Economia

Pires não terá tempo de fazer o que quer na Petrobras, diz Jean Paul Prates

Indicado pelo governo de Jair Bolsonaro para a presidência da Petrobras, Pires deve ter seu nome aprovado em assembleia no próximo dia 13 de abril

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
Foto: Pedro França/Agência Senado

O senador Jean Paul Prates (PT-RN), relator do pacote de projetos para redução do preço dos combustíveis no Senado, considerou "um pouco infeliz" a nomeação do economista Adriano Pires para a presidência da Petrobras, já que o governo está em fim de mandato e não haverá tempo para Pires implantar as mudanças que acha necessárias.

"Ele (Pires) não terá tempo de fazer o que acha correto, eu até discordo do que ele quer fazer, mas respeito. Não é um perfil de administrador de emergências, é um perfil guinadas estruturais, e isso não é cabível em fim de mandato", explicou Prates ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Indicado pelo governo de Jair Bolsonaro para a presidência da Petrobras, Pires deve ter seu nome aprovado em assembleia no próximo dia 13 de abril. Desta maneira, terá apenas oito meses de gestão sob o governo Bolsonaro, e, dependendo de quem vencer as eleições presidenciais, pode não continuar em 2023.

Praticamente da mesma geração, apesar de estarem e lados políticos opostos, Pires e Prates são figuras conhecidas do setor de petróleo e gás natural desde a década de 1990, quando ocorreu a abertura do mercado no governo Fernando Henrique Cardoso e começaram os leilões de áreas de petróleo e gás. Já os setores de refino e de transporte de óleo e gás natural (gasodutos) permaneceram com a empresa, mas começaram a ser vendidos a partir de 2016.

"Adriano é uma pessoa extremamente neoliberal, é um paladino, defensor intransigente do neoliberalismo noventista. Ele preconiza a privatização total da Petrobras, mesmo que seja aos pedaços", destacou Prates, reforçando que não haverá tempo hábil para o economista acelerar a venda de ativos, por exemplo.

De acordo com o senador, Pires vai enfrentar muita resistência em decisões estruturais, principalmente em ano eleitoral.

Adriano Pires é técnico 'respeitado por todas correntes', afirma líder do governo

O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), disse nesta terça-feira, 29, que o indicado para substituir o general Joaquim Silva e Luna no comando da Petrobras, o economista Adriano Pires, é um técnico "respeitado por todas as correntes". 

Em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o parlamentar evitou responder se pode haver mudança na política de preços da empresa, hoje feita com base na variação do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional.

"Eu posso dizer que é um assunto que requer muita atenção, mas o presidente, ao dar a indicação do economista Adriano Pires, faz a indicação de um técnico respeitado por todas as correntes do País", afirmou Gomes a jornalistas. "Ele, por exemplo, pouca gente lembra disso, fez parte do governo de transição, auxiliando no plano de energia do nosso País", acrescentou.

Ao ser questionado sobre a troca de comando na Petrobras, Gomes disse que é "prerrogativa" de Bolsonaro. Na segunda-feira, o presidente anunciou a demissão de Silva e Luna, após semanas de pressão política sobre a Petrobras devido ao aumento do preço dos combustíveis no País. Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), foi indicado para o posto até então ocupado pelo general.

O nome foi costurado pelo próprio ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que trabalha pela adoção de um subsídio temporário do governo para diminuir a alta de preços dos combustíveis.

Ao comentar nesta terça a troca no comando da empresa, Bolsonaro disse que se trata de uma "coisa de rotina, sem problema nenhum".

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