Polícia

"Pornografia da Vingança": divulgação de imagens íntimas mais que dobra no ES

Segundo a Sesp, em 2013 foram registradas 101 notificações da chamada "pornografia de vingança", contra 224 até novembro de 2014. Mulheres são as principais vítimas

Estudante conta que deixou namorado registrar momentos íntimos do casal e vídeo acabou vazando no WhatsApp Foto: TV Vitória

O número de casos da chamada "pornografia de vingança", quando o homem se vinga da ex-companheira divulgando vídeos ou fotos íntimas na internet, mais que dobraram no Espírito Santo em menos de um ano. A informação é da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

Segundo a secretaria, em 2013 foram registradas no Estado 101 notificações de pornografia de vingança, contra 224 até novembro de 2014. As mulheres são as que lideram as queixas, com 81% dos casos. 

Uma das vítimas foi uma estudante de Direito, de 20 anos, que namorou um instalador de câmeras de segurança por seis meses. Ela conta que a confiança no ex-companheiro era tanta que a jovem permitiu que ele gravasse, no celular, momentos íntimos do casal.

No entanto, três dias depois a universitária decidiu dar um ponto final à relação, mas o namorado não aceitou. De acordo com a jovem, o instalador de câmeras, revoltado com o fim do relacionamento, resolveu divulgar, a um grupo do WhatsApp, as imagens que ele disse à namorada ter apagado.

Mãe de um menino de 1 ano e 10 meses, a futura advogada conta que denunciou o caso à polícia. "Conversei com ele e mostrei o boletim de ocorrência. Entramos em um consenso para não prejudicar nenhum dos dois e ficou por isso mesmo. Eu saí do grupo, para evitar confrontos ou qualquer gracinha, e também cortei as amizades", lembra a jovem.

O advogado Állex William Bello Lino ressalta que, nos chamados casos de "pornografia de vingança", denunciar à polícia não basta. "Por se tratar de um crime contra a honra, ele só se procede perante a Justiça através de uma queixa crime, que é uma peça privativa de advogado. Mas o registro dessa ocorrência é importantíssimo para que a polícia possa trazer a autoria desse fato, para que posteriormente um advogado possa propor essa queixa crime à Justiça", destacou.

Lino ressalta ainda que o artigo 139 do Código Penal Brasileiro trata dos crimes contra a honra. Nesse caso, quando a culpa é comprovada, o acusado é processado por injúria ou difamação. "O crime de difamação tem a pena de três meses a um ano de detenção. Isso vai ser processado perante um juizado especial criminal e certamente a pena será substituída por uma pena alternativa", disse o advogado.

Casos

Bárbara Richardele teve fotos íntimas vazadas pelo ex Foto: Divulgação

Em março de 2014, um caso de vazamento de fotos sensuais terminou de forma trágica no Espírito Santo. Cristian Cunha, de 19 anos, confessou ter matado a ex-namorada, Bárbara Richardele, de 18 anos. Depois de ficar um dia desaparecida, ela teve o corpo encontrado na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha. 

Segundo a polícia, Cristian e Bárbara namoraram durante um ano e dois meses e terminaram por conta da divulgação de fotos íntimas da jovem. O assassinato aconteceu na obra onde Cristian trabalhava, na Praia da Costa, em Vila Velha. O acusado teria usado uma escavadeira para matar a namorada. 

Já em maio do ano passado, outro caso repercutiu no Estado. O ex-marido de uma jovem de 19 anos foi acusado de postar vídeos íntimos dela na internet. A vítima contou à polícia sofrer ameaças e já ter sido agredida pelo suspeito. Segundo ela, o ex-marido também não aceitava o fim do relacionamento.

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