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VÍDEO | “A Justiça não funciona”, desabafa pai de Alexandre Martins, assassinado há 20 anos no ES

Reportagem especial traz o relato emocionante do pai do juiz Alexandre Martins, assassinado em 2003. O crime aconteceu em Vila Velha e chocou o país

Tiago Alencar

Redação Folha Vitória
Foto: Folha Vitória

"Infelizmente, estou descrente da Justiça." É com essa frase que Alexandre Martins de Castro, pai do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, assassinado em 24 de março de 2003, aos 32 anos, com três tiros à queima-roupa, resume o sentimento que traz consigo, nesta sexta-feira (24), 20 anos após a morte do magistrado.

A execução do juiz é considerada um dos crimes mais brutais e chocantes da História do Espírito Santo. No total, dez pessoas foram acusadas de envolvimento na morte do magistrado; apenas uma delas ainda não foi julgada no processo, após duas décadas: o juiz Antônio Leopoldo Teixeira, apontado como um dos mandantes do assassinato. Ele, no entanto, nega a acusação.

Em entrevista ao Folha Vitória, o pai do magistrado faz um relato emocionado sobre a infância, a adolescência e a trajetória de Alexandre, e fala sobre a angústia de ainda ter de lutar por justiça para seu filho. A conversa também conta com registros da época do crime, além de informações acerca da condução do processo que trata sobre o caso.



Comparsas e executor do juiz foram presos no dia do crime

• Ainda em 24 de março de 2003, a polícia prendeu três dos acusados de atuarem na execução da morte do juiz.

• No mesmo dia, André Luiz Tavares, o Yoxito, e Leandro Celestino dos Santos, o Pardal, então com 21 e 23 anos de idade, respectivamente, foram presos após as investigações policiais concluírem que eles emprestaram aos executores de Alexandre a moto e uma das armas usadas para matar o magistrado.

• Acusado de ser o autor de um dos disparos que mataram o juiz, Giliarde Ferreira, então com 20 anos de idade, também foi preso horas após o crime.

Foto: Reprodução TV Vitória


Principal suspeito de matar juiz foi preso durante operação policial em Vitória

• Cerca de um mês depois do assassinato de Alexandre, a polícia consegue capturar Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, responsável pelo disparo que acertou a cabeça do magistrado, segundo o inquérito policial. Ele foi preso em 20 de abril de 2003, no bairro Itararé, em Vitória, durante operação policial.

Foto: Reprodução TV Vitória


Policiais e juiz do Tribunal de Justiça são apontados como mandantes do crime

• O coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira foi o primeiro a ser apontado como um dos mandantes do assassinato do juiz.

• A polícia chegou ao nome do militar, citado na denúncia do Ministério Público Estadual (MPES) como o "braço armado" do crime organizado no Estado, na fase inicial do depoimento dos acusados de executar o magistrado.

• Segundo o processo, Ferreira deu ordem para que o juiz fosse executado de dentro da Penitenciária da Papudinha, no Acre, onde estava preso. Ele havia sido transferido para o estado por determinação do próprio Alexandre.

• Ferreira foi a júri popular em 2015, e terminou condenado a 23 anos de prisão em regime fechado.

Foto: Reprodução TV Vitória

• Em 2005, o ex-policial civil e advogado Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, foi denunciado pelo MPES, acusado de também ser um dos mandantes da execução do juiz. No esquema criminoso que o magistrado investigava, Calu, advogava em favor de criminosos ligado ao Coronel Ferreira. 

Foto: Folha Vitória

• Em 2015, dez anos após ser denunciado, Calu foi absolvido no processo, em um dos julgamentos mais longos do Espírito Santo.

• Foi também em 2005 que o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira surgiu como um dos mandantes da execução do magistrado.

• Na denúncia, o MPES afirma que as investigações conduzidas por Alexandre concluíram que Leopoldo atuava de maneira a beneficiar bandidos que faziam parte da organização criminosa à qual Ferreira e Calu estavam ligados.

Foto: Reprodução/ WhatsApp

• Em março de 2005, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) determinou a prisão preventiva de Leopoldo, após afastá-lo do cargo.

• O juiz passou mais de oito meses preso no Quartel da Polícia Militar, em Vitória, até conseguir um habeas-corpus.

Foto: TV Vitória

Leopoldo é o único acusado no processo que ainda não julgado pelo assassinato do juiz. Por conta da série de recursos que ele interpõe em instâncias superiores, seu julgamento já foi adiado por diversas vezes, sendo a última delas em 2021.

• O magistrado e sua defesa rebatem a tese de que ele foi um dos responsáveis por mandar matar Alexandre Martins.


Veja a lista completa com o nome de todos os acusados no processo

INTERMEDIADORES DA EXECUÇÃO:
André Luiz Barbosa Tavares, (Yoxito)
Fernando de Oliveira Reis (Cabeção)
Heber Valêncio
Leandro Celestino dos Santos (Pardal)
Ranilson Alves da Silva
EXECUTORES:
Odessi Martins da Silva Júnior ('Lumbrigão';)
Giliarde Ferreira de Souza
MANDANTES:
Walter Gomes Ferreira (Coronel Ferreira)
Cláudio Luiz Andrade Batista (Calu)
Antônio Leopoldo Teixeira


Veja a cronologia com os principais pontos sobre o crime


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