Polícia

Denúncia de falta de agentes para acompanhar detentos na saída de presídios do Estado

Segundo o servidor, muitas vezes um profissional precisa acompanhar vários presos por vez. Ele acredita que a família do detento que fugiu neste domingo pode ter ajudado na fuga

Agente, que preferiu não se identificar, disse que faltam profissionais para acompanhar os detentos fora da prisão Foto: TV Vitória

A fuga de um detento do sistema penitenciário do Espírito Santo, que teria armado uma emboscada contra um agente na noite do último domingo (24), após ser internado em um hospital particular de Vila Velha, não é surpresa para servidores que atuam nessa área. Quem garante é um agente penitenciário que também trabalha no transporte de presos e preferiu não se identificar. 

Segundo ele, o sistema é precário e faltam profissionais para acompanhar os detentos durante a saída deles dos presídios. "Devido ao fato de alguns contratos estarem terminando e por não estar sendo feita a reposição, estamos ficando sem pessoal. Às vezes, quando os presos são internados, chega a ter cinco presos para dois agentes ou dois presos e um agente", afirmou.

O profissional afirma que as autoridades capixabas sabem do problema, inclusive de gestões anteriores, mas ainda assim nenhuma providência é tomada. "A Secretaria [Estadual de Justiça] tem conhecimento, um secretário que estava tinha conhecimento, esse novo secretário que assumiu também tem conhecimento disso aí. Todos sabem que isso poderia acontecer", garantiu.

Sobre a fuga ocorrida na noite de domingo, o servidor afirma que a família do detento pode ter colaborado com informações. "Nós temos a informação de que a família dele, a irmã dele, tinha ido lá visitá-lo e ficou sabendo que só tinha um inspetor penitenciário fazendo a escolta dele, e que esse inspetor estava desarmado. Então, provavelmente, segundo informações, algum familiar passou a informação para os comparsas dele, que foram lá e o resgataram".

Georges Boueri conseguiu fugir de um hospital, em Vila Velha, e continua foragido Foto: Divulgação

Na Grande Vitória, os detentos, quando precisam de atendimento médico, são levados para hospitais como o Antônio Bezerra de Farias, em Vila Velha, e o São Lucas, em Vitória. Quem frequenta essas unidades de saúde diz não se sentir seguro diante dos criminosos. "Dá um certo receio sim, porque, querendo ou não, é um preso. Tinha que ter um hospital só para eles serem atendidos", afirmou o paciente Peterson dos Reis.

No entanto, a advogada Vanessa Figueiredo explicou que os detentos têm os mesmo direitos de quem não está preso e podem sim frequentar as mesmas unidades de saúde. Segundo ela, o jeito é melhorar a segurança no transporte dos presos.

"A saúde é um direito fundamental. Então não pode haver nenhuma discriminação com relação aos presos, a um criminoso. Mesmo porque, para isso, existem os direitos humanos. Mas tem também a questão que envolve a segurança dos outros pacientes. Então, com relação a isso, tem que haver um acompanhamento policial, para resguardar a segurança desses pacientes que estão ali sendo atendidos juntos com o preso", ressaltou.

Os agentes, no entanto, afirmam que é difícil garantir a segurança da população, nesses casos, já que até a segurança dos próprios profissionais não é assegurada. "Não sabemos o que vai acontecer com a gente. Se fosse só levar o preso, tudo bem. O negócio é se acontecer alguma coisa com a nossa vida", disse o agente.

A equipe de reportagem da TV Vitória/Record pediu um posicionamento da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) sobre a situação relatada pelo agente penitenciário, mas, até o fechamento da reportagem, não havia se manifestado.

Quanto ao detento que fugiu do hospital neste domingo, Georges Boueri Neto, de 21 anos, a Sejus informou que ele continua foragido e que está sendo procurado pela Polícia Militar. Quem tiver informações sobre o paradeiro dele pode entrar em contato com o disque-denúncia, pelo telefone 181.

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