Política

Aécio fala em 'voz do povo', mas Renan acusa rivais por tumulto

O senador Aécio Neves também negou que seu partido tenha oferecido dinheiro para os manifestantes. Segundo ele, o governo não quer aceitar que as pessoas participem do processo político

Base aliada alega que oposição pagou manifestantes para tumultuar sessão e inaugurou a "obstrução da galeria" Foto: ​Estadão Conteúdo

O Congresso se reúne novamente nesta quarta-feira (3), às 10h, para dar continuidade à sessão que foi interrompida com confusão e tumulto nas galerias na noite desta terça-feira (2). Manifestantes protestavam nas galerias do plenário da Câmara, quando o senador Renan Calheiros (PMDB-RN) decidiu suspender a sessão considerando ser inviável dar continuidade aos trabalhos.

De acordo com Renan, não havia condições de dar seguimento à análise do projeto que altera a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentária), flexibilizando a meta de economia para pagar os juros da dívida pública em 2014. Na visão do senador, os manifestantes foram contratados por partidos da oposição, em uma tentativa de obstruir a sessão.

— Esse caso é único na história do Congresso Nacional. Vinte e seis pessoas, presumivelmente assalariadas, obstruir os trabalhos do Congresso Nacional. Isso demonstra a absoluta responsabilidade que a oposição tem com o fato. Que democracia é essa que eles pedem e cobram todo dia?

O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), afirma que as pessoas foram para as galerias a pedido do deputado Izalci Lucas (PSDB-DF). Segundo o senador, essa estratégia também foi usada para impedir a votação do texto na CMO (Comissão Mista de Orçamento.

— Na Comissão de Orçamento foi a mesma coisa, foram pessoas trazidas pelo deputado Izalci. Todo mundo conhece, todo mundo sabe quem são. Se são pagas ou não... elas são trazidas pelo deputado Izalci e não é a primeira vez. Isso não contribui com a democracia e não engrandece o Congresso Nacional.

“O povo acordou”

A assessoria de Izalci explica que ele gravou um vídeo e divulgou nas redes sociais, conclamando as pessoas que não concordam com a mudança na LDO a irem ao Congresso para se posicionarem. No entanto, as assessoria nega que os manifestantes tenham sido levados à sessão pelo deputado.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) também negou que seu partido tenha oferecido dinheiro para os manifestantes. Segundo ele, o governo não quer aceitar que as pessoas querem participar ativamente do processo político.

— Isso é uma bobagem, mais um equívoco. A população brasileira acordou, a verdade é que existe uma população diferente hoje. O PT e seus aliados ainda não perceberam, mas pessoas estão participando do que está acontecendo no Brasil, elas querem saber e algumas querem vir aqui no Congresso Nacional. Nós vamos fechar as galerias para atender uma base que quer votar escondido uma proposta dessa gravidade?

Confusão

O senador afirmou que o tumulto se deu porque os manifestantes foram proibidos de entrar nas galerias e, por isso, os ânimos ficaram exaltados. O regimento do Senado permite a presença da população nas galerias, desde que sem manifestação.

No entanto, alguns parlamentares alegam que a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) foi insultada enquanto fazia seu discurso na tribuna, defendendo a mudança na LDO. Logo após o pronunciamento da parlamentar, Renan suspendeu a sessão e mandou esvaziar as galerias.

— Não há condições de realizar sessão do Congresso com as galerias partidarizadas e se comportando dessa maneira. Por isso eu peço que a Polícia Legislativa que tome providências.

Foi depois dessa ordem que começou a confusão. Houve muito empurra-empurra entre os manifestantes e os integrantes da Polícia Legislativa. Alguns parlamentares da oposição também ocuparam as galerias para tentar negociar.

Um dos manifestantes desmaiou por, supostamente, ter sido atingido por uma arma de choque da segurança do Congresso. Cerca de uma hora depois da interrupção, Renan avisou que a sessão seria retomada somente nesta quarta-feira por não haver condições de continuar com os trabalhos.

Atraso

Para o deputado Henrique Fontana (PT-RS), a ação foi orquestrada pela oposição e o novo adiamento da votação coloca em risco o Orçamento do governo.

— A oposição foi para a galeria obstruir a sessão. Eu vi diversos parlamentares da oposição na galeria comandando um processo para inviabilizar a votação. Isso é muito grave. O que ocorreu aqui foi um golpe contra a democracia.

Renan Calheiros não soube dizer se vai mandar fechar as galerias do plenário durante a sessão do Congresso desta quarta-feira, disse apenas que vai fazer cumprir o regimento interno. (As informações são do portal R7)

Pontos moeda