Polícia

Coronel Ferreira se diz surpreso com condenação em morte de juiz e diz que vai recorrer

O ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calú, foi absolvido de todas as acusações. Já o coronel da reserva da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira, foi condenado a 23 anos

Ferreira foi condenado a 19 anos pela morte do juiz e quatro anos por formação de quadrilha Foto: TV Vitória

Após mais de 90 horas e sete dias de trabalho, o júri popular de dois dos três acusados pelo Ministério Público Estadual (MPES) de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, chegou ao fim neste domingo (30), no Cineteatro da Universidade Vila Velha (UVV).  

O empresário e ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calú, foi absolvido de todas as acusações. Já o coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira foi condenado a 23 anos de reclusão em regime inicialmente fechado. Ele pode recorrer em liberdade.

Absolvido, Calú se emocionou e afirmou que agora pretende descansar. “Você reverter 12 anos em sete dias é muito difícil. Não estou feliz por completo. A Justiça não foi totalmente feita. Esse crime nós não cometemos, mas Deus sabe de todas as coisas. O Estado sabe a responsabilidade que tem comigo por tudo que sofri nesses anos”, afirmou.

Diferente de Calú, Ferreira foi condenado a 19 anos pela morte do juiz e quatro anos por formação de quadrilha. O condenado se disse surpreso com a sentença. “É um resultado triste para mim. Mas estou saindo de cabeça erguida. Continuou afirmando: não mandei matar o juiz Alexandre, mas os jurados decidiram”, disse. 

O policial aposentado afirmou que vai recorrer da condenação. “Eu vou recorrer em liberdade. Vou até Brasília para recorrer. Com certeza nós vamos ganhar”, declarou. 

O julgamento foi um dos mais longos da história do Espírito Santo. Além da acusação de crime de mando, os réus foram acusados pelo Ministério Público Estadual por formação de quadrilha com alguns agravantes, sendo eles: homicídio por motivo torpe ou mediante paga, sem possibilidade de defesa e para encobrir outros crimes investigados pela vítima.

O Conselho de Sentença (jurados, juiz, promotoria e defesa) se reuniu por mais de duas horas e chegou à conclusão de que o réu coronel Ferreira é culpado dos crimes de mandar assassinar o juiz Alexandre Martins de Castro Filho e também de fazer parte de uma quadrilha criminosa no Espírito Santo. 
Durante todo o júri, defesa e acusação travaram um embate em torno da motivação do crime. Os advogados dos réus sustentaram a tese de latrocínio, enquanto o MPES defendeu que Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado por encomenda. 

Ao todo foram onze testemunhas ouvidas, sendo duas de acusação e nove de defesa. As partes envolvidas no processo se empenharam para desqualificar o testemunho das pessoas arroladas e apresentavam elementos dentro do processo para tanto.  No final, o Conselho considerou que a tese da defesa de Calu era válida e o absolveu das acusações. Contudo, assim como a condenação do coronel Ferreira, nesta decisão também cabe recurso. 

Lembre 
O juiz Alexandre Martins de Castro Filho foi morto a tiros em 2003, em frente à academia que frequentava em Itapoã. Os executores e os intermediários do crime já foram condenados. Ao todo, sete pessoas cumprem pena pela morte do juiz.  O magistrado era juiz adjunto da 5ª Vara Criminal de Vitória e atuava também na Central de Inquéritos. Alexandre Martins fazia parte de um grupo especial que combatia o crime organizado na década passada.  

Confira as testemunhas que participaram do Júri Popular:

Defesa de Calu: Mauro Juarez Nadvorny, André Luiz Cunha Pereira, Odessi Martins da Silva Junior, Giliarde Ferreira e Antônio Franklin Cunha.

Defesa de Coronel Ferreira: Neucimar Ferreira Fraga, Júlio Cesar Lugato, Carlos Augusto de Oliveira Ribeiro e Luiz Sérgio Aurich.
Ministério Público: Carlos Eduardo Ribeiro Lemos e Danilo Bahiense.

Pontos moeda