Faxineira agredida por bacharel em Direito em Vitória diz que ainda sente dores
O crime aconteceu no estacionamento de um prédio de luxo, onde a vítima trabalha e o acusado mora. Foi após tentar ajudar o suspeito que ela sofreu as agressões
A auxiliar de serviços gerais Creonice Coutinho dos Santos, de 43 anos, agredida por um bacharel em Direito, já está em casa. Ela foi espancada no último dia 29, no prédio em que trabalha, na Praia do Canto, em Vitória. Após o crime, Bertrand Aron Franceschi, de 31 anos, foi preso e encaminhado para o Centro de Triagem de Viana.
De acordo com a vítima, ela estava limpando a garagem quando um dos moradores do edifício chegou de carro. As câmeras de segurança do prédio flagraram toda a ação. Nas imagens, Bertrand apareceu estacionando o veículo e caminhando. De repente ele passou mal e caiu. A auxiliar de serviços gerais viu a situação e correu para pedir ajuda. O suspeito sentou e a mulher estendeu a mão oferecendo ajuda. Nesse momento o bacharel em Direito começou a se afastar dela. Mas depois voltou para agredi-la.
“Ele parecia estar com medo e falava isso. O porteiro chegou e eu deixei os dois ali. Depois eu não lembro de mais nada. Eu só me lembro quando ele me pegou pelo cabelo. Foi só isso e mais nada”, contou a vítima.
Logo no início, a auxiliar de serviços gerais desmaiou. Foram vários socos na cabeça e chutes. “Eu estava deitada no chão e minha colega chorando achando que eu estava morta. Eu acordei, olhei para as paredes cheias de sangue e ela falou que não era para eu levantar, pois os socorristas iam me pegar. Foi aí que começou uma dor de cabeça muito forte”, relatou.
Tanto a vítima quando o agressor foram levados para o Hospital São Lucas, também em Vitória. Creonice precisou passar a noite no local. Ela não teve nenhuma fratura, mas perdeu cabelo e ficou com muitos hematomas pelo corpo. “Minha cabeça e minha perna doem quando vou andar”, disse.
Bertrand acabou preso. Ele foi autuado por tentativa de homicídio qualificado por feminicídio, porte e uso de drogas. No carro dele a polícia encontrou alguns pinos de cocaína e embalagens vazias de bebidas. Em depoimento, o jovem admitiu que fez uso do entorpecente, mas para a imprensa ele assumiu apenas que ingeriu bebida alcoólica.
Alegando não se lembrar de nada, ele disse que se arrependeu do que fez. Antes de ir para o Centro de Triagem de Viana, fez um pedido de desculpa para a vítima. “É possível perdoar sim, mas agora não. Só se um dia a gente se encontrar e ele me pedir perdão pessoalmente e ajoelhado”, afirmou a faxineira.
