Saúde

ES registra aumento no número de casos de sífilis congênita

Em 2023, foram registrados 16 casos de sífilis congênita no Estado por 1 mil nascidos vivos. Número está muito acima do preconizado pela OMS que é de 0,5 casos por 1 mil

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/ Pexels @LisaFotios

Os números preocupam. Somente no ano passo, o Espírito Santo registrou 16 casos de sífilis congênita no Estado por um mil nascidos vivos. Registros bem mais altos do que preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 0,5 casos por um mil nascidos vivos.

A doença é transmitida da mãe com sífilis não tratada ou tratada de forma não adequada para o bebê durante a gestação, a chamada transmissão vertical. Isso ocorre quando a bactéria Treponema pallidum atravessa a placenta da mãe para o feto.

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É exatamente por esse motivo que se torna fundamental a realização do teste que detecta a sífilis durante o pré-natal. No caso de um resultado positivo, a paciente deve ser tratada corretamente, bem como sua parceria sexual, evitando assim a transmissão.

Números da sífilis congênita no Espírito Santo

Segundo Sesa-ES, de 2014 a 2017, foi observado um aumento considerável de casos de sífilis congênita no estado,. A incidência máxima em 2017 foi de 13,2 casos para cada um mil nascidos vivos. 

No mesmo ano, foi realizado um plano de enfrentamento da doença e houve uma redução dos números nos anos seguintes, com o menor índice em 2020, de 7,8 casos para cada um mil nascidos vivos.

Já em 2021, três anos depois, os números começaram novamente a subir chegando em 2023, quando com 16 casos de sífilis congênita para cada um mil nascidos vivos.

Entre 2020 a 2023, houve um aumento da sífilis adquirida e gestante congênita. Apenas no ano passado foram:

- Sífilis adquirida: 8.081 casos; 
- Sífilis em gestantes: 2.258 casos;
 - Sífilis congênita: 824.

No período de um ano, compreendido de 2022 a 2023, só de casos de sífilis congênita foram 150 casos a mais.

Estratégias para reduzir incidência da doença

Na busca para conter o avanço da doença, foi lançado pela secretaria da Saúde o Plano Estadual de Enfrentamento da Sífilis Congênita no Espírito Santo. O principal objetivo é criar estratégias com os 78 municípios capixabas para reduzir o número de casos da doença.

A meta do Plano Estadual é reduzir essa incidência para 2,3 por 1 mil nascidos vivos até 2027 e alcançar o índice estabelecido pela OMS até 2030.

O subsecretário de Estado de Planejamento e Transparência da Saúde (SSEPLANTS), Francisco José Dias da Silva, explicou que as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), de modo geral, estão sofrendo um processo ascendente no Brasil.

“É um problema de saúde pública que também impacta o Espírito Santo. A ideia é realizar o trabalho de forma integrada, articulando com a rede, desde a Atenção Primária, passando pelos serviços de referência, o apoio de diagnóstico e as Vigilâncias em Saúde, com prioridade para a gestão do cuidado. É buscar estas gestantes que eventualmente não estão tendo um tratamento adequado e que, ao chegar na maternidade, acabam recebendo o diagnóstico do recém-nascido como caso de sífilis congênita”, alertou.

Como prevenbir a sífilis?

Para evitar a doença, é preciso adotar alguns cuidados. Entre eles, a prática sexual segura sempre usando preservativos, seja durante a relação sexual oral, vaginal ou anal. Além da sífilis, eles ajudam a reduzir as chances de transmissão de outras infecções sexualmente transmissíveis.

1. Limite o número de parceiros;

2. Mantenha os exames médicos em dia;

3. Leve em consideração você e seu parceiro realizarem teste de detecção de IST's antes de iniciar uma relação sem proteção;

4. Caso use drogas, não compartilhe agulhas.

5. Informe-se: quanto mais você conhecer os sintomas, métodos de prevenção e tratamentos de doenças como a sífilis e outras IST's, menores as chances de adoecer ou transmitir as doenças. 

Sífilis no ES

Durante o lançamento do Plano Estadual, foram presentados alguns diagnósticos da doença no estado. Os dados abaixo são da Sesa-ES:

* Em relação aos casos de sífilis congênita, 83,7% das gestantes fizeram o pré-natal, mas tiveram filhos com a doença;

* Em relação ao diagnóstico da sífilis materna, em 69,3% dos casos o diagnóstico foi feito no pré-natal e 23,3% no parto/curetagem.

* Em relação ao tratamento da gestante com sífilis, 41,5% foi inadequado e 27,8% não realizado. Só 21,9% receberam um tratamento adequado.

* Em relação aos parceiros, só 10,7% realizaram o tratamento.

* Oferta de tratamento da sífilis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) – levantamento de 06 de abril de 2024 realizado pela Secretaria da Saúde (Sesa), Subsecretaria de Estado de Atenção à Saúde, pela Gerência de Política e Organização das Redes de Atenção em Saúde e pelo Núcleo Especial de Atenção Primária.

* 52 municípios do Estado responderam ao levantamento proposto: 16 na Região Central/Norte, 18 na Metropolitana e 18 na Sul.

* 32 municípios ofertam tratamento em todas as Unidades de Saúde; 16 não ofertam tratamento em nenhuma e 4 ofertam só em algumas.

* A meta é levantar os dados em todos os municípios, além de detectar o porquê desse gargalo em algumas Unidades de Saúde e contribuir para que esses municípios implantem o tratamento da sífilis nesses locais.

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