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Espírito Santo vive momento de estabilização do número de casos de covid-19, diz secretário

Nésio Fernandes ressaltou, no entanto, que não houve o mesmo comportamento no número de óbitos e internações

Foto: Divulgação/ Sesa

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (4), o secretário estadual de saúde, Nésio Fernandes, e o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, atualizaram algumas informações sobre o atual panorama da pandemia do coronavírus no Espírito Santo.

Nésio Fernandes disse que espera importantes anúncios por parte do governo federal, referente à vacinação contra a covid-19, e que espera que erros não voltem a ser cometidos.

Segundo o secretário, o Espírito Santo vive uma etapa de estabilização do número de casos, desde a primeira semana de dezembro. Entretanto, segundo Nésio Fernandes, não houve a mesma estabilização no número de óbitos e internações, que continuaram em aceleração até o dia 24 de dezembro. A partir de então, segundo o secretário, houve uma estabilização do número de internações hospitalares em UTI's para covid-19.

Nésio Fernandes destacou que houve uma redução da notificação de novos casos, por parte dos municípios, em virtude das festividades de final de ano e também por causa do processo de transição dos gestores municipais. No entanto, segundo ele, a partir do final de dezembro a estabilização do número de novos casos foi acompanhada de uma estabilização do número de internações.

Internação de crianças

O secretário ressaltou também que, diferentemente da primeira onda da doença, em meados do ano passado, dessa vez houve um aumento do número de internações de crianças. Nésio destacou que as aulas nas escolas não foram retomadas, em sua plenitude, para as crianças. Portanto, não há relação desse aumento com a interação em sala de aula.

Ainda de acordo com o secretário, quase 90% dos leitos pediátricos para covid-19 no Espírito Santo já estão ocupados. Ele, entretanto, disse que o Estado tem uma boa margem de ampliação de leitos, podendo reverter rapidamente leitos para o atendimento de crianças com covid-19 e outras doenças respiratórias.

Mais internações

O secretário também afirmou que há uma expectativa de que as internações de pacientes com covid-19 possam subir, nas próximas semanas, em virtude das interações ocorridas durante as festas de fim de ano. 

Segundo Fernandes, o estado manteve um aumento sustentável do número de óbitos, alcançando a média móvel, em 14 dias, de 27 mortes diárias. Na primeira expansão da doença, na metade de 2020, essa média móvel estava na casa das 37 mortes e, segundo o secretário, há uma tendência de crescimento da atual média móvel de óbitos. Nésio Fernandes, no entanto, frisou que atualmente a proporção de pessoas internadas com covid-19 que morrem é menor do que a observada na primeira onda.

Mortes no feriadão

De acordo com o secretário, até as 14 horas desta segunda-feira (4), o sistema da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que alimenta o Painel Covid-19 havia registrado 27 novas mortes em decorrência da doença. Desses 27 óbitos, 20 aconteceram durante o feriadão, segundo Nésio Fernandes.

"Entendemos ter uma repercussão nos óbitos de hoje e amanhã, de óbitos acumulados ao longo do feriadão", frisou.

Pressão da rede assistencial

O secretário reconhece que ainda não houve um incremento da pressão assistencial sobre os serviços de saúde como reflexo das festas de final de ano. No entanto, segundo ele, há uma expectativa de que isso possa ocorrer ao longo da primeira quinzena de janeiro.

O subsecretário Luiz Carlos Reblin acrescentou que as interações de final de ano foram feitas essencialmente por uma população mais jovem, que costuma ter sintomas menos graves da covid-19. Entretanto, com a possibilidade de a doença ser transmitida a pessoas mais velhas ou com comorbidade, eventuais internações e mortes ocorrerão ao longo de alguns dias.

Nésio Fernandes também ressaltou que há uma possibilidade de estabilização do número de pacientes internados em UTI's para covid-19, uma vez que esta é a terceira semana consecutiva em que o estado tem aproximadamente 500 pacientes internados nessas unidades — na primeira onda da doença, o estado manteve esse patamar por sete semanas.

Entretanto, ele alerta que essa estabilização pode ser interrompida por uma nova aceleração do número de casos, provocada pelas interações de fim de ano e pela retomada da capacidade de testagem dos município, com o início das novas gestões. Para minimizar a pressão na rede assistencial, o Estado se planeja para chegar a 900 leitos de UTI para covid-19 até o final de fevereiro.

Fiscalização

Segundo Nésio Fernandes, as cenas vistas nas festas de fim de ano não são adequadas para o momento, que exige a adoção de medidas preventivas, com o distanciamento social. "Temos visto festas noturnas nas praias e em outros locais, aglomerações desnecessárias, que vão muito além de um passeio na praia. Também temos percebido o consumo exagerado de bebidas alcoólicas e atividades não adequadas para o momento", ressaltou.

De acordo com o secretário, o Estado intensificará, juntamente com os municípios, a fiscalização do cumprimento às normas sanitárias. Nésio Fernandes disse que, nesta terça-feira (5), ele se reunirá com secretários municipais de Saúde, para discutir o assunto. Além disso, o governador Renato Casagrande também terá uma reunião, no mesmo dia, com prefeitos da Grande Vitória e das cidades do litoral capixaba.

O subsecretário Luiz Carlos Reblin não descarta a possibilidade de que a fiscalização possa ter ações mais repressivas para evitar as aglomerações.

Vacina

De acordo com Nésio Fernandes, o Espírito Santo mantém o diálogo com a indústria e já teve um retorno da Pfizer sobre a disponibilidade da vacina. No entanto, o Estado ainda aguarda o fim das negociações do governo federal com a farmacêutica e espera que o Ministério da Saúde adquira todas as doses que Pfizer disponibilizar para o Brasil.

"As negociações da Pfizer com a União não foram encerradas, elas conseguiram ter um avanço e entendemos que é momento do governo federal compre todas as doses disponíveis no mercado, para garantir a imunização de toda a população brasileira ainda em 2021", disse Nésio.

O secretário afirmou ainda que aguarda com ansiedade as publicações pendentes da Coronavac e do registro da AstraZeneca. Já Luiz Carlos Reblin destacou que o governo do Estado ainda mantém contato com o Instituto Butantã, para que tenha uma alternativa caso o governo federal não disponibilize as vacinas para os estados.

Nésio Fernandes ressaltou também que qualquer vacina com eficácia superior a 50% é satisfatória para a estabilização da saúde pública, e que as que vêm sendo utilizadas em outros países atingiram uma eficácia muito maior. Disse ainda que todas as vacinas que atingiram o estágio 3 são aptas a serem adquiridas pelo Espírito Santo e que, para serem compradas pelo Estado sem o registro da Anvisa, é preciso que elas estejam sendo usadas em países cujas normas sejam rígidas e seguras.

Risco alto

O subsecretário também admitiu a possibilidade de que mais municípios capixabas migrem para o risco alto da doença. No entanto, ressaltou que isso ainda depende do resultado das aglomerações de fim de ano, o que deverá ser percebido até a segunda quinzena de janeiro.

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