Polícia

Confusão entre policiais militares e cinegrafista acaba em delegacia de Vila Velha

Ao gravar as cenas do acidente com um celular, o cinegrafista conta que foi abordado por um subtenente, que teria pedido para não gravar nada sobre a batida

Os policiais, o cinegrafista e a jovem foram para a delegacia Foto: ​Divulgação

Uma confusão envolvendo policiais militares e um cinegrafista, que atua em uma emissora do Espírito Santo, acabou na Delegacia Regional neste domingo (27).

De acordo com informações do cinegrafista, que preferiu não ser identificado, ele passava por uma rua em frente a um hospital particular de Vila Velha, no bairro Divino Espírito Santo, quando se deparou com um acidente.

A batida foi entre uma moto da Polícia Militar e um carro. Ao gravar as cenas do acidente com um celular, o cinegrafista conta que foi abordado por um subtenente, que teria pedido para não gravar nada sobre a batida.

“Peguei o celular com meu crachá e comecei a filmar. O soldado pediu para me afastar, me afastei. O subtenente se encheu de razão e veio para cima de mim, falou que eu não poderia estar filmando. Totalmente descontrolado e nervoso, me empurrou e falou que eu não poderia estar filmando aquilo dali e que não era para filmar. Aí falei: ‘olha, sou da imprensa, tenho direito de filmar, estou filmando de longe e não estou filmando rosto de ninguém’. Ele faltou com o respeito comigo e falou que ia me prender”, conta.

Depois de ser abordado pelo subtenente, o cinegrafista conta que um soldado apareceu e deletou todas as imagens e vídeos do celular.

“Nesse momento veio um soldado, pegou o telefone da minha mão, onde estavam as imagens que fiz do acidente, e apagou. Aí falei: ‘olha, você não pode fazer isso comigo. De forma alguma você pode fazer isso comigo’. Ele foi, apagou minhas imagens e devolveu o celular”, explica.

Indignado com a situação, o cinegrafista cobra pelos direitos:

“Como que posso perder o direito de fazer imagem, sendo que sou um profissional de imprensa? Como que eles podem tirar esse meu direito? Não dava para identificar ninguém, estava filmando de longe, obedeci uma ordem legal que eles deram e comecei a filmar de longe. E eles me proibiram de fazer uma imagem. Acho que a liberdade de imprensa foi totalmente jogada por terra”.

Constrangimento

Em entrevista ao jornal online Folha Vitória, uma jovem, que passava pelo local do acidente, conta que reconheceu o amigo e saiu do carro para ver se ele estava bem. 

“Estava voltando do almoço e vi um conhecido meu no acidente. Não sabia se era com ele e saí do carro para ver. De início, estava só observando o acidente e depois vi os policiais se alterando com um conhecido meu, o cinegrafista, a ponto de pegar o celular dele e empurrar”, diz a jovem que também não quis ser identificada.

Ao ver a situação, a jovem explica que pegou o celular e começou a filmar. Entretanto, ela foi interrompida pelo subtenente da Polícia Militar.

“Pegaram o celular dele, apagaram as imagens e, nesse momento, peguei meu celular e comecei a filmar. Quando veio o subtenente, ele pegou o celular da minha mão à força e jogou no chão. A tela ficou quebrada. Ele pegou o celular do chão, entrou na viatura e disse para buscar o celular no DPJ. Foi um constrangimento”, relata.

Quando chegou à delegacia, a jovem conta que foi surpreendida pelo subtenente, que registrou um boletim de ocorrência contra ela. Além disso, ela revela que foi fotografada e filmada por outro policial militar dentro da delegacia.

“Cheguei no DPJ e ele registrou um BO contra mim. Pedi para registrar um BO contra ele, mas não deixaram. Um outro policial começou a tirar foto e me filmar. Fiquei com medo na hora, né?! O que ele vai fazer com minha foto? Depois fui na corregedoria e registrei um boletim de ocorrência”, diz.

Por meio de nota, a Polícia Militar explicou o ocorrido:

"Na tarde de hoje (27), um policial militar de serviço se envolveu em um acidente de trânsito no bairro Divino Espírito Santo, em Vila Velha. Durante o socorro do militar, curiosos se aglomeraram no local.  Estes foram orientados pelo comando do policiamento da unidade (CPU) a se afastar para que o socorro fosse realizado. Supostos cinegrafistas não acataram as orientações dos policiais e iniciou-se assim uma discussão no local. O CPU então orientou as pessoas que se sentiram constrangidas com a orientação policial que procurassem a Corregedoria e a Delegacia Regional de Vila Velha. É importante ressaltar que em nenhum momento foi proibido que se fizessem imagens no local".

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