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VÍDEO | Capixabas formam fila para receber mais de 2 toneladas de peixe em protesto solidário

A organização do protesto afirmou que outras ações como a desta terça-feira serão realizadas em Vitória

Capixabas formaram uma extensa fila na manhã desta terça-feira (24) na Praça do Papa, em Vitória, para receber doações de peixes limpos e congelados. As pessoas começaram a chegar ao local por volta das 5h.

A doação faz parte de um protesto solidário realizado pelo Sindicato dos Pescadores Profissionais, Artesanais, Aquicultores, Marisqueiros e Criadores de Peixes do Estado (Sindipesmes). 

O objetivo, segundo os organizadores, é chamar a atenção do governo do Estado e da Fundação Renova para as dificuldades que mais de 160 famílias ainda enfrentam, depois do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, ocorrido em novembro de 2015.

Antes de começar a distribuição dos peixes, os manifestantes fizeram uma caminhada da Praça do Papa até a Assembleia Legislativa do Espírito Santo, onde representantes participaram de uma audiência pública. Parte do grupo fez um protesto na frente da Ales e retornou para a Praça do Papa.

Folha Vitória / Júlio Lopes
Folha Vitória / Júlio Lopes
Folha Vitória / Júlio Lopes
Folha Vitória / Júlio Lopes
Folha Vitória / Júlio Lopes

Ao todo, foram doadas duas toneladas e duzentos quilos de peixes. A entrega das doações é realizada por ordem de chegada. Cada pessoa recebeu um quilo de peixe limpo e congelado.

Foto: Folha Vitória / Júlio Lopes

O caminhão frigorífico com os peixes chegou na praça do Papa por volta de 09h. A distribuição dos peixes começou às 13h. 

A fila formada na Praça do Papa foi extensa. Uma das pessoas que aguardava para receber a doação é Luiz Roberto Resende. Ele contou que chegou às 7h e aguardou ansiosamente para receber os peixes. 

A Policia Militar acompanhou a distribuição das doações e auxiliou na organização. 

Folha Vitória / Júlio Lopes
Folha Vitória / Júlio Lopes
Folha Vitória / Júlio Lopes
Folha Vitória / Júlio Lopes
Folha Vitória / Júlio Lopes

Rompimento da barragem de Mariana impactou famílias que viviam da pesca

De acordo com o Sindipesmes, o aumento do preço nos produtos vendidos no mercado de peixe da Praia do Suá, por exemplo, é fruto da dificuldade da pesca dos animais nas regiões contaminadas pela lama da barragem de Mariana. 

O presidente do Sindipesmes, João Carlos da Fonseca, afirmou que várias famílias envolvidas há anos na pesca e venda dos mariscos se viram sem outra alternativa a não ser recorrer às novas formas de subsistência e ainda não receberam suas devidas indenizações da Fundação Renova.

O que diz a Fundação Renova

De acordo com nota da Fundação Renova, enviada pela assessoria de comunicação, a "Renova iniciou em janeiro de 2020 o atendimento aos pescadores da Enseada do Suá, em Vitória (ES), diretamente impactados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). O Termo de Acordo que concluiu a avaliação e mensuração dos danos comprovados sofridos pelos pescadores de camarão da Enseada do Suá formalizou os resultados do processo de negociação do Grupo de Trabalho, que incluiu órgãos públicos, Sindicato dos Pescadores e Fundação Renova."

A Fundação destacou ainda: "A proposta de indenização, englobando valores e critérios de elegibilidade, foi construída coletivamente, incluindo oficinas que contaram com participação e mobilização da comunidade pesqueira. O pagamento contempla toda a indenização que os atingidos fazem jus, com lucro cessante e danos morais individuais."

Confira a nota na´ íntegra:

A Fundação Renova esclarece que até julho deste ano, o valor total pago em indenização aos camaroeiros somou R$ 82,4 milhões para 173 pessoas. Neste ano também está sendo pago aos camaroeiros o lucro cessante referente a 2020. Até julho, cerca de R$ R$ 20 milhões foram pagos a 170 atingidos.

Cerca de R$ 14 bilhões foram desembolsados nas ações de reparação e compensação até junho, tendo sido pagos R$ 4,7 bilhões em indenizações e auxílios financeiros emergenciais para mais de 328 mil pessoas em todo o território. No Espírito Santo, até junho, foram pagos cerca de R$ 2,5 bilhões, considerando indenizações e auxílios financeiros.

A Fundação Renova iniciou em janeiro de 2020 o atendimento aos pescadores da Enseada do Suá, em Vitória (ES), diretamente impactados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). O Termo de Acordo que concluiu a avaliação e mensuração dos danos comprovados sofridos pelos pescadores de camarão da Enseada do Suá formalizou os resultados do processo de negociação do Grupo de Trabalho, que incluiu órgãos públicos, Sindicato dos Pescadores e Fundação Renova. Os camaroeiros apresentaram diretrizes para o rateio dos valores, obedecidas a forma de trabalho e os costumes locais.

A proposta de indenização, englobando valores e critérios de elegibilidade, foi construída coletivamente, incluindo oficinas que contaram com participação e mobilização da comunidade pesqueira. O pagamento contempla toda a indenização que os atingidos fazem jus, com lucro cessante e danos morais individuais.

Modelo participativo

O Grupo de Trabalho, instituído em abril de 2018 para buscar solução consensual sobre as medidas de reparação integral dos camaroeiros da Enseada do Suá, foi formado por representantes dos pescadores de camarão, apoiados pelo Sindicato dos Pescadores do Espírito Santo (Sendipesm-ES), Defensoria Pública Estadual (DPES), Defensoria Pública da União (DPU), Ministério Público Federal (MPF), Fundação Renova, Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e Ministério da Agricultura Pesca e Abastecimento (Mapa). 

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