Polícia

Abusos sexuais representam 85% de crimes contra crianças e adolescentes na Grande Vitória

Informação é da DPCA, que em 2016 investigou 1.050 casos de violência contra menores e prendeu 60 pessoas

Segundo a DPCA, 85% dos crimes cometidos contra crianças e adolescentes em 2016 foram abusos sexuais  Foto: TV Vitória

Cerca de 85% dos crimes registrados contra crianças e adolescentes na Grande Vitória, no ano passado, foram abusos sexuais. A informação é da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que em 2016 investigou 1.050 casos de violência contra menores e prendeu 60 pessoas. Além da violência sexual, foram registrados casos de maus tratos e agressão física.

Ainda de acordo com a DPCA, a violência quase sempre acontece com crianças e adolescentes do sexo feminino, com idades entre 12 e 17 anos. Além disso, ela é cometida, em sua maioria, por um amigo ou familiar, que se aproveita da confiança que o menor tem para se aproximar.

"Ele abusa dessa confiança. Inicialmente ele ganha a confiança da família e da vítima e, a partir daí, com essa facilidade de acessar e de ter convivência com a vítima, ele passa a abusá-la", ressaltou o titular da DPCA, delegado Lorenzo Pazolini.

O delegado, no entanto, alerta que é possível perceber quando uma criança passa a sofrer algum tipo de violência dentro de casa. "Essa criança passa a comer demais ou a não se alimentar. Ela às vezes passa um, dois, três dias sem se alimentar. Além disso, nós temos a queda do rendimento escolar. A criança se desinteressa a ir à escola, não faz mais as atividades escolares, tem nota baixa nas avaliações. Além disso, ela passa a ter um sono desregulado. Ela passa a acordar várias vezes durante a noite, passa a ter pesadelos. E muitas das vezes, durante a madrugada, ela chama o nome do abusador, porque ela está tendo pesadelo e vem à sua memoria aquele abusador. Também um sinal muito frequente que essa criança apresenta é a aversão a esse estuprador, porque sempre que o abusador chega no ambiente ou sempre que essa criança encontra o abusador, ela se retrai", explicou Pazolini.

O delegado ressalta ainda que é preciso que a legislação seja alterada para que os acusados permaneçam mais tempo na cadeia. "A polícia quer trabalhar, mas ela precisa de uma legislação que garanta a sua atuação e, sobretudo, que coloque esses marginais na cadeia. Nós não podemos aceitar que uma pessoa que cometa um crime dessa atrocidade, após cinco anos, volte ao convívio da sociedade e esteja livre, caminhando pelas ruas como se nada tivesse acontecido", afirmou Lorenzo Pazolini.

Caso recente

O caso mais recente de violência contra criança, que teve grandes proporções, foi o assassinato da pequena Fabiane Izadora, de apenas 2 anos. Ela foi torturada e estuprada pelo padrasto dentro da casa em que morava, em Cariacica, na última quinta-feira (18). 

A menina chegou a ser levada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O acusado de cometer o crime, Michael Lelis, de 28 anos, foi preso, na noite do último sábado (20), dentro de uma caçamba de lixo, às margens da BR 262, em Marcílio de Noronha, Viana. Ele confessou ter abusado e torturado da menor

No entanto, para o delegado o caso ainda não foi concluído. "Nós vamos prosseguir agora com a oitiva de familiares da vítima e do acusado e testemunhas, até para verificar, eventualmente, se houve omissão da mãe, se há alguma outra vítima desse abusador e se, eventualmente, ele já praticou esse crime contra a mesma vítima em outra oportunidade. Nós vamos verificar se a criança já foi molestada anteriormente e, eventualmente, porque a família não avisou a polícia", frisou Pazolini.

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