CORONAVÍRUS

Economia

Mais de 9 mil pessoas perderam emprego na área de turismo no ES durante a pandemia

Alguns estabelecimentos tiveram queda no faturamento de 80% no início da pandemia. Agora o setor começa a se recuperar, mas a estimativa é que só volte ao patamar que estava em um ano

Foto: TV Vitória

Mais de 9 mil pessoas perderam o emprego na área de turismo, no Espírito Santo, durante a pandemia do novo coronavírus. A estimativa é da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), que, no entanto, não soube precisar qual foi o tamanho do prejuízo do setor, em valores, no estado.

"Nós temos observado que muitas empresas ainda não encerraram definitivamente as suas atividades, mas mantêm suas portas fechadas ainda, utilizando dos benefícios do governo federal, do governo do Estado, de manter um certo respiro com crédito, com a postergação das suas folhas de pagamento. Mas muitas já estão encerrando efetivamente suas atividades", destacou o secretário estadual de Turismo, Dorval Uliana.

Em todo o Brasil, cerca de 49,9 mil empresas ligadas ao turismo encerraram as atividades durante a pandemia, segundo apontou uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O saldo negativo, referente ao período entre março e agosto deste ano, equivale a 16,7% do número de empresas com vínculos empregatícios nestas atividades, verificadas antes da pandemia. 

O levantamento indicou ainda que mais de 480 mil postos de trabalho formais foram fechados no Brasil. A CNC estimou também que o turismo no Brasil tenha perdido cerca de R$ 207 bilhões desde março. 

Em comparação com os demais estados, o Espírito Santo não teve um saldo tão ruim, apesar de negativo. Segundo a pesquisa, o saldo entre aberturas e fechamentos de estabelecimentos típicos do turismo com vínculos empregatícios foi de -1,1 mil no Espírito Santo, enquanto nos estados de São Paulo (-15,2 mil), Minas Gerais (-5,4 mil), Rio de Janeiro (-4,5 mil) e Paraná (-3,8 mil), por exemplo, os resultados foram ainda piores.

De acordo com o secretário de Turismo, o setor começa a se recuperar, mas ainda deve demorar pelo menos um ano para voltar ao ritmo em que estava antes da pandemia. Enquanto isso, ele espera que o estado volte a ser visitado por turistas de todo o Brasil e de outras partes do mundo, desde que sejam seguidos todos os protocolos para evitar a disseminação da covid-19.

"O turismo tem um tempo maior de maturação dos seus negócios. Você contrata o seu pacote de férias, de sua viagem com família, com vários meses de antecedência — três, quatro meses. Você programa os eventos que ainda estão, infelizmente, proibidos — por necessidade da pandemia — para, no mínimo, um ano de antecedência, seis meses, dependendo do porte dos eventos. Então a recuperação do turismo é lenta, é de médio a longo prazo", frisou Uliana.

Queda de 80% no faturamento

Um dos estabelecimentos no estado ligados ao setor que sofreu com os efeitos da pandemia foi um hotel localizado na Praia da Costa, em Vila Velha. De acordo com a proprietária do estabelecimento, Grazielle Fraga Reis, em abril e maio, a ocupação do local foi de apenas 7%. Segundo ela, em 20 anos, o hotel nunca havia passado por um período tão difícil. O faturamento chegou a cair 80%.

Com o passar dos meses e a queda do número de casos e óbitos decorrentes da covid-19, a situação foi se aproximando do normal. Para se ter uma ideia, nesta terça-feira (06), 26 das 40 suítes estavam ocupadas, ou seja, 65%. A proprietária comemora o crescimento na procura. "As reservas praticamente caíram a zero, a gente teve algumas remarcações que foram feitas. Então realmente foi uma época muito difícil, que a gente não sabia como ia chegar e quanto tempo ia durar a pandemia", lembra Grazielle.

Ao antecipar férias de alguns funcionários e suspender parte dos contratos de trabalho, a proprietária conseguiu evitar demissões no hotel. Ao falar da expectativa para o próximo verão, Grazielle se mostra bastante otimista. "Eu falo que vai ter turismo durante a pandemia, mas que a gente vai ter que ter um cuidado redobrado em todos os momentos, com a hospedagem, com as pessoas, relembrar o uso da máscara, necessidade do álcool em gel", frisou.

Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV

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