Polícia

Ex-comandante da Polícia Militar do Espírito Santo é denunciado por venda ilegal de munições

Denúncia foi apresentada à Justiça pelo Ministério Público Estadual, em dezembro do ano passado. Outro réu do precesso é o ex-soldado da PM Frank Silva Grazziotti

Coronel Ronalt Willian foi denunciado pelo MPES por vender munições de maneira ilegal Foto: TV Vitória

O ex-comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo, coronel Ronalt Willian de Oliveira, foi denunciado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) por suspeita de envolvimento com comércio ilegal de munições. Segundo a ação movida pelo órgão, o crime teria ocorrido entre os meses de janeiro e fevereiro de 2008, quando o então tenente-coronel Ronalt Willian ainda era comandante do 7º Batalhão da PM, em Cariacica.

Também foi denunciado pelo MPES o ex-soldado da PM Frank Silva Grazziotti. Segundo as investigações, ele teria "como principal atividade ilícita a comercialização de munições calibres 22, 32 e 38.

A Ação Penal contra os militares foi encaminhada à 3ª Vara Criminal de Cariacica, em dezembro do ano passado, e teve como base inquérito policial concluído em 2013. De acordo com o inquérito, os dois policiais, "agindo de comum acordo e em comunhão de vontades, comercializavam ilegalmente munições, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar".

Segundo as investigações, o ex-comandante da PM pediu a um policial do 7º Batalhão, que na época exercia a função de motorista, que o indicasse alguém interessado em adquirir munições calibres 22 e 38. O policial então teria indicado Grazziotti para o coronel, considerando que ele teria facilidade em comercializar munições para policiais militares.

De acordo com o inquérito policial, durante a Operação Dom Pedro II, realizada em outubro de 2010 pelo Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas (Nuroc), o soldado Grazziotti foi flagrado, em escuta telefônica, conversando com um traficante durante o mês de janeiro de 2008. A operação do Nuroc em questão visava combater uma quadrilha que atuava no tráfico de drogas na região da Ilha do Príncipe, em Vitória.

Ainda de acordo com a denúncia, Frank Grazziotti foi flagrado mais uma vez, durante escuta telefônica realizada no dia 15 de fevereiro de 2008, conversando com Ronalt Willian. Durante a conversa, o ex-comandante da PM teria perguntado a Grazziotti quantas caixas de munições calibre 22 ele teria à disposição. 

Ao ouvir que o soldado possuía quatro, o coronel teria dito que conhecia uma pessoa que estaria interessada em comprar o material. Na mesma conversa, Grazziotti diz ainda que tinha uma quantia de dinheiro para entregar a Ronalt Willian e que já teria o procurado duas vezes, mas não havia o localizado.

Os dois policiais poderão responder pelo crime de comércio ilegal de armas. Caso sejam condenados, estarão sujeitos a uma pena de quatro a oito anos de reclusão, além de multa.

A reportagem do Folha Vitória entrou em contato com o coronel Ronalt Willian, que afirmou que as munições citadas na denúncia eram de sua propriedade. Ele alegou ainda que pretendia vender as munições para policiais, para que eles pudessem praticar tiro.

O ex-comandante da PM afirmou também que não sabia que o soldado Frank Silva Grazziotti mantinha contato com traficantes e que o contato inicial com o ex-soldado foi feito por intermédio de outro policial militar. Ronalt Willian disse ainda que está à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento sobre o caso.

Já a Polícia Militar informou, por meio de nota, que o coronel Ronalt Willian de Oliveira foi transferido para a reserva remunerada a contar do dia 12 de novembro de 2013. Segundo a PMES, todas as medidas administrativas e disciplinares foram adotadas na ocasião pela Corporação. A Polícia Militar ressaltou ainda que o Ministério Público apura a responsabilidade em âmbito criminal e que o caso segue na esfera judiciária.

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