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Carnaval de Congo de Roda d'Água festeja Nossa Senhora da Penha em Cariacica

O tradicional Carnaval do Congo de Máscaras acontece na próxima segunda-feira (24), dia de Nossa Senhora da Penha, e reúne seis bandas tradicionais da região

A festa acontece na segunda-feira (24) Foto: Divulgação/Prefeitura

Além da programação oficial da Festa da Penha 2017, padroeira do Espírito Santo vai receber homenagens também na região de Roda d'Água, em Cariacica. A santa será louvada com preces e com a alegria do ritmo do congo. A entrada é franca e cerca de 10 mil pessoas são esperadas para o vento.

O tradicional Carnaval do Congo de Máscaras acontece na próxima segunda-feira (24), dia de Nossa Senhora da Penha, e reúne seis bandas tradicionais da região. Os festejos reúnem uma programação religiosa com Missa campal às 9 horas. Ao meio-dia, no campo do América, a devoção vai ganhar cores e as toadas dos mestres e dos artistas locais com a roda de Congo.

Participam do evento a Banda de Congo Santa Isabel, do Mestre Jaedson; Banda de Congo Mestre Tagibe, do Mestre Tagibe; Banda de Congo São Sebastião de Taquaruçu, dos Mestres Valdeci e Olival; Banda de Congo Unidos de Boa Vista, da Mestra Dona Darinha; Banda de Congo São Benedito de Boa Vista, do Mestre Juvaldo; e a Banda de Congo São Benedito de Piranema, dos Mestres Joel e Pereá.

Para completar a festa, também participam as bandas de outras cidades, como a Amores da Lua, de Vitória; São Benedito e São Sebastião, de Nova Almeida, Serra; São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, de Pitanga, Serra; Nossa Senhora da Conceição, de Jacaraípe, Serra; Santo Expedito, da Serra Sede; e Fundão, além da Banda de Congo da Apae de Cariacica.

Para o presidente da Associação Art’Folafro Cultura e Arte, Evandro Ladislau, a meta é estabelecer um diálogo entre várias expressões artísticas e deixar o congo capixaba cada vez mais conhecido. "Nessas quase cinco décadas de festejos oficiais, nós vimos o congo quase agonizar mas ele ressurgiu com a força dos mestres e dos integrantes das bandas e segue vivo, atraindo mais e mais pessoas”, sintetiza.

João Bananeira

A tradição surgiu no século XIX Foto: Divulgação/Prefeitura

Os cerca de 200 artistas vão manter viva uma tradição iniciada no século XIX. Como a distância até o Convento da Penha era muito longa, os moradores da região rural de Roda D’Água trataram de expressar seu amor pela Virgem Maria, celebrando a santa em Cariacica mesmo. Na época, escravos e ex-escravos não podiam participar do evento. A forma de driblar a proibição era se fantasiar com máscaras artesanais feita à próprio punho e forrar o corpo de folhas de bananeira, além de tecidos coloridos.  A prática acabou dando origem ao personagem símbolo do carnaval, o João Bananeira. A figura folclórica extrapolou de tal forma que hoje é símbolo do município.

Assim, na procissão religiosa e durante as apresentações das bandas o que não falta é a performance dos Joões Bananeiras, que sempre deixam aquele ar de mistério sobre quem está sob aquela fantasia. “É o que torna o congo feito em Cariacica totalmente diferenciado de todas as outras expressões Brasil afora”, aponta o organizador. Além disso, o congo cariaciquense usa tambores maiores resultando numa percussão de sons graves, num ritmo mais compassado, mais lento que os das outras cidades. A cuíca e o triângulo também são usados. A casaca foi inserida há pouco tempo, há cerca de 10 anos.

Ladislau, que toca tambor na Banda de Congo Santa Isabel, do mestre Jaedson, diz que foi 'adotado' pelo congo. “Há 20 anos, mudei-me de Campo Grande, uma área urbana e agitada para aqui em Roda d’Água. Além da beleza do lugar e de estar mais perto da natureza, passei a conhecer uma tradição que era da minha cidade e que eu não me envolvia. À medida que fui me integrando com os moradores e me envolvendo nesta cultura, eu fui participando mais e mais. O nosso congo de máscaras é desse jeito: quem conhece fica apaixonado”, descreve.

Homenagem

A edição desse ano irá homenagear Prudêncio Nascimento, o mestre Prudêncio de Boa Vista, que faleceu no último dia 7 de abril. Um dos fundadores da Banda Cia Cumby, de suas mãos de artesão apaixonado saíam todos os instrumentos do congo: casacas, chocalhos e tambores. Mestre Prudêncio deixa sua marca que foi o amor pelo Carnaval de Congo de Máscaras, o qual lutou para que fosse revitalizado e conhecido pelas novas gerações. O município decretou, na ocasião, luto oficial de três dias.

Confira a programação:

9h: procissão até a sede da Banda de Congo Santa Isabel, com a imagem de Nossa Senhora da Penha.
10h: Missa campal com Padre Carlos, com tambores de congo e cânticos entoados em ritmo de congo, em frente a sede da Banda de Congo Santa Isabel.
12h: Apresentação musical com a banda Cia Cumby
13h: Apresentação musical com a banda Céu do Congo
14h: Carnaval de Congo de Máscaras com as bandas de congo de Cariacica e bandas convidadas
17h20: Apresentações musicais dos mestres e congueiros das bandas de congo com artistas Flávio Vezzoni (Grupo Moxuara), Carlos Oliveira, Raquel Passos, Edivan Freitas e Ezequiel Nascimento
18h: Hora da Ave Maria com os mestres e congueiros das bandas de congo de Cariacica, com participação da cantora Renata Rosa Weixter, seguido da tradicional cantoria dos mestres congueiros de “Iá, Iá, você vai à Penha”.
Encerramento com a apresentação musical de Ana Carla e Banda

Como chegar: 

De ônibus: vá para o Terminal de Itacibá e lá pegue o ônibus 753. Desça no ponto final próximo ao Campo do América, em Roda d’Água

De carro: pela BR 262, sentido Viana, entre à direita no Posto Sete Belo e siga em direção ao bairro Industrial pela Avenida Mochuara até o bairro de Novo Brasil. Lá, pegue a estrada para Roda D’Água. Veja no mapa!

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