Trabalhadores do transporte público afirmam que motivo da greve dos rodoviários é disputa política
Eles estiveram na sede da Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região, na tarde desta terça-feira, e negaram que a motivação da paralisação seja falta de segurança
Disputas políticas sindicais seriam o real motivo da paralisação dos rodoviários, anunciada para esta quarta-feira (04). De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), alguns trabalhadores do transporte público estiveram na sede da Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região, por volta das 17 horas desta terça-feira (03), para informar ao procurador-chefe Estanislau Tallon Bozi a respeito dos verdadeiros motivos da greve dos rodoviários.
O Sindicato dos Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários-ES) confirmou, nesta terça-feira, que a paralisação começaria a partir da madrugada desta quarta-feira, alegando que o motivo seria a falta de segurança para motoristas, cobradores e passageiros do transporte público da Grande Vitória. No entanto, os trabalhadores que procuraram o MPT nesta terça-feira disseram, em depoimento, que o real motivo da greve está relacionado com a política interna da categoria.
"Advertidos e compromissados sob as penas da lei, declaram que não houve efetivamente a realização de assembleia geral, mas apenas a coleta de assinatura de listas de presença nas garagens na presença dos chefes dos trabalhadores, nos pontos finais e nos terminais rodoviários, sem observância do horário de convocação", informou a ata da audiência realizada na tarde desta terça-feira.
O primeiro secretário do Instituto de Defesa do Usuário de Transporte Coletivo (Iduc), Luiz Antônio Monteiro, participou da audiência e afirmou que "o instituto é contrário a qualquer paralisação dos serviços públicos de transporte coletivo em virtude de disputas políticas sindicais atinentes à categoria profissional dos rodoviários". No entanto, ressaltou a importância de se reforçar a segurança nos coletivos.
O procurador-chefe do MPT-ES, Estanislau Tallon Bozi, informou que o depoimento prestado na tarde desta terça-feira será encaminhado para o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, que realizará, nesta quarta-feira, uma audiência de conciliação em ação de dissídio coletivo ajuizada pelos sindicatos patronais.
Ainda de acordo com o procurador, as informações recebidas nesta terça-feira serão investigadas e, caso sejam confirmadas, revelarão possível desvio de finalidade da greve.
O outro lado
De acordo com o diretor do Sindirodoviários, Silvio Carlos, a informação de que a greve teria como motivo disputas intenas dentro do sindicato não procedem.
"Vamos parar por causa da violência nos ônibus. Todo mundo está vendo a quantidade de assalto que está tendo. Estamos pedindo mais segurança, só isso. Não tem nada a ver com disputa interna. Não tem nem porquê isso, já que fomos eleitos de forma legítima pela categoria. Estão tentando nos desestabilizar, isso não existe", afirmou.