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Após 52 dias fechadas, saiba o que as escolas do ES fizeram para voltar a receber alunos

Uso obrigatório de máscaras, distanciamento entre os estudantes e higienização constante são algumas das medidas obrigatórias dentro das instituições

Foto: TV Vitória

Após quase dois meses de escolas fechadas, as aulas presenciais foram retomadas, nesta segunda-feira (10), em diversas cidades capixabas classificadas em risco alto para o novo coronavírus, incluindo as da Grande Vitória. A autorização do governo estadual, no entanto, contempla apenas as turmas da educação infantil e do ensino fundamental I (do 1º ao 5º ano), seja nas escolas públicas ou nas particulares.

Nas instituições de ensino, as salas de aula precisaram ser preparadas para receber os alunos. As carteiras tiveram de ser posicionadas a uma distância de um metro e meio de uma para a outra. Já da primeira fileira até o professor, a distância é ainda maior, de dois metros.

Outro cuidado tomado por algumas escolas é que o recreio acontece dentro das salas de aulas e poucas turmas vão por vez ao pátio, justamente para evitar aglomeração. Além disso, os alunos têm à sua disposição sabão e álcool em gel para fazer a higienização das mãos.

A estudante Alice Selga, de 9 anos, foi uma que comemorou o retorno das aulas presenciais. Aluna do 4º ano de uma escola particular de Vitória, ela conta que não via a hora de voltar para a sala de aula. "É melhor quando a professora está lá para te ajudar. Quando você está online já é mais difícil", comentou.

Na escola onde Alice estuda, todos os alunos das turmas da educação infantil e do ensino fundamental I voltaram para as salas. Ao todo, retornaram para a escola cerca de 370 crianças, algumas em período integral.

"Hoje elas já internalizaram todas as práticas necessárias para enfrentar essa pandemia. É natural para elas já utilizar a máscara, trocar as máscaras no período de duas a três horas, higienizar as mãos, manter o distanciamento quando estão interagindo com os colegas", afirmou a coordenadora pedagógica de ensino fundamental e anos iniciais da escola, Renata Miranda.

A médica infectologista Ana Carolina de Torres explica que a faixa etária dos alunos que puderam retornar para as aulas presenciais no Espírito Santo representa um risco menor para o agravamento dos números da covid-19. 

"Desde o início da pandemia a gente tem observado que a população dessa idade, do ensino infantil, menos de seis anos, é muito menos acometido em proporção às demais pessoas. Isso se sustenta desde o começo. Mesmo quando infectadas, elas não desenvolvem formas graves e isso não leva à hospitalização. A ideia inicial que se tinha, de que a criança era mais transmissora, não se sustentou. A criança é tão transmissora quanto o adulto. O importante é a gente identificar os sintomas iniciais e isolar as crianças", orientou.

A infectologista destacou ainda que, nesse retorno dos estudantes para a escola, todo mundo deve fazer sua parte. "É importante que a gente ensine que o uso adequado de máscaras é fundamental nesse momento; higiene de mãos, sempre disponibilizar um álcool em gel, para ela ter disponível para higienizar as mãos; uma máscara reserva, porque quando ela for lanchar, ela vai ter que trocar a máscara, ela não vai poder colocar a máscara contaminada; e explicar para a criança que, nesse momento, a gente tem que ser distante dos coleguinhas, que isso é um sinal de amor. Não abraçar, não dividir comida, tudo isso é um sinal de respeito ao coleguinha", frisou.

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Autorização

O secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, explicou que o governo do Estado autoriza, mas não pode determinar o retorno às aulas presenciais. "Nós não temos o poder de ordenar ninguém a voltar às aulas, essa não é a prerrogativa do governo estadual. Nós autorizamos e também voltamos com as nossas escolas. Só que, no caso da educação infantil, cabe a cada escola particular e ao município decidir se volta ou se não volta. Temos a informação de que alguns municípios decidiram por não voltar. É um direito deles, é um diálogo que eles precisam fazer com as famílias. Enquanto outras redes e escolas particulares decidiram voltar a partir de hoje [segunda-feira]", destacou.

