CORONAVÍRUS

Geral

Especialistas avaliam eficácia de túneis de desinfecção e fazem alerta

Prefeitura da Serra, que instalou sete túneis no município, garante que o produto é eficaz

Foto: Everton Nunes/Secom-PMS

Os túneis de desinfecção instalados pela Prefeitura da Serra, tem causado polêmicas. As autoridades sanitárias contestam a eficiência do processo e alertam para o risco de crises alérgicas que possam ser provocadas. 

Os túneis de desinfecção começaram a funcionar na última quinta feira (07). Ao todo, são sete túneis, sendo que seis estão instalados em terminais de ônibus e em unidades de pronto atendimento. 

Quando a pessoa passa pelo túnel, ele solta jatos com uma mistura de água e dióxido de cloro. A passagem dura de 20 a 30 segundos. A ideia é desinfetar as roupas e o corpo, evitando assim o risco de transmissão do novo coronavírus. 

O custo mensal com os equipamentos é de 120 mil reais. O secretário de Saúde de Serra, Alexandre Viana, garante que o produto utilizado não causa nenhum mal à saúde, e que a eficiência é atestada por órgãos internacionais e certificados no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "O produto é testado em laboratórios internacionais aceitos pela Anvisa, que garantem que estes produtos não fazem mal a saúde, não provocam alergias e têm eficácia comprovada", explica. 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no entanto, emitiu uma nota técnica esclarecendo que a aprovação dos produtos utilizados é valida somente para a aplicação em em objetos e superfícies, e não para aplicação direta nas pessoas. A Anvisa se diz preocupada, porque muitas prefeituras do país estão instalando os túneis.

A Anvisa alerta, ainda que, nenhuma organização internacional recomenda a utilização de túneis ou câmaras para a desinfecção da população contra a covid-19 e que não há nenhuma evidência científica de que o uso dessas estruturas seja eficaz. 

No Espírito Santo, o Conselho Regional de Química também afirma que não existe evidência de que o procedimento funciona. E os infectologistas, além de contestarem a eficácia do processo, alertam para o risco de exposição da pele a substâncias químicas.

"Essas substâncias podem provocar dermatites graves, levar a fenômenos alérgicos e promover sintomas respiratórios que podem ser graves. Em segundo lugar, a efetividade para desinfecção é baixa, o objetivo é que se elimine vírus das superfícies, mas a eliminação das superfícies corporais depende de uma exposição homogênea, o que não é garantido pelo túnel", afirma o médico infectologista Crispim Cerutti.

Segundo a infectologista Rúbia Miossi, existem outras maneiras de evitar o contágio que são mais simples e mais baratas, e que tem eficiência comprovada pela ciência, entre elas está a higienização das mãos.

*Com informações do repórter da TV Vitória/Record TV, Alex Pandini. 

Pontos moeda