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Com aumento de casos graves e internações, secretário de Saúde alerta: "Apostar na imunidade de rebanho é insanidade"

O pico de casos em uma das regiões monitoradas já ultrapassou o registrado nos primeiros meses de pandemia

Foto: Divulgação

O secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, utilizou as redes sociais nesta terça-feira (17) para atualizar o panorama geral da pandemia do coronavírus no Estado. De acordo com a análise do médico sanitarista, após passar por alguns meses de estabilidade no número de casos graves e mortes em decorrência da doença, a secretaria voltou a registrar aumento de internações. O pico de casos em uma das regiões monitoradas já ultrapassou o registrado nos primeiros meses de pandemia.

Nésio destacou o comportamento da covid-19 na Região Metropolitana de Saúde, que engloba além dos municípios da Grande Vitória, cidades do interior, como Domingo Martins, Venda Nova do Imigrante, Brejetuba e outras. 

Nestes municípios, houve estabilização de casos entre 7 de setembro e 14 de outubro. Porém, a partir desta data, os casos chegaram a 132,64 na média móvel de 14 dias, ultrapassando, no dia 8 de novembro, o limite do pico de casos observados anteriormente na chamada 'primeira onda' da pandemia.

Foto: Reprodução

A projeção do secretário é de que até o final de novembro o novo pico de casos na Região Metropolitana de Saúde será substancialmente maior que o da primeira curva. No entanto, Nésio ressalta que a letalidade por covid-19 nos respectivos meses é menor que no período anterior, apesar de outubro ter apresentado mais óbitos que setembro.

Internações por dia e óbitos

Ainda segundo a análise do secretário, a partir do dia 27 de outubro o movimento de oscilação da internação em  leitos de UTI-COVID passou a ocorrer no Espírito Santo. Nos três últimos dias a ocupação ultrapassou variação de 330 pacientes, "apresentando tendência clara de crescimento de casos graves", de acordo com Nésio.

"Esse comportamento foi precedido de um aumento sustentado de internações em enfermarias covid-19 a partir do dia 14 de outubro", ressaltou. Nesse contexto, desenha-se, segundo o médico, o cenário de aumento sustentado dos óbitos e das internações acima de 330 pacientes/dia.

"As medidas para suportar a pressão assistencial já foram tomadas, é preciso deixar claro a sociedade sobre a necessidade de coesão/disciplina social nesta nova fase de enfrentamento a pandemia. Apostar na imunidade de rebanho é insanidade", disse Nésio.

A chamada “imunidade de rebanho” diz respeito uma técnica de imunização em que uma determinada parcela da população se torna imune a uma doença, ou seja, desenvolvem anticorpos contra o agente causador da doença. As pessoas imunizadas acabam agindo como uma barreira, protegendo toda a população.

Entretanto, pesquisadores estimam que cerca de 70% da população precisaria se recuperar efetivamente da infecção pelo coronavírus para a imunidade de rebanho acontecer naturalmente. 

Nesse sentido, autoridades em saúde alertam que para se chegar até esse número, o cenário pode ser catastrófico, já que um número alto de mortes ocorreria antes desse tipo de imunização ser considerada eficaz.

Ocupação em hospitais

O secretário também alertou que a rede hospitalar estadual voltou a ser reforçada com a compra de leitos em unidades privadas e que as unidades de internação atualmente estão sobrecarregadas com pacientes de outras enfermidades, além da covid-19.

"Neste momento operamos a rede sobrecarregada com uma quadrupla carga de doenças: doenças infecciosas e problemas nutricionais conhecidos, causas externas e doenças crônicas descompensadas estão somadas a carga diferenciada da pandemia(...). A demanda por UTI, não-covid é maior que a pressão assistencial de pacientes com covid-19. O mesmo comportamento ocorre com a demanda de leitos de enfermaria", pontuou.

>> Leia também: Com quase 90% de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para covid-19, governo do ES volta a comprar vagas na rede privada

O secretário ressaltou também a necessidade da manutenção dos cuidados de higiene e de distanciamento até que um processo de vacinação seguro possa ser planejado e executado.

"A pandemia não acabou, temos pelo menos mais 8 meses de resistência até ter o processo de vacinação alcançando os primeiros grupos prioritários. Seguiremos convivendo com o uso de máscaras, protocolos sanitários, isolando sintomáticos e testando/monitorando amplamente a população", finalizou.








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