Marian Rabello

Documentário vai contar sobre vida de capixaba que produziu artes em azulejo por décadas

História de Marian Rabello será contada em uma intercessão entre a personalidade da mulher e os reflexos na obra da artista

Thamiris Guidoni

Redação Folha Vitória
Foto: LEENA/ UFES

A capixaba Marian Rabello terá a história contada em um documentário criado por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O filme mostrará as obras de Marian, assim a vida da artista em forma de depoimentos. 

Com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2024, o documentário tem produção de Giuliano de Miranda, pesquisador do LEENA, para além de questões técnicas e conceitos a respeito da prática de Marian

A direção geral é de Aparecido José Cirilo, coordenador da pós-graduação em Arte da UFES e do LEENA.

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De acordo com Giuliano, haverá uma intercessão entre a personalidade da mulher e os reflexos na obra da artista. 

Foto: Secult ES

Marian começou a pintar ainda criança e manteve, desde então, a arte como única profissão. Especialista em pinturas sobre azulejos, foi considerada uma das mais importantes muralistas brasileiras.

O LEENA/UFES laboratório de extensão e pesquisa em arte sob a coordenação do professor doutor Cirilo, já começou as gravações do documentário sobre a vida e obra de Marian.

Esse será um desdobramento da longa pesquisa do laboratório sobre a artista que morreu no dia 31 de dezembro de 2023. 

Em 2014 foi lançado pelo laboratório o  livro "Marian Rabello e os Azulejos Murais", juntamente com uma exposição em homenagem a artista.

O livro é fruto do projeto "Inventário das obras murais em azulejo da artista plástica, presentes no Espírito Santo" aprovado no Edital 026/2013 que seleciona Projetos Culturais e Concessão de Prêmio para inventário, conservação e reprodução de acervos no Espírito Santo.

Marian tem uma obra exposta na rodovia BR-101 (um painel em mosaico que fica em Colina de Laranjeiras) tombado como patrimônio cultural material da Serra. Confeccionada em azulejos, a obra data de 1968 e foi declarada patrimônio.

O DOCUMENTÁRIO

Foto: LEENA/ UFES

Segundo Giuliano, o documentário vem cheio de emoção e simplicidade. 

"Nosso documentário está em curso e será apresentado a sociedade capixaba ainda nesse primeiro semestre. Ele trará uma carga documental, porém, essencialmente, espalhará emoção e simplicidade".

Além disso, vai levantar algumas questões. 

"Quem foi Marian Rabello? Por que se interessou pela arte? Quais as dificuldades enfrentadas por uma mulher que decidiu, acima das convenções da época em que viveu, seguir o coração?".

Segundo o professor Cirilo, no document´´ario, haverá depoimento de artistas, autoridades e amigos. 

"Marian Rabello impactou a vida de capixabas de várias gerações. Quem nunca parou para admirar o painel da antiga fábrica da Atlantic Veneer no município de Serra, hoje patrimônio material histórico? Quem nunca vislumbrou o quadro 'Romaria Noturna dos Homens', exposto no Convento da Penha? Marian também tem painéis gigantescos na Fazenda Veloso, em Nova Venécia, onde refaz a via Sacra com o calvário do Cristo numa obra icônica".

De acordo com o professor, o documentário servirá para perpetuar o legado artístico de Marian Rabello, assim como registrar momentos de reflexão da artista e homenagear todo o trabalho desde 2014.

E o professor Cirilo deixa um recado importante: 

"Que essa e outras gerações possam absorver o legado dela assim como ela se dedicou as obras: com INTENSIDADE".

MARIAN RABELLO É VIDA

Foto: LEENA/ UFES

O ano era 1990 e as cenas eram as aberturas de exposições em Vitória. Sempre aparecia aquela senhora, nunca sozinha, sempre acompanhada de uma menina.

A maquiagem vibrante e o batom vermelho contrastava com as roupas sempre de um colorido vibrante. Aos poucos, fui conhecendo Marian Rabelo, a vida, obra. A primeira homenagem que fiz a ela foi uma ala especial no Salão do Mar que ocorreu no prédio da 8 de maio. 

A entrada do segundo piso era uma ala toda de flores pintadas por Marian. Ali, eu expressei minha primeira gratidão a essa mulher e amiga que sempre me prometia um sapato que nunca veio. 

À medida que a conhecia, mais admirava o trabalho. Essa admiração possibilitou o reconhecimento da trajetória por meio de se tornar parte das nossas pesquisas sobre arte e artistas capixabas. 

Marian pode ser reconhecida em vida com o livro que fizemos sobre ela. No lançamento, no MAES, a mulher vibrante, de maquiagem e batom vermelho estava lá. Viva e renovada. 

Me orgulho muito de ter eternizado a obra dessa artista e amiga que agora virou um ponto de luz, no ceu estrelado da procissão dos homens. Ela inicia um novo ciclo de existência, agora plena e desapegada da materialidade do mundo físico. Um ponto de luz.

Texto: professor Cirilo

Crédito: LEENA/ UFES

Produção: Giuliano de Miranda, pesquisador do LEENA
Direção geral: Aparecido José Cirilo, coordenador da pós-graduação em Arte da UFES e do LEENA.

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