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Vôlei masculino inicia busca do ouro na Olimpíada do Rio para 'coroar ciclo'

Redação Folha Vitória

Rio -

Com um jejum de 12 anos sem medalhas de ouro e o peso de ter perdido as duas últimas finais olímpicas, em Pequim-2008 e Londres-2012, a seleção masculina de vôlei estreia neste domingo contra o México, no ginásio do Maracanãzinho, com o desafio de superar os erros para marcar a conclusão de um ciclo. A equipe se renova, com sete estreantes em Olimpíada, e aguarda a definição do técnico Bernardinho sobre sua saída, após 15 anos no comando da seleção.

“Bruce Chan, campeão de patinação de velocidade, ganhou sua única medalha na última prova da sua última Olimpíada. E era favorito em todas. Quem sabe não estamos nos preparando para isso?”, perguntou o técnico na última quinta-feira, após o treino no ginásio oficial da modalidade. “É, para alguns, a última oportunidade, é o final de um ciclo. Está na hora desse grupo ser premiado”, completou ele, medalha de ouro em Atenas-2004 à frente da seleção.

Em sua oitava Olimpíada e com mais de 30 anos de carreira no vôlei, como jogador e técnico, Bernardinho diz manter a “essência”, a cobrança aos jogadores, mas com um estilo que mescla “leveza com responsabilidade” na competição.

Bernardinho não comenta, mas já recebeu proposta para assumir a seleção do Japão após os Jogos - a equipe não se classificou para a Rio-2016. “Quero encerrar bem este ciclo tão difícil. Perdemos umas finais aqui e ali. Muitas frustrações o time tem. Está na hora de a gente mudar”, afirmou.

Comparando suas transformações às mudanças no Maracanãzinho, onde jogou na década de 80, Bernardinho diz estar em “evolução”. Após boa campanha na Liga Mundial, em julho, e a derrota inesperada para a Sérvia na final, o técnico se reuniu com jogadores e ouviu críticas sobre sua atuação. “A gente é um projeto em construção sempre. Hoje, entendendo um pouco mais como é a minha cobrança para cada um deles. Tenho que buscar ser uma ferramenta melhor para que eles possam desempenhar melhor o papel deles. Mas (quem) achar que vou ficar sentado no banco, então nem vem jogar”, disse.

ADVERSÁRIOS - A trajetória nesta Olimpíada começa contra o México, uma seleção sem tradição no esporte. Ainda assim, Bernardinho quer a equipe “100%”, a fim de aproveitar a estreia para se “despir” de toda a ansiedade de jogar em casa. “Se existe alguma tensão, talvez se permita um pouco desse sentimento agora, se despir logo para jogar com paixão, lucidez e inteligência”, disse o técnico.

O Brasil integra um dos grupos mais difíceis das últimas competições, jogando contra Estados Unidos, Itália e França, tidas como favoritas. Para evitar novo “apagão”, como ocorreu na final da Liga Mundial, o time se fechou. O grupo só chegou à Vila Olímpica na última quarta-feira.

A orientação para os jogadores na competição é de que aproveitem o momento em clima de “leveza com responsabilidade”. “Encontrar um ídolo mundial e não se encantar não é real. As pessoas vão viver isso, é natural. Mas aqui não é a Disney ou um baile de Carnaval. Temos uma missão. Existe a leveza de viver um momento bonito, mas com muita responsabilidade”, afirmou Bernardinho.

Para o oposto Evandro Guerra, um dos novatos do time, a derrota em julho foi “atípica”. “Não conseguimos desenvolver nosso trabalho. Estamos sujeitos a isso, mas não vai acontecer. Agora é jogar o que a gente sabe”, disse. Luccarelli, tido como pilar da nova equipe, garante que a pressão da torcida não será problema. “Ansiedade vai bater com certeza. A expectativa é de demonstrar um belo vôlei. É um campeonato que todo mundo sonha em participar. Espero que nos quatro anos tenha evoluído e faça por merecer estar aqui”, disse o jogador, que acompanhou como visitante a seleção em Londres.

Único representante em quadra da equipe que ganhou o ouro olímpico em 2004, Serginho não se considera especial pela experiência que pode transmitir aos colegas. “Não me sinto importante dentro do grupo, me sinto parte. Em momento adverso, acho que posso ajudar um pouco mais, sou igual, só que mais velho. Quem não sabia o que era uma Olimpíada entendeu só de ver o olho de quem já deu a vida pelo esporte”.

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