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Vacina produzida pela Pfizer teve a aprovação mais rápida da história

Apesar da rápida elaboração e aprovação do imunizante, as empresas responsáveis tiveram o auxílio de alguns pontos importantes, como tecnologia e urgência em virtude da mortalidade

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A empresa alemã BioNTech e a norte-americana Pfizer atingiram um resultado histórico nesta quarta-feira (02). Ambas conseguiram desenvolver e receber a aprovação de uma vacina em menos de um ano, conquistando assim um tempo recorde.

O primeiro país a autorizar o uso do imunizante foi o Reino Unido. A vacina contra a covid-19 fabricada pelas empresas e utilizada no país será chamada de BNT162.

A agência reguladora de drogas e alimentos dos Estados Unidos (FDA) vai se reunir na próxima segunda-feira (7) para estudar o pedido de registro.

O curto período entre o surgimento da doença e a confirmação da um imunizante tem sido motivo para que pessoas criem as mais variadas teorias de conspiração a respeito da fabricação.

Mas todo esse processo se deve à alguns fatos que devem ser levado sem consideração:

1. Pandemia exige trabalhos acelerados

O aparecimento do novo coronavírus causou uma pane mundial. Desde o mês de fevereiro, milhares de voos precisaram ser cancelados, empresas foram à falência, hospitais ficaram lotados, o isolamento obrigando pessoas a ficaram dentro de suas casas. Isso sem contar com mais de 1,4 milhão de mortes e pessoas com sequelas. A resposta precisou vir de uma maneira nunca vista antes na história da saúde global.

O novo coronavírus (SARS-CoV-2) foi encontrado na cidade de Wuhan, na China, em meados de dezembro de 2019, mesmo que existam pesquisas para comprovar o real período em que o vírus foi descoberto.

Em 12 de janeiro deste ano, a China já havia disponibilizado a sequência genética do vírus, algo que ajudou cientistas de todo o mundo a estudá-lo, inclusive foi útil para o desenvolvimento da vacina.

2. Uso de novas tecnologias

No início de 2020, a empresa alemã de biotecnologia BioNTech lançou o projeto "Lightspeed" (velocidade da luz, em português). A fabricante é especializada na tecnologia de RNA mensageiro para doenças infecciosas e deu início ao desenvolvimento da vacina no momento em que a China divulgou o código genético do SARS-CoV-2.

Nesta etapa, os pesquisadores escolheram qual tipo de imunizante seria o mais adequado, com isso, deram início aos estudos em animais, testes de toxicidade e estudos de boas práticas de fabricação. Tudo isso aconteceu antes mesmo da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar que se tratava de uma pandemia.

A tecnologia utilizada pela BioNTech nunca foi usada antes para vacinas no mundo, mas não por falta de interesse, já que a empresa pesquisa sobre imunizantes de RNA mensageiro contra gripe, por exemplo.

O método dispensa a manipulação de vírus, como ocorre em vacinas tradicionais, que os atenuam ou inativam.

O RNA mensageiro (RNAm) é uma molécula produzida em laboratório que se assemelha ao material genético do SARS-CoV-2, mas é incapaz de trazer consigo a doença, apenas ativa o sistema imunológico ao ser inserida e o faz produzir anticorpos contra esse vírus específico.

Uma vez que o indivíduo tenha contato com o SARS-CoV-2, há grandes chances de que o organismo combata o agente invasor antes que ele se infecte com a covid-19.

3. Parcerias e investimentos público e privado

Os acordos comerciais foram, sem sombra de dúvidas, uma das razões para o sucesso da BioNTech. Esses acordo aconteceram com a empresa chinesa Fosun, no dia 16 de março e com a norte-americana Pfizer, em 17 de março.

A BioNTech e a Pfizer já mantinham uma parceria desde 2018 para o desenvolvimento de um imunizante RNAm para influenza.

Além do capital e expertise do setor privado, a empresa recebeu também financiamento do governo alemão: 375 milhões de euros (cerca de R$ 2,37 bilhões).

4. Vírus em crescente circulação

A testagem da vacina em humanos teve início no dia 23 de abril, na Alemanha, e em 4 de março, nos EUA. No total foram aplicados quatro modalidades de vacinas em 500 voluntários nas fases 1 e 2. Normalmente, essas etapas acontecem de forma separada, mas a pandemia exigiu que os procedimentos fossem mais encorpados e os dados fossem estudados de maneira simultânea.

Em julho foram apresentados os primeiros resultados da fase 1 na Alemanha e nos EUA. Neste mesmo período, a Pfizer deu início ao recrutamento de 3,5 mil voluntários em 154 centros de pesquisa nos Estados Unidos, Argentina, Brasil, Alemanha, África do Sul e Turquia.

A forte circulação do SARS-CoV-2 em alguns locais permite que mais pessoas do grupo estudado sejam infectadas em um menor espaço tempo, fator de extrema importância para a avaliação de uma vacina.

Em virtude deste padrão de transmissão, principalmente nos Estados Unidos, que a empresa alemã conseguiu o número mínimo de pessoas com covid-19 para encerrar a terceira fase de testes, no último dia 18.

Os resultados apontam que a vacina tem 95% de eficácia contra o novo coronavírus. Pois entre os que receberam o imunizante, apenas 5% contraíram a doença. Os demais infectados estavam no grupo de voluntários que receberam placebo.

Ambas as corporações preveem a fabricação de 1,3 bilhão de doses do imunizante em 2021, capaz de garantir a proteção de aproximadamente 650 milhões de pessoas. 

* Com informações do Portal R7

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