Polícia

Motociclista que atropelou e matou menino em Cariacica diz que fugiu para não ser linchado

Weder Ferreira se apresentou à polícia e disse que ainda tentou ajudar Felipe de Souza, mas foi ameaçado por populares. Ele dirigia a moto de um amigo e está com a carteira cassada

Felipe morreu após ser atropelado no último sábado Foto: Reprodução

O condutor da motocicleta que atropelou e matou o menino Felipe Costa de Souza, de 10 anos, no último sábado (1º), em Nova Rosa da Penha II, Cariacica, alegou que fugiu sem prestar socorro porque teve medo de ser linchado por pessoas que presenciaram o acidente. O ajudante de caminhoneiro, Weder dos Santos Ferreira, de 27 anos, se apresentou à polícia na manhã desta terça-feira (04) e disse que tentou ajudar o menino, mas foi ameaçado pelos populares.

De acordo com a polícia, o rapaz, que também é morador de Nova Rosa da Penha II,  estava dirigindo a 40 km/h, velocidade permitida para o trecho onde ocorreu o atropelamento. Ele disse que voltava da casa da namorada e estava com a moto de um amigo.

No entanto, o delegado Alberto Roque Peres, da Delegacia de Delitos de Trânsito, ressaltou que o motociclista dirigia com a carteira de habilitação cassada. Weder teria recebido uma multa enquanto ainda estava apenas com a permissão para dirigir.

"A pessoa que emprestou a moto para ele também vai responder por um crime, que é emprestar veículo a pessoa não habilitada ou com habilitação cassada. E o Weder, além do homicídio culposo no trânsito, também vai responder por dirigir um veículo com habilitação cassada", explicou.

Imagens de videomonitoramento registraram o momento logo após o atropelamento, na noite de sábado Foto: Reprodução

Imagens de uma câmera de segurança da Prefeitura de Cariacica registrou o momento logo após o acidente. O vídeo mostra Felipe já caído no meio da rua. Alguns metros à frente, Weder manobra para voltar até o local do acidente. 

Dois dias depois da morte da criança, o rapaz se apresentou espontaneamente à polícia. O ajudante de caminhoneiro chegou à Delegacia de Delitos de Trânsito por volta das 9 horas, acompanhado de uma advogada. Ainda sem saber que o delegado já tinha as imagens de videomonitoramento do acidente, Weber apresentou sua versão. 

Em depoimento, ele afirmou que não viu a criança atravessando a rua e, quando notou o atropelamento, voltou para tentar prestar socorro. No entanto, não conseguiu porque populares que se aglomeraram na rua teriam ameaçado agredi-lo.

O rapaz ainda apresentou à polícia a muda de roupa que usava no dia do atropelamento. Weder também entregou na delegacia a moto do amigo, que ele usava no fim de semana.

Liberdade

Alberto Roque Peres disse que Weber responderá em liberdade por homicídio culposo e dirigir sem CNH Foto: TV Vitória

O ajudante de caminhoneiro é pai de dois filhos e nunca teve passagens pela polícia. De acordo com o delegado, ele responderá ao processo em liberdade. 

"O flagrante já passou, ou seja, o fato aconteceu no sábado e ele se apresentou agora, na terça-feira, quando nós já tínhamos todas as informações sobre o fato. Apesar de ele estar com a habilitação cassada, por questões administrativas, ele não tem nenhuma passagem criminal. Portanto ele é réu primário e vai responder ao processo em liberdade", frisou Alberto Roque Peres.

Além de Weder, a polícia já ouviu familiares da vítima, que presenciaram o acidente. Outras testemunhas devem comparecer à delegacia nos próximos dias, inclusive o motorista de um carro preto que aparece nas imagens de videomonitoramento. Segundo a polícia, foi ele quem prestou socorro à criança. 

O laudo que vai determinar a causa da morte de Felipe ainda não foi concluído. Segundo o delegado, a família do menino está inconformada com a situação.

"O pai do Felipe esteve na delegacia hoje também e ainda está muito abalado. A gente entende o lado dele, com certeza. Somente quem teve um filho e perdeu sabe o que ele está passando. Só que a gente pede para que ele tenha consciência, já que ele tem outros filhos, e qualquer ato dele impensado, neste momento, vai causar uma tragédia e um transtorno ainda maior para essa família, que já está passando por esse momento difícil", salientou Roque Peres.

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