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Economia

Pandemia gera desabastecimento e aumento de mais de 30% no preço de materiais de construção

Problema é provocado pela falta de matéria-prima na indústria. Produtos como a lajota, por exemplo, tiveram reajuste de mais de 100%

Foto: TV Vitória

A falta de matéria-prima nas indústrias, provocada pela pandemia do novo coronavírus, tem resultado em um desabastecimento no comércio de material de construção. Como consequência, alguns produtos estão em falta nas lojas e outros ficaram mais caros. De acordo com a Associação dos Comerciantes de Material de Construção do Espírito Santo (Acomac-ES), o aumento médio dos produtos foi de 32%.

Alguns itens, como porcelanatos e vasos de louça, por exemplo, já estão em falta em algumas lojas de material de construção da Grande Vitória, assim como tubos e conexões em PVC e produtos derivados do aço, como pregos, vergalhões e torneiras. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona, explica que um dos principais fatores que têm causado o desabastecimento no comércio é justamente a falta de matéria-prima nas indústrias.

"Muitas indústrias paralisaram suas atividades, o consumo despencou em algumas áreas. Não foi propriamente o caso da construção civil, mas também diminuiu. Agora as indústrias começaram a retomar e, de fato, alguns produtos estão com dificuldade de matéria-prima. E também tem essa variação grande do dólar em alguns produtos", destacou.

Alguns produtos, como a lajota, por exemplo, tiveram um aumento de mais de 100%. A unidade, que antes saía a R$ 0,50, hoje custa em média R$ 1,20. Já a lata de tinta pode sair cerca de 10% mais cara.

O comerciante Luã Ferreira, dono de uma loja de materiais de construção em Vila Velha, conta que, depois de uma rápida recuperação, as vendas no estabelecimento voltaram a cair de julho em diante. Isso ocorre, segundo ele, porque o cliente desiste da compra, devido aos preços altos, ou simplesmente porque não encontra o que procura.

"Por exemplo, os porcelanatos tiveram um reajuste em torno de 10% a 15% e o fio de cobre teve um reajuste que chegou a 80%. A gente não sabe o dia de amanhã, literalmente, porque muitos produtos chegam, as fábricas produzem, mas eles acabam muito rápido. Isso faz com que a gente tenha de escolher: ou a gente já compra para abastecer ou a gente compra o que a gente pode. A gente acaba ficando refém da indústria", afirmou.

Paulo Baraona afirma que, em alguns casos, o fabricante brasileiro depende da indústria estrangeira, como, por exemplo, para fabricar PVC. Isso porque a resina usada na fabricação vem do exterior. Ele, no entanto, acredita que, aos poucos, o mercado vai reequilibrar os preços, tanto da matéria-prima de fora quanto a que é produzida dentro do país.

"O objetivo de toda indústria é caminhar de forma a tentar evitar que esses aumentos sejam excessivos, porque, na verdade, isso é uma bola de neve. A indústria vive conectada. Todos precisam de todos", destacou.

Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV

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