Política

Paulo Foletto diz que PSB precisa se refazer no Espírito Santo

O deputado federal encerra a série de entrevistas especiais do Folha Vitória. Na reportagem, Foletto fala sobre as estratégias do PSB no Estado, e as expectativas para o mandato

Foletto obeteve quase 100 mil votos Foto: Divulgação

Responsável pela fundação do PSB em Colatina, Paulo Foletto foi reeleito deputado federal nas eleições deste ano. É médico cirurgião, formado pela Universidade Federal do Espírito Santo. 

Foi por duas vezes vereador e, em 2002, foi eleito deputado estadual. Tornou-se o segundo secretário da Mesa Diretora, que iniciou o processo de transparência no Legislativo. Reeleito em 2006 com 33.094 votos, a quinta melhor votação entre os 30 deputados, retornou ao cargo de segundo secretário da Mesa.

Em 2009, ocupou o cargo de Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia. Em 2011, assumiu seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados. Foi eleito deputado federal com 99.312 votos e alcançou o posto de 3º mais votado em sua coligação. Confira entrevista exclusiva:

Folha Vitória: O PSB sai da disputa estadual enfraquecido?

Paulo Foletto: Aqui no Estado precisamos nos refazer, precisamos rever metas. Agora, se formos olhar nacionalmente temos uma boa bancada de deputados reeleitos. Em Pernambuco mesmo fizemos oito deputados. É uma bancada madura, com 34 deputados. O PSB é um partido que tem que ser respeitado.

FV: Quais projetos que o senhor não apresentou durante o primeiro mandato e que pretende apresentar agora?

PF: Vou focar em quatro temas. Quero refazer o pacto federativo, acho essa distribuição errada. Vou trabalhar na maioridade penal, pois sou a favor de rever o critério de penalização de idade. Vamos fazer um projeto bem discutido. Vamos procurar punição efetiva para menores que cometem crime hediondo. Menores na idade, mas com comportamentos adultos. Vamos exigir 10% do dinheiro para saúde, e precisamos mexer na reforma política. O PSB é favorável às eleições de cinco em cinco anos, sem reeleição para o executivo e com mandato de cinco anos, inclusive para senador. 

FV: O senhor acha que nos próximos quatro anos seria possível votar algo que pudesse, de fato, mudar essa realidade?

PF: Sim, desde que o Congresso acorde. As manifestações de junho do ano passado mostraram que o povo está cansado desse Congresso que se auto-protege, faz joguinho. A juventude, principalmente, clama por isso. Precisamos de uma reforma política urgente. Caso isso não aconteça, teremos uma geração de rebeldes e analfabetos políticos. Essa reforma depende da disposição do Congresso.

FV: Sobre o casamento e demais direitos dos homossexuais, o que o senhor pensa sobre isso? Pretende defender bandeiras nesse sentido?

PF: É um tema que a sociedade já absorveu. As pessoas hoje convivem na sociedade com casais do mesmo sexo. O reconhecimento no cartório foi um avanço. Mas a mudança mais significativa vai levar um tempo. As questões religiosas estão sendo superadas. O Papa já se manifestou favorável.

FV: E quais são as propostas para o combate à corrupção?

PF: Precisamos refazer o nosso Código Penal. É necessário exterminar qualquer crime, seja ele de “colarinho branco” ou assassinato, roubo... Hoje a pessoa comete um crime e paga uma fiança e fica live da cadeia. O nosso Código Penal precisa ser revisto, para que a sensação de impunidade seja diminuída. É preciso ter punições mais rígidas para a criminalidade diminuir.

FV: E sobre o fator previdenciário? O que deve mudar?

PF: O fator previdenciário precisa cair. É uma injustiça que se comete com os aposentados, que fazem a contribuição sobre um valor e por péssima administração, tem o direito diminuído. Sou contra isso. Quando vier a discussão, meu voto será para isso acabar. A administração do INSS precisa ser profissionalizada.

FV: O que o senhor espera da relação do governo federal com o Espírito Santo nesse novo mandato?

PF: Esse problema não é Dilma. O Lula também esqueceu o Estado, o Fernando Henrique também. Todos esses não fizeram grandes coisas pelo Espírito Santo. Sou homem público há 12 anos, ajudei o Paulo Hartung e o Renato Casagrande a reestruturarem o Estado. Espero que o Governo Federal tenha um novo olhar pelo povo capixaba. Nós trabalhamos muito e o nosso Governo tem dado exemplos positivos, que merecem ser respeitados.

FV: O senhor já foi coordenador da bancada. Pretende entrar na disputa pelo posto novamente?

PF: Não. Já fui coordenador e acho que não seria legal ser de novo. Acho justo termos um rodízio, para que todos possam exercitar. Já fui coordenador em 2013, e acho que outra pessoa merece ter esse direito. Agora, caso tenha um consenso e o meu nome vire opção, não vou me omitir. 

FV: O senhor  abriria mão do novo mandato para disputar a prefeitura de Colatina?

PF: Essa é uma questão que vou discutir com a população de Colatina. Se vermos que será algo positivo para todos, quem sabe. A vida é muito dinâmica para falarmos com exatidão de 2016. Na eleição passada, quando me propus, não fiz essa discussão com a população. Só posso dizer no momento que vou me dedicar ao cargo que fui reeleito. Vou me dedicar ao Estado e à população capixaba. 

Série especial

O Folha Vitória encerra nesta quinta-feira (20) a série de entrevistas especiais com os deputados federais eleitos. Dos 10 parlamentares eleitos, nove foram entrevistados. Durante três semanas, o deputado Sérgio Vidigal (PDT) foi procurado, mas a equipe do Folha Vitória não obteve retorno.

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