Economia

Bresser-Pereira vê PIB do Brasil crescendo a 1%, 2% a médio prazo

Redação Folha Vitória

São Paulo - O ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira estimou que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve oscilar entre 1% e 2% nos próximos anos. "A taxa de crescimento sob o governo Dilma é que é o normal. Anormal foi o período Lula", afirmou, na noite deste terça-feira, 28, em referência ao níveis mais altos de crescimento da economia brasileira nos oito primeiros anos dos governos petistas em relação aos últimos quatro anos.

Após analisar o contexto econômico nacional nos dois períodos, durante uma palestra da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), o professor emérito da Fundação Getulio Vargas (FGV) disse que os governos do PT fracassaram porque não tiveram uma política desenvolvimentista referente à taxa de câmbio. "O desenvolvimentismo do Lula foi malsucedido. Não houve crescimento e não fez coalização de classes", afirmou. Segundo ele, o desenvolvimentismo pressupõe melhores salários para os trabalhadores, mas também lucros para os empresários, mas o ex-presidente petista não teria garantido condições favoráveis ao investimentos produtivos.

Bresser argumentou ainda que condições externas, como o boom de commodities, "maquiaram" a economia no período. "A política econômica do Lula era incompetente, mas ninguém percebia porque os dados eram bons e ninguém via (o que havia de errado com a economia)", pontuou.

'Cinco taxas'

Para retomar o crescimento da economia, o Brasil precisa investir em infraestrutura e educação, mas também "corrigir cinco taxas". O diagnóstico foi feito por Bresser-Pereira. "No plano macroeconômico, o Brasil precisa corrigir a taxa de lucro, a taxa de juros, a taxa de câmbio, a taxa de salários e a taxa de inflação para crescer", explicou.

Segundo o professor, os países asiáticos desenvolvimentistas cresceram porque esses cinco preços estavam equilibrados. "Aí, uma política industrial em cima desse contexto funcionava", afirmou. Ao se referir ao governo da presidente Dilma Rousseff, Bresser-Pereira disse que, como essas taxas "não estavam no lugar", a política industrial, "caríssima", não funcionou.

Bresser-Pereira explica que a taxa de lucros precisa estar em um nível que atraia investimentos, a taxa de câmbio deve tornar as empresas competitivas, a taxa de salários deve ser compatível com uma taxa de lucros satisfatória e com a produtividade, a taxa de juros deve ser baixa e a inflação também baixa. Segundo ele, alcançar este cenário é possível. "Precisa de muita determinação e nenhum populismo econômico", comentou.

Impeachment

O ex-ministro se mostrou cético quanto aos pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Não creio que há risco para a democracia. Um impeachment não vai dar resultado", disse. Segundo Bresser-Pereira, as perspectivas para o Brasil não são de uma volta à ditadura militar, mas são "pouco entusiasmantes". Para ele, no entanto, nos próximos quatro anos o governo vai ser governado "muito precariamente".

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