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Especialistas em educação contestam possibilidade de reprovação de alunos em 2021

Assunto tem gerado polêmica antes mesmo do início das aulas. Entre os estudantes, há quem defenda e há quem seja contra a medida

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A possibilidade de alunos da rede pública estadual do Espírito Santo serem reprovados no ano letivo de 2021 tem gerado polêmica antes mesmo do início das aulas. Especialistas no assunto contestam a decisão da Secretaria de Estado da Educação (Sedu). Já entre os estudantes, as opiniões são divididas.

O anúncio da Sedu de que alunos poderão ser reprovados neste ano, caso não atinjam as notas exigidas ou faltem além do limite, foi feito durante uma coletiva de imprensa na manhã da última quinta-feira (28). Após isso, a discussão começou. A divergência começa entre os alunos.

"Eu, com certeza, não sou a favor disso, porque estamos falando de dois anos que vamos aprender juntos. No meu caso, o primeiro e o segundo ano do ensino médio. Isso tudo tem que entrar na minha cabeça em um ano só. Ano passado eu não consegui aprender muita coisa e creio que bastante gente também não conseguiu aprender muita coisa nesse período que foi remoto", afirmou o estudante Pedro Henrique Correia Vaz, de 16 anos.

Já a estudante Fernanda Sacramento Duarte Auler se mostrou favorável à medida. "Eu sou a favor dessa decisão, pois assim o governo terá mais controle em relação ao desempenho dos alunos. E, sabendo da dificuldade de muitos alunos em ter acesso à internet, uma medida foi tomada para solucionar esse problema: as atividades impressas. Portanto, todos nós conseguimos alcançar, com sucesso, a realização das tarefas e ninguém fica de fora da responsabilidade", ressaltou.

Se por um lado a Sedu afirma que é hora de avaliar e, se necessário, reprovar alunos, por outro especialistas defendem que é cedo para falar em reprovação. Para eles, em vez de atrair os estudantes para as aulas, sejam elas remotas, híbridas ou presenciais, a decisão pode ser um tiro no pé e ter efeito contrário. 

É o que argumenta o especialista em educação e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Douglas Christian Ferrari de Melo. "Você já começar dizendo que vai reprovar ou aprovar já é um ponto de partida num sarrafo muito alto para um ano que pode ser muito difícil", destacou.

Em 2020, não houve reprovações. Entretanto, de acordo com o secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, as escolas estão mais preparadas neste ano. "O nosso planejamento para o ano de 2021 já prevê a pandemia. Portanto, as ações tentam contornar alguns desses desafios, desses obstáculos que poderiam prejudicar o aluno, exatamente para que a gente possa voltar a uma certa normalidade. Ou seja, a possibilidade, neste caso, de reprovar, se for necessário, sem achar que isso será uma injustiça em função de qualquer desafio que o aluno possa ter em termos de acesso", alegou.

O especialista em educação Fábio Amorim também considera a discussão sobre reprovar ou aprovar alunos menos importante que outra. "Nós temos que discutir as possibilidade das metodologias, como o aluno vai aprender e como vai ser o acesso dos alunos com equidade, com justiça social, no sentido de que nós temos alunos que não têm acesso", frisou.

O estudante Bernardo Rocha Santos se mostrou preocupado com essa possibilidade. Ele conta que pouco aprendeu no ensino remoto e tem medo de repetir o ano letivo, que ainda nem começou.

"Ensino remoto é bom, mas a gente fica perdido em muitos aspectos, inclusive no conteúdo. A maioria não consegue absorver nada ali. Mesmo que a escola tente passar o possível para a gente, mas é difícil, é complicado. Então eu acho que, por causa disso, não deveria ocorrer a reprovação", argumentou.

Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV

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