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Surto de febre amarela ronda o Espírito Santo; entenda melhor a doença

Gilton Almada

Gilton Almada Foto: TV Vitória

O Espírito Santo está ameaçado pelo surto de febre amarela. Isso porque Minas Gerais, o Estado vizinho que é o maior destino de capixabas, já decretou situação de emergência em saúde pública por 180 dias em áreas onde ocorre o surto. 

Ao todo, são mais de 150 cidades afetadas e, somente nos primeiros 13 dias deste ano, 30 pessoas morreram com os sintomas da doença.

No Espírito Santo não há casos confirmados, mas mais de 50 macacos já foram encontrados mortos em cidades próximas à divisa com Minas Gerais. 

Apesar dos testes de laboratório ainda não estarem prontos, existe a possibilidade dos animais terem morrido por conta da infecção pelo vírus da febre amarela.

Apesar da proximidade do risco, o coordenador do Centro de Emegência em Saúde Pública da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) diz que não há motivo para preocupação e pânico.

Confira abaixo a entrevista completa:

Folha Vitória: Está havendo um novo surto de febre amarela no Brasil?
Gilton Almada: A febre amarela que é contraída quando as pessoas entram em matas, em regiões de floresta, sempre ocorreu, sobretudo no Norte do Brasil, com poucos casos. Neste momento, nos últimos dias, têm acontecido surtos em Minas gerais. Várias cidades têm relatado casos confirmados em humanos e animais. Não é comum esse número grande desse tipo da doença.

FV: Quais são os tipos?
GA: Tem dois tipos, a urbana e a silvestre, que é a mesma doença e apresenta o mesmo quadro clínico da urbana. O que difere uma da outra é o modo de transmissão. Na silvestre o vírus circula na região de matas entre mosquitos e macacos. O homem adquire acidentalmente quando entra nessas matas. A febre amarela urbana é quando a pessoa adquire na cidade por meio da picada do Aedes Aegypti. 

FV: Há quanto tempo não eram registrados casos?
GA: Desde 1942 não há registro de casos confirmados de transmissão de febre amarela em perímetro urbano.

FV: No Espírito Santo, muitos macacos foram encontrados mortos nos últimos dias. A Sesa acredita que eles foram vitimados pelo vírus?
GA: Eles pode morrer por várias doenças, podem ser atropelados, mas também podem morrer pela febre amarela, que é o que nos preocupa. Neste momento não temos morte confirmada por febre amarela. A investigação será contínua enquanto existirem essas mortes. As equipes estão em campo e a todo momento podem estar encontrando novos animais.  Na medida do possível fazemos a coleta do material para fazer pesquisa em laboratório. As amostras são encaminhadas para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, e temos o prazo de 20 dias a partir do momento em que a amostra chega lá para receber o diagnóstico.

FV: Quantos macacos foram encontrados mortos no Estado?
GA: A gente tem 54 animais mortos notificados oficialmente até o momento em Colatina (11), Pancas (17), Governador Lindenberg (4), Ibatiba (10), Irupi (8) e Baixo Guandu (4). Há grupos de animais morrendo mais ao Norte outros mais ao Sul, sempre perto de Minas.

FV: A Sesa percebeu aumento na procura por vacina contra febre amarela no Estado?
GA: Qual a recomendação do Ministério da Saúde até o momento? O Espírito Santo não está dentro da área considerada para a vacinação de rotina. Quem não se desloca para nenhuma área de infecção, como Minas Gerais, parte de São Paulo e da Bahia, não é recomendado tomar vacina. Todos os 78 municípios do Espírito Santo estão de fora.

FV: Quais são os sintomas da febre amarela?
GA: Ela é uma doença infecciona, então parece com outras como a dengue. Os sintomas são febre, dor de cabeça, calafrios, dor muscular generalizada, às vezes câimbras e, com a evolução da doença, pode apresentar quadro de infecção do fígado e do rim, tendo icterícia, falência renal, hemorragia e vômito escuro.

FV: É considerada uma doença letal?
GA: Ela tem letalidade alta quando não é tratada a tempo, assim como a dengue, que caso você tenha e não procure atendimento pode ir a óbito. Se a pessoa estiver com esse quadro, basta procurar a unidade de saúde porque neste momento a última preocupação é com a febre amarela. Pode ser dengue, zica, leptospirose ou chikungunya. 

FV: Como evitar a febre amarela?
GA: Como a doença é transmitida por mosquito, quem for viajar para áreas de risco deve se vacinar. Basta uma dose. E a segunda vai tomar só dez anos depois, não precisa tomar mais. Preferencialmente a vacina deve ser tomada com a antecedência de dez dias e se fazer a proteção rotineira contra o aedes, com uso de repelente, roupa com manga comprida, entre outras medidas.

FV: E para os turistas de área de risco que vêm para o Espírito Santo quais as recomendações?
GA: Os mineiros que não tomou pode procurar uma unidade de saúde sem problema, mas o capixaba não. Não são todas as unidades que têm a vacina porque não está no calendário normal. Não dá para pôr se não perde a validade por conta da baixa procura. Quem precisar tomar tem que ligar para a secretaria de Saúde para saber quais unidades têm a vacina e os dias e horários de aplicação dessas doses. 

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