Polícia procura suspeito de anunciar falsas vagas de emprego para aplicar golpes no Espírito Santo

A polícia já identificou um homem que teria aplicado vários golpes do chamado "falso emprego" no Espírito Santo e em Minas Gerais. Estima-se que 300 pessoas já foram vítimas do suspeito de estelionato, identificado como Paulo José Saraiva Cavalcanti, de 39 anos. Somente em Ponta da Fruta, Vila Velha, a Delegacia de Defraudações e Falsificações (Defa) registrou 200 casos.

A titular da Defa, delegada Rhaiana Brememkamp, explicou que o falso empregador consegue convencer as vítimas a entregarem a ele um celular e, em seguida, acaba fugindo com o aparelho.

"O estelionatário coloca um anúncio num site, oferecendo empregos, e a pessoa acaba ligando. Ele fala que vai contratar a pessoa, mas essa pessoa tem que ter determinado aparelho telefônico. Então, a pessoa acaba comprando [o aparelho] e vai até ele, que arruma uma desculpa para não instalar o aplicativo no momento e foge com o aparelho da vítima. Marca de encontrar em outro dia e depois ele desaparece", explicou a delegada. 

Segundo Brememkamp, o número de registros desse tipo de golpe está aumentando no Espírito Santo devido à crise econômica que o país enfrenta. "Em decorrência da crise, muitas pessoas perderam o emprego. Então, os criminosos estão se valendo disso e aplicando esse golpe de maneira reiterada. Nós já tivemos vários [golpes desse tipo] este ano e todos com muitas vítimas. A gente solicita à população que busque informações antes, para não serem vítimas".

Ainda de acordo com a delegada, a polícia descobriu que o suspeito já havia feito diversas outras vítimas no estado de Minas Gerais. "Nós já identificamos o Paulo e localizamos na internet outros crimes que ele cometeu, principalmente no estado de Minas. Como as pessoas só conhecem ele como Paulo e não têm o sobrenome dele, a gente acredita que existam outras vítimas que registraram ocorrências em outras delegacia só como Paulo. Então, fica difícil para a gente localizar", ressaltou.

Vítima

Uma das vítimas do suposto estelionatário foi uma mulher de 29 anos, que está desempregada e preferiu não se identificar. Ela conta que viu o anúncio da suposta vaga de emprego em um site da internet e, acreditando no anúncio, resolveu entrar em contato com o falso empregador. O que ela não imaginava é que seria vítima de um golpe.

"O primeiro contato foi para deixar o número [do telefone] e retornar para o WhatsApp, para fazer a primeira seleção ali. No outro dia chegou um áudio dele falando que eu tinha sido selecionada, perguntando se eu tinha interesse [na vaga] e que ele ia me ligar para passar os horários", contou a vítima.

Ela disse que viu o anúncio da vaga, no site, no final de junho e que, alguns dias depois, descobriu a farsa. "Eu estava no hotel onde ele marcou comigo e cheguei lá às 10 horas, conforme o combinado. Ele estava conversando comigo, mandando WhatsApp e me ligando, mas não apareceu nesse dia. Ele falou que eu podia esperar lá, que ele iria voltar e não consegui falar com ele mais nesse dia. Daí ele falou assim: 'se eu não conseguir chegar, amanhã, às 10 horas da manhã, no aeroporto, está combinado o nosso treinamento'. No outro dia, ele não compareceu no aeroporto, os dois telefones dele só davam caixa postal e ele não tem WhatsApp mais", contou.

Para que outras pessoas não caiam nesse tipo de golpe, Rhaiana Brememkamp destacou que é preciso tomar alguns cuidados básicos. "Sempre buscar informação. Se ele fala que é de determinada empresa, busque na rede se essa empresa existe, se ela tem um endereço fixo. Vá ao local e verifique se eles estão realmente oferecendo emprego, telefone. Assim você vai estar resguardado. E muito cuidado com taxas ou determinados bens que eles exigem. Uma empresa séria, se ela precisa te capacitar, ela mesma vai te contratar e depois vai fazer isso. Se ela precisa que você utilize determinado equipamento, provavelmente ela mesma vai te fornecer", orientou.