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Especialista esclarece riscos e benefícios da maternidade após os 40 anos

Henrique Zacarias

Apesar de ainda ser considerada um tabu, a gravidez após os 40 anos tem aumentado entre as brasileiras nos últimos anos. A busca por estabilidade financeira, dedicação aos estudos, procura por um bom lugar no mercado de trabalho, ou até mesmo falta de um relacionamento estável, são um dos fatores que fazem com que as mulheres adiem o sonho da maternidade.

A gravidez após os 40 pode ter alguns riscos  Foto: Divulgação 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de mulheres que se tornaram mães após os 40 anos subiu 49,5% em 20 anos, passando de 51.603, em 1995, para 77.138 em 2015. Segundo as estatísticas, 72.290 tinham entre 40 e 44 anos e outras 4.475 estavam na faixa etária dos 45 aos 49. Outras 373 tiveram filho após o 50, entre elas, 21 já eram sexagenárias quando deram à luz. 

Em qualquer idade, a gravidez pode apresentar complicações, mas após essa idade, os cuidados devem ser ainda maiores. O primeiro obstáculo é conseguir engravidar, já que a reserva de óvulos diminui. O segundo, é manter a gestação, já que os óvulos mais velhos podem desenvolver problemas, aumentando o risco de complicações durante os nove meses. 

O jornal online Folha Vitória conversou com o presidente da Associação de Ginecologia do Espírito Santo, Henrique Zacarias, para tirar duvidas sobre a gravidez após os 40 anos. Para ele, a tendência do mundo moderno é essa: mulheres engravidando cada vez mais tarde para se dedicarem ao trabalho e aos estudos. Confira a entrevista!

Folha Vitória: Porque a gravidez após os 40 anos é considerada de risco? 
Henrique Zacarias: Aos 40 anos, o óvulo da mulher já está velho, pois é o mesmo desde que ela nasceu. Então, com isso, a possibilidade de dar um problema qualquer é maior do que em uma pessoa mais jovem, de 20, 25 anos, por exemplo. Não é um absurdo, mas os riscos são bem maiores do que em casos de mulheres mais novas.

FV: Quais os riscos para o bebê e para a mãe? 
HZ: Quanto mais velho a gente fica, mais doenças teremos, isso é natural. Pressão alta, diabetes e uma série de outras doenças que com o passar dos anos acumulam na nossa vida e quase sempre complicam a gravidez quando a mulher é mais velha. Os riscos para o bebê é o desenvolvimento de algumas doenças, como a Síndrome de Down, por exemplo e anomalias. 

FV: Quais cuidados devem ser tomados?
HZ: São cuidados básicos mesmo que qualquer gestante deve tomar após a descoberta da gravidez. Um bom pré-natal, uma consulta periconcepcional, para identificar riscos e doenças antes da gravidez, e os exames de rotina, como a ultrassom. As mulheres que já apresentam algum tipo de doença devem ter uma atenção maior para todo esse acompanhamento. 

FV: Existe uma idade ideal para engravidar?
HZ: O ideal é ter filhos até os 35 anos. Depois dessa idade o número de ovulação cai e se torna mais difícil engravidar, além dos riscos aumentarem também, tanto para a mãe quanto para o bebê. 

FV: Por que mulheres que engravidam após essa idade devem tomar ácido fólico? 
HZ: O ácido fólico é importante para qualquer mulher que tenha vontade de engravidar. Mas para as mulheres mais velhas é ainda mais recomendado. Ele atua como um nutriente para ajudar a prevenir alguns defeitos congênitos, principalmente os do tubo neural. Por isso, é recomendado começar a fazer o uso algumas meses antes da gestação. 

FAMOSOS
No mundo dos famosos, a gravidez após os 40 já é tendência há tempos. O exemplo mais recente é o da apresentadora Eliana que, aos 43 anos, anunciou a gravidez de seu segundo filho. A atriz Karina Bacchi, de de 40 anos, espera seu primeiro filho. A diferença é que ela passou por um procedimento de fertilização in vitro, já que, devido a um problema de saúde, não poderia mais engravidar pelas vias normais. Em julho de 2016, Antônia Fontenelle também deu à luz seu segundo filho, Salvatore, aos 42 anos. Além dessas, outras personalidades internacionais como Mariah Carey, Julia Roberts, Nicole Kidman e Madonna se aventuraram na maternidade após os 40. 

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