento histórico em que o Brasil discute de modo intenso questões ligadas aos direitos e participação política das mulheres, o grupo capixaba Confraria de Teatro estreia o espetáculo "Todas as Ruas Têm Nome de Homem". O segundo trabalho do Grupo, composto de quatro atrizes, foi contemplado pelo Edital de Cultura 012, Setorial Artes Cênicas, da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), em 2015. A estreia acontecerá no próximo sábado (21) e seguirá em cartaz até o dia 24 de julho, sempre às sextas-feiras, sábados e domingos, em Vitória.

Os espectadores de Vitória terão a oportunidade de vivenciar um espetáculo bastante diferente. A peça não utiliza um espaço único de apresentação, cenas são realizadas em espaços público e privados, em um trajeto pelas ruas da Cidade Alta, onde o público é levado a fazer escolhas, caminhar e conhecer as histórias de mulheres que vivem em tempos diferentes, em 1930 e 2016, numa verdadeira espiral de comportamentos, sonhos, desejos e questões emergenciais nas discussões de gênero na contemporaneidade.

Refletir sobre a condição da mulher na cidade se tornou ponto de partida para pesquisa das atrizes, após o lançamento dos dados do Mapa da Violência, em 2014, que apontava o Espírito Santo como um dos mais perigosos para mulher, com uma taxa altíssima de feminicídios. Foi a partir desse confronto com dados da vida real que o espetáculo criado se engaja na discussão cada vez mais crescente sobre ser mulher na sociedade, machismo e violência.  

O espetáculo foi criado a partir de várias provocações de toda a equipe envolvida. Como parte da pesquisa os artistas visitaram espaços como o Presídio Feminino de Bubu, em Cariacica e o Asilo dos Velhos, em Vitória, onde puderam conhecer histórias reais de mulheres que passaram por situações de vida diferentes. Além disso, o grupo abriu uma roda de conversa com artistas, ativistas e pesquisadoras locais para debater temas como violência urbana, segurança e cidade para as mulheres.

Para integrar a equipe de criação foram convidados dois artistas goianos radicados em São Paulo e que desenvolvem pesquisas que investigam as relações artísticas com o espaço urbano. O Diretor Francis Wilker, do grupo brasiliense Teatro do Concreto, que é Mestre em Artes pela (ECA-USP) e atualmente desenvolve pesquisa de doutorado sobre encenação no espaço urbano sob a orientação do professor e diretor do grupo paulista Teatro da Vertigem, Antônio Araújo, com quem colabora em algumas ações e projetos. Já a Dramaturgia é assinada por João Dias Turchi, mestrando em Artes na (ECA-USP) com pesquisa que investiga relações entre cidade, performance e dramaturgia. Ele é um dos autores do livro Histórias para serem lidas em voz alta, junto com Gustavo Colombini, vencedores do prêmio ProAC de Criação Literária: Prosa, em 2014. O dramaturgo atua ainda como consultor de projetos culturais do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP).

É desse encontro de artistas motivados pela temática do feminino na pólis que nasce Todas as ruas têm nome de homem. Um espetáculo envolvente que convida atrizes e espectadores a estabelecerem novas relações com o tecido vivo e pulsante da cidade e com seus modos de pensar o que é ser mulher e seus espaços na vida social. A peça se coloca ainda como um modo da Confraria de Teatro ampliar o seu diálogo e expressar o seu afeto pela sua terra, contribuindo também com os processos e movimentos de revitalização do centro histórico de Vitória. Os ingressos são limitados a até 30 espectadores por apresentação. Por isso, é necessário fazer reservas no telefone (27) 9.9965-5195.

Sinopse

Quatro mulheres, em 1930 e em 2016 caminham pela cidade para reconstruir o desaparecimento de uma delas. Algumas coisas permanecem, mas sempre há rua para ser ocupada.

Mais informações:

Histórico do grupo:

A Confraria de Teatro é formada pelas atrizes Luana Eva, Luciene Camargo, Ludmila Porto e Thiara Pagani. Em 2012 iniciaram uma pesquisa em teatro intimista, com foco em novos espaços de encenação e produção coletiva. 

Em 2013 foram contempladas no Edital de Residência Artística da Secretaria Estadual de Cultura para o primeiro espetáculo Mesas falam e se movem, que estreou em março de 2014 e cumpriu uma agenda de três meses em cartaz, no Museu Capixaba do Negro, em Vitória –ES.   Neste mesmo ano o grupo foi contemplado com o edital de Circulação de Espetáculos de Teatro, também pela Secretaria Estadual de Cultura e realizou uma turnê por seis cidades do interior Espírito Santo entre o final de 2014 e início de 2015.  

Mesas falam e se movem ainda participou da programação do Sesc Aldeia, Ilha do Mel e da 10ª Edição do Festival Nacional de Teatro da Cidade de Vitória.

Ficha Técnica:

Criação: Confraria de Teatro
Elenco: Luana Eva, Luciene Camargo, Ludmila Porto e Thiara Pagani
Direção: Francis Wilker
Texto: João Dias Turchi 
Preparação corporal: Gracielle Monteiro
Assistentes de cena: Juane Vaillant e Aidê Malanquini
Design gráfico: Eduardo Moraes
Fotógrafia: Luara Monteiro
Iluminação: Thila Paixão e Julio César

Serviço:
"Todas as ruas têm nome de homem"
De 21 de maio a 24 de julho
Sexta-feira - 20h | Sábado e domingo - 19h30
R$ 20,00 - inteira | R$ 10,00 – meia
Reservas: (27) 9.9965-5195 ou facebook.com/confrariadeteatro

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