Copom mantém juros; estímulo será removido gradualmente se inflação piorar
A taxa permaneceu no nível mais baixo da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996
Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiram, por unanimidade, manter a Selic (os juros básicos da economia) em 6,50% ao ano. O comunicado da decisão, no entanto, diz que o estimulo à economia poderá ser "removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora".
Com o anúncio feito nesta noite de quarta-feira, 19, a taxa permaneceu no nível mais baixo da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996. Foi a quarta manutenção consecutiva da taxa neste patamar.
A decisão desta quarta era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. De um total de 69 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperam pela manutenção da Selic em 6,50% ao ano.
Ao justificar a decisão desta quarta, o BC afirmou por meio de comunicado que "a conjuntura econômica ainda prescreve política monetária estimulativa". "Ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural", cita o documento.
O texto argumenta ainda que "a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente".
Para o futuro, o Copom diz que "os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação".
Projeções
O Banco Central atualizou para cima as principais projeções para a inflação em 2019. No cenário de mercado - que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro, compiladas no relatório Focus -, o BC alterou sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2018 de 4,2% para 4,1%. No caso de 2019, a expectativa subiu de 3,8% para 4,0%.
No cenário de referência, em que o BC utilizou uma Selic fixa a 6,50% e um dólar a R$ 4,15 nos cálculos, a projeção para o IPCA em 2018 subiu de 4,2% para 4,4%.
No caso de 2019, o índice projetado aumentou de 4,1% para 4,5% - já acima, portanto, do centro da meta de inflação no próximo ano, de 4,25%. As projeções anteriores constaram na ata do encontro anterior do Copom, divulgada no início de agosto.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC este ano é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 3,0% a 6,0%). Para 2019, a meta é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (de 2,75% a 5,75%).
Eleições
A poucos dias das eleições presidenciais, o Banco Central reafirmou que a política monetária é pautada pela "evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica". O documento da última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) antes das eleições não faz menção, pelo menos diretamente, à disputa eleitoral que se aproxima da reta final.
No documento divulgado pelo BC, os diretores do BC explicam que a atuação da instituição continua pautada pelos efeitos secundários de eventuais choques nos preços. O texto repete a argumentação de que "choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva".
O comunicado dá como exemplo a "propagação a preços da economia não diretamente afetados pelo choque".
Os diretores do BC explicam que são esses efeitos secundários gerados por eventuais choques que "podem afetar as projeções e expectativas de inflação e alterar o balanço de riscos". Por outro lado, esses efeitos podem ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas".
Nesse trecho do documento, o Copom reafirma que "não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária".