Política

Em campanha no ES, candidato à presidência afirma que quer o fim da Polícia Militar

Mauro Iasi concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Alex Cavalcanti. Ele citou temas polêmicos, como a defesa do fim da Polícia Militar e a reversão das privatizações

Iasi defende pontos polêmicos no seu programa de governo, como o fim da Polícia Militar e a reversão das privatizações​

Em visita ao Espírito Santo nesta segunda-feira (21), o candidato à presidência Mauro Iasi (PCB) concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista da TV Vitória, Alex Cavalcanti.

Iasi defende pontos polêmicos no seu programa de governo, como o fim da Polícia Militar e a reversão das privatizações. Confira na íntegra a entrevista:

Alex Cavalcanti: Queria que você começasse por um ponto que é bastante polêmico no teu programa de governo, que é o fim da Polícia Militar. Em um momento em que a sociedade reclama muito da violência, você propõe uma medida radical. Por que terminar com a Polícia Militar?

Mauro Iasi: Veja, a Polícia Militar é uma corporação que tem uma história desde o império e que após a ditadura militar ganhou uma dimensão de uma luta interna. É a lógica do inimigo interno, com métodos militares, que têm produzido não o retrocesso do fenômeno da violência urbana no Brasil, mas o contrário, acentuando e ganhando dimensões de um verdadeiro genocídio, principalmente da população negra e dos jovens das nossas cidades. É nesse sentido que a Polícia Militar precisa passar por profundas transformações. Segundo alguns, e segundo nosso juízo, ela precisa acabar como corporação, com a gente criando no lugar alternativas muito mais eficazes de enfrentamento desse problema, sem a lógica da militarização e do endurecimento penal.

AC: Quais seriam essas alternativas?

MI: Primeiro passa pela revisão dos pressupostos, inclusive jurídicos, desse endurecimento penal, de uma criminalização acentuada, que tem como consequência, única e exclusivamente, um inchaço do sistema carcerário. O Brasil já alcança hoje postos mundiais em encarceramento. Chega ao terceiro, quarto lugar mundial. Esse número é crescente e nós não acompanhamos, pela intensificação da política repressiva e da criminalização, uma diminuição dos índices que medem essa criminalidade. Você tem uma momentânea diminuição dos índices e depois eles explodem, como aconteceu inclusive em experiências internacionais, como a tolerância zero em Nova Iorque e outros casos. É necessário uma polícia mais voltada à vida diária da população. E inclusive, dos próprios profissionais dessa área, um avanço, uma vez que a unificação das polícias, nos termos de uma Polícia Civil, beneficia as pessoas inclusive em termos trabalhistas, com jornada de trabalho e direitos de organização e associação sindical, quebrando esse terror que vem como uma herança da ditadura e que a gente acredita que é inaceitável em um estado de direito. 

AC: Outro ponto do seu programa de governo fala da reversão das privatizações e aqui no Espírito Santo nós temos um caso muito simbólico que seria a Companhia Vale do Rio Doce, hoje conhecida como Vale. Como seria essa reversão das privatizações?

MI: Bom, primeiro que as privatizações se deram em um momento, no cenário internacional e aqui no Brasil, de desmonte do Estado, de perda quase total da capacidade do estado em produzir políticas econômicas, políticas públicas. E a maneira como as privatizações foram realizadas no Brasil, e a Vale infelizmente é um exemplo disso, é cercada de irregularidades. Seja pelo papel dos fundos públicos no financiamento dessas privatizações, seja na própria avaliação do desempenho econômico dessas empresas, e fundamentalmente pelo aspecto estratégico dos setores em que elas atuam. É o caso da mineração, da produção e distribuição de energia, do controle de portos e aeroportos, que áreas essenciais e que o Estado deve manter o controle. Inclusive para garantir o que se realiza nessas áreas, o impacto ambiental, enfim, aquilo que é impossível deixar pela lógica pura e simples do mercado. Então, nós propomos a reversão dessas privatizações.

AC: O senhor acredita que é possível realizar essa reversão e manter a economia crescendo, gerando empregos? Nós estamos em um momento de crescimento da inflação, que volta a assustar a população brasileira...

MI: Até mais do que isso. Como nós estamos em um período geral de crise no mundo e que vai ter impactos aqui no Brasil, já que as medidas que o governo tomou são insuficientes para segurar essa crise, nós vamos ter pressões para que cresça o desemprego, pressões inflacionárias, e uma economia em que o Estado possa intervir, principalmente em setores estratégicos como esses, é um instrumento para garantia do patamar de empregos, para garantia da remuneração dos trabalhadores, e no que nos interessa diretamente, garantir direitos. Porque, na medida em que essas empresas privatizadas pensam apenas no mercado, elas oscilam muito e isso gera precariedade nas condições de trabalho. 

Assista ao vídeo com a entrevista completa:

Entrevista com Aécio Neves

No último dia 10, o jornalista Alex Cavalcanti fez a primeira entrevista exclusiva com um candidato à Presidência da República. Na ocasião, o presidenciável Aécio Neves fez críticas ao governo petista e afirmou que o PT prejudicou o Espírito Santo.

Eduardo Jorge também visitou o ES

No início do mês, antes de iniciada a campanha, o Folha Vitória entrevistou com exclusividade o então pré-candidato à presidência, Eduardo Jorge (PV), que na oportunidade defendeu a descriminalização da maconha e do aborto.

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