Polícia

Em vídeo gravado momentos depois de acidente em Camburi, motorista nega ter bebido: "Tomei só água"

De acordo com relatos de quem presenciou o acidente, a motorista e uma passageira aparentavam estar embriagadas, pois apresentavam dificuldades para falar e sussurravam palavras sem sentido

Matheus Foletto

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução
A corretora de imóveis Adriana Felisberto Pereira, de 33 anos, era quem dirigia o carro que atingiu a estudante

Um vídeo gravado logo após o acidente que matou a estudante Luísa Lopes, de 24 anos, na noite da última sexta-feira (15), na Avenida Dante Michelini, na orla da Praia de Camburi, em Vitória, mostra a motorista Adriana Felisberto Pereira, de 33 anos, negando ter ingerido bebida alcoólica.

A corretora de imóveis, que dirigia o carro que atingiu a estudante, é questionada por estar com a fala arrastada e explica que tomou remédios antidepressivos na manhã de sexta-feira. 

"Eu sou depressiva e tomei remédio às 8h da manhã. Você acha que eu estou bem? Eu não estou bem. Ela (a ciclista) passou na minha frente. Ela atravessou na minha frente do nada. Eu não bebi. Tomei água, só água", afirmou a corretora.

Em outro registro, Adriana reclama sobre o estado que o carro dela ficou após a colisão e é repreendida por uma outra mulher. "Você está preocupada com seu carro? Você acabou de estourar a cabeça de uma menina. Fica em silêncio porque você está piorando as coisas". A corretora responde: "Eu estourei a cabeça dela porque ela passou na minha frente".

De acordo com relatos de quem presenciou o acidente, a motorista e uma passageira aparentavam estar embriagadas, pois apresentavam dificuldades para falar e sussurravam palavras sem sentido.

Após prestar as primeiras informações a polícia, a mulher foi encaminhada para Delegacia de Vitória para mais esclarecimentos sobre o caso. A corretora foi levada para o presídio e passará por audiência de custódia.

O corpo de Luisa foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, onde a família esteve, na manhã deste sábado(16), para realizar a liberação.

Família lamenta a morte

Durante a saída do departamento, o pai da vítima, Ivan Lopes, relatou que os sonhos da filha foram interrompidos. A jovem queria ir para o Canadá e estava com tudo pronto.

Segundo Ivan, a filha era estudante de inglês e, também, cursava o último período de oceanografia na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Foto: Luísa Lopes | Instagram

O pai ainda relatou que os militares que atenderam a ocorrência confirmaram que, a mulher que conduzia o veículo que atingiu a jovem apresentava sinais de embriaguez.

Abalada, a mãe da jovem foi amparada por muitos amigos. Para o pai da jovem, o que fica, além da dor, é a esperança de que o atropelamento da filha não fique impune.

Nas redes sociais, Luísa compartilhava um pouco do seu trabalho e sua rotina do dia a dia. Amigos e conhecidos da vítima deixaram algumas mensagens de lamentação em umas de suas fotos. Uma das mensagens dizia:

'Sinto uma revolta gigantesca em ver a culpada disso. Estava completamente alterada, fora de si! Tá muito errado isso. Dói demais Luísa, dói demais toda essa maldade que foi feita. Você deixou muito e tinha mais um tantão a deixar. Ore por nós daí!", escreveu uma amiga.

O presidente da escola de samba Unidos de Jucutuquara, em que Luiza era passista, também lamentou a morte da jovem.

O perfil do curso que ela realizava na Ufes também fez uma postagem sobre a morte da jovem.

A mulher que conduzia o veículo no momento do atropelamento passou por exame de corpo delito na manhã desse sábado. Ela foi encaminhada para o sistema prisional capixaba, mas já deixou o local mediante alvará de soltura.

Motorista teve liberdade provisória concedida neste sábado (16)

A corretora de imóveis Adriana Felisberto Pereira, de 33 anos, é apontada como a motorista que atropelou Luísa. Ela se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas os policiais notaram que a mulher apresentava sinais de embriaguez. A mulher teve a liberdade provisória, mediante pagamento de fiança, concedida pela Justiça na tarde deste sábado (16).

O juiz José Leão Ferreira Souto arbitrou fiança no valor de R$ 3 mil. Assim que o valor for pago, a corretora poderá deixar a prisão. O magistrado entendeu que a liberdade de Adriana "não oferece risco à ordem econômica, à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal, considerando que possui residência fixa e ocupação lícita, bem como é primária".

A Justiça também elencou uma série de medidas cautelares que deverão ser cumpridas pela corretora. São elas:

a) proibição de sair da Grande Vitória sem prévia autorização do Juiz natural da causa;
b) comparecimento a todos os atos do processo, devendo manter endereço atualizado;
c) proibição de frequentar bares, boates, prostíbulos e assemelhados;
d) recolhimento domiciliar de 20h às 6h;
e) comparecer em até 5 dias úteis a contar desta data ao juízo ao qual o presente APF será distribuído, com