Polícia

Quinze mulheres pedem medida protetiva por dia no Estado, diz juíza

Somente em 2015 foram abertos mais de nove mil inquéritos referentes a solicitação de medidas protetivas. Além disso, o número de registros de agressões as mulheres caiu

O número de registros de agressões a mulher caiu Foto: TV Vitória

Cerca de 15 mulheres solicitam medida protetiva contra companheiros todos os dias no Espírito Santo. Segundo dados do Tribunal de Justiça, somente em 2015 foram abertos mais de nove mil inquéritos referentes a solicitação de medidas protetivas.

“Só na minha vara, que eu sou titular da 9ª, dá uma média de 10 a 15 medidas protetivas por dia. Quando a mulher representa o agressor e busca uma medida protetiva, é uma proteção a vida dela. Então, o juiz dá a distância de contato da vítima com o agressor e, na maioria das vezes, tira o agressor de casa, além de outras determinações”, explicou a juíza Hermínia Azoury.

Por consequência desse encorajamento feminino, o número de registros de agressões a mulheres caiu. O Espírito Santo saiu do topo do ranking dos estados onde mais se mata mulheres e ocupa atualmente o quarto lugar, atrás de Roraima, Goiás e Alagoas. 

Foram abertos mais de nove mil inquéritos referentes a solicitação de medidas protetivas Foto: TV Vitória

A juíza destacou que muitas mulheres ainda têm medo de denunciar. A magistrada lembra que existem estudos que assemelham a dependência afetiva da mulher com uma dependência química. “No conversar com a vítima você vê que ela tem uma ligação afetiva com o agressor. Os psicólogos agora tentam entender o porquê elas não conseguem se desvencilhar do agressor. O que as leva a ficarem presas a eles”.

Uma pensionista de 61 anos permaneceu em silêncio por dez anos. Desde o começo do relacionamento viveu sendo ameaçada e sofrendo agressões. “Ele começou a se tornar agressivo. Ele não me batia, mas pegava o meu dinheiro e não me pagava. Quando eu fui cobrar na Justiça, ele começou a me ameaçar. Foi aí que eu o coloquei para fora da minha casa. o fato de eu ter colocado ele para fora a minha vida virou um inferno. Eu virei prisioneira dentro da minha própria casa”, contou.

A pressão para dar um fim no relacionamento veio de dentro de casa. Os filhos não aguentavam mais presenciar a violência. Foi aí que a pensionista recorreu à Justiça.“Eu via muito na televisão a pessoa que tinha a medida protetiva e não adiantava de nada, pois eles matam do mesmo jeito. Mas eu arrisquei e fui”, afirmou.

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