No entanto, em entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira, o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, ressaltou que o governo do Estado reconhece a importância da educação para a sociedade e que, caso algum município não consiga retornar com parte das aulas presenciais, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) será acionado para fiscalizar a gestão municipal.

"Não há razões sanitárias para que as escolas fiquem fechadas. Os gestores que não abrirem deverão apresentar justificativas robustas para isso. De maneira limitada, gradual, híbrida e facultada o retorno presencial. Nós não podemos perder a oportunidade de devolver as escolas", disse Nésio.

Ele acrescentou que os prejuízos acumulados pela infância e juventude por um período de fechamento contínuo das escolas podem ser irreparáveis. "Os ciclos de aprendizagem e as competências aprendidas poderá ter um comprometimento que levará anos para ser recuperado", alertou o secretário. 

Retorno

Na região metropolitana, Vitória foi a única cidade que retornou com as aulas nesta segunda-feira. Entretanto, a volta às aulas, na rede municipal, ocorreu apenas para os estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental do chamado grupo azul. Os demais alunos dessas séries — o grupo laranja — só retornarão às salas de aula no próximo dia 17, assim como as crianças dos grupos 5 e 6 da Educação Infantil.

De acordo com a prefeitura, nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei), não haverá revezamento entre as crianças. Já as aulas para os alunos do 6º ao 9º ano ainda não têm autorização para retornar à modalidade presencial.

Em Vila Velha, o ensino continua no formato remoto, seguindo os protocolos de segurança e preservando a saúde de todos. As aulas acontecem em ambiente virtual, por meio da plataforma municipal “Escola Tá ON” e do Google Classroom (Google Sala de Aula), com as Atividades Pedagógicas Não Presenciais.

Em Cariacica, as atividades presenciais não retornam em maio. A Secretaria Municipal de Educação destacou que vai aguardar a evolução do processo de vacinação ao longo do mês e ampliar as discussões com o Sindiupes, Conselho e Fórum Municipal de Educação para planejar o retorno.

Na Serra, a Secretaria Municipal de Educação informou, que, conforme orientações do governo estadual, as aulas presenciais no município serão retomadas no dia 25 de maio, no modelo híbrido, com escalonamento das turmas, começando pelas séries iniciais do Ensino Fundamental e Educação Infantil. O calendário de volta às aulas presenciais na Serra fica dessa forma:

- 25 de maio - Crianças/estudantes - 1º e 2º anos do Ensino Fundamental
- 31 de maio - Crianças/estudantes - 3º, 4º e 5º anos do Ensino Fundamental
- 07 de junho - Crianças dos Grupos 4 e 5 da Educação Infantil

As turmas em que não houver o retorno híbrido das aulas, conforme o calendário, deverão permanecer com as Atividades Pedagógicas Não Presenciais (APNPs) remotas.

A secretaria informou ainda que, a partir desta quarta-feira (12), todas as 141 Unidades de Ensino da Rede Municipal da Serra devem retomar a abertura diária com atendimento à comunidade escolar, de segunda a sexta-feira, em horário normal de funcionamento. Essa reabertura, segundo a secretaria, vai possibilitar o preparo para o recebimento dos alunos com segurança sanitária.

Em Viana, a prefeitura informou que o retorno da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental, ou seja, do berçário até o 5° ano do Fundamental, será no dia 18 de maio. As atividades educacionais irão retornar de forma escalonada, ou seja, com rodízio entre aulas presenciais e atividades remotas em casa. 

Além disso, haverá escalonamento entre as turmas para evitar aglomeração. Os alunos terão dias de aulas nas escolas, onde poderão tirar dúvidas com os professores.

"Viana está preparada para o retorno. Porém cumpre destacar que nós retornaremos no dia 18 se o município estiver no risco moderado. Nós vamos seguir o mapa e esperamos estar no risco moderado para retornar", destacou a secretária de Educação de Viana, Luzian Belisário.

Com informações do repórter Álvaro Zanotti, da TV Vitória/Record TV  

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