Política

Mulher de Cabral gastou R$ 300 mil de cartão de crédito e pagou fatura em dinheiro vivo

As informações constam no despacho do juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio, que determinou, na terça-feira (6), a prisão de Adriana

Ex-governador e a então primeira-dama Adriana Ancelmo Foto: ​Reprodução

A ex-primeira-dama do Rio de Janeiro, a advogada Adriana Ancelmo, tinha o hábito de pagar grandes quantias em dinheiro. De acordo com a reportagem publicada no portal R7, segundo depoimento de Michelle Tomaz Pinto, gerente-financeira do escritório dela, a mulher de Sérgio Cabral chegou a gastar R$ 300 mil de cartão de crédito.

As informações constam no despacho do juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio, que determinou, na terça-feira (6), a prisão de Adriana. "Adriana Ancelmo efetuava os pagamentos de faturas de até R$300.000,00 do cartão de crédito, contas e salários de empregados da família normalmente em dinheiro vivo, como afirmou Michelle Tomaz Pinto", diz o magistrado.

"Indagada se efetuava o pagamento de contas para Adriana e quais eram essas contas, bem como o modo que se deu (espécie ou cheque), a declarante [funcionária] informa que alguns pagamentos acabavam por ficar sob sua responsabilidade como cartões de crédito, algumas vezes; que, indagada sobre a quantia média mensal, a declarante informa que já pagou faturas que variavam de R$ 30 mil a R$ 300 mil reais, espécie.

A funcionária identificou que os cartões usados pela ex-primeira dama eram das bandeiras Visa Infinite e MasterCard Black, que são cartões de crédito sem limite. Ela também disse que costumava pagar funcionários da família por meio de depósito bancário. 

Ainda segundo o depoimento, ela recebia quantias em espécie para quitar despesas do ex-governador. "Os valores variam de R$ 50.000,00 a R$ 150.000,00; Que utilizava os valores para saldar despesas como pagamentos de funcionários de Sérgio Cabral, para Susana Cabral [ex-mulher dele], e outras despesas familiares; Que as despesas mensais de Sérgio Cabral giravam de em torno de R$ 220.000.000,00; Que tais despesas incluíam contas de: previdência privada, gastos com funcionários, encargos trabalhistas, médicos, terapeutas, condomínio, IPTU, IPVA, seguro de carros, consertos de automóveis, entre outras coisas".

Joias

A investigação ainda aponta Luiz Carlos Bezerra como sendo "homem de confiança" do ex-governador e "responsável por recolher a propina acordada entre as empreiteiras e pela contabilidade paralela de recolhimento e distribuição do dinheiro fruto das propinas às pessoas próximas ao ex-governador e seus familiares".

Bezerra também é acusado de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro por meio de compra de joias em duas famosas joalherias: Antonio Bernardo e H.Stern. Segundo o juiz Marcelo Bretas, a quadrilha adquiriu joias no valor de R$ 6,5 milhões entre 2007 e 2016, inclusive a partir do escritório Ancelmo Advogados.

"Segundo o MPF descreve, cheques da Ancelmo Advogados foram usados no esquema de lavagem com compensação paralela, além de cheques do denunciado Carlos Miranda [assessor de Cabral], que também seriam posteriormente resgatados mediante troca por dinheiro em espécie. O fato de Adriana Ancelmo ter sido cadastrada na joalheria Antonio Bernardo por um codinome, 'Lourdinha' [o nome completo dela é Adriana de Lourdes Ancelmo] é importante evidência nesse sentido, e revela o aparente propósito dos envolvidos de furtarem-se à atuação dos órgãos de controle.

Estima-se que o casal adquiriu ao menos 189 joias desde o ano 2000. Porém, somente 40 foram encontradas no cofre do quarto do deles, em um apartamento no Leblon.

O magistrado determinou ontem nova busca e apreensão no imóvel, "arrecadando-se, durante o dia, quaisquer documentos, mídias e outras provas encontradas e relacionadas aos crimes de corrupção passiva e ativa, contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e/ou documental e organização criminosa, além de joias, pedras preciosas, objetos de arte e valores em espécie em moeda estrangeira ou em reais de valor igual ou superior a R$ 30.000,00 ou US$ 10.000,00, desde que não seja apresentada prova documental cabal de sua origem lícita". 

As informações são do R7.

Pontos moeda