Economia

Mesmo com a greve, Correios opera no ES com 90% do efetivo

Sindicato afirma que os Correios descumpriram o acordo coletivo com vigência até 2021. Para a estatal, é impossível atender proposta recebida pela Fentect

Saelly Pagung *Estagiário

Redação Folha Vitória

A greve dos trabalhadores dos Correios entra em seu segundo dia. Diante a paralisação parcial dos empregados dos Correios em todo país, que teve início na terça-feira (18) desta semana, o Espírito Santo conta com 90% do efetivo trabalhando. Esse percetual é maior do que a média nacional, que segue com 83% dos 99 mil empregados em atividade.

Nas agências, serviços como consulta Limpa Nome Serasa, Achados e Perdidos e a consulta para o Auxílio Emergencial estão disponíveis para a população. A postagem de cartas e encomendas, inclusive SEDEX e PAC, continua sendo realizada e as entregas estão ocorrendo em todos os municípios.

Para minimizar os impactos à população, a estatal informa que colocou em prática seu Plano de Continuidade de Negócios, que adota medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões.

Para mais informações, os clientes podem entrar em contato pelos telefones 3003-0100 e 0800 725 0100 ou pelo endereço https://apps2.correios.com.br/faleconosco/app/index.php.

Negociação

Os Correios informam que a diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), por sua vez, custariam quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Para a empresa, essa proposta é impossível de ser atendida.

Os funcionários acusam os Correios de descumprir o acordo coletivo que teria vigência até 2021. Entre os benefícios revogados estão pagamento de 30% de adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais.

Também afirmam que tiveram de acionar a Justiça para garantir equipamentos de proteção individual, para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, além de álcool em gel, testagem e afastamento de integrantes de grupos de risco e dos que coabitam com crianças em idade escolar.

"A categoria está trabalhando desde o início da pandemia. A empresa só forneceu uma máscara para cada trabalhador. O trabalhador está tirando dinheiro do bolso para pagar seu EPI (equipamento de proteção individual)", disse o diretor de comunicação da Findect, Douglas Melo.

Para os Correios, a sua proposta da empresa, não retira nenhum direitos dos empregados. Apenas promove adequações aos benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações, de modo a alinhar a estatal ao que é praticado no mercado.

Os benefícios

Despesas com benefícios não previstos em lei, como o Vale Cultura, seguem na ordem de quase R$ 4 milhões mensais, segundo os Correios. O Vale Extra, também não coberto pela CLT e pago a cada empregado, custa aos Correios R$ 104 milhões anuais.

A estatal informa que os trabalhadores continuam tendo acesso ao benefício do Auxílio-creche para dependentes com até 5 anos de idade. Os tíquetes refeição e alimentação também permanecem sendo pagos, conforme previsto na legislação que rege o tema, sendo as quantidades adequadas aos dias úteis no mês, de acordo com a jornada de cada empregado: 22 tíquetes para quem trabalha de segunda a sexta-feira e 26 tíquetes para os empregados que trabalham inclusive aos sábados ou domingos.

Estão mantidos ainda – aos empregados das áreas de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento -, os respectivos adicionais.

Os vencimentos dos empregados também seguem resguardados. A título de comparação, a diferença entre os contracheques do mês de julho, antes do ajuste dos benefícios, e de agosto, quando foram aplicados os novos valores, foi de menos de R$ 50,00, para 94% dos empregados.

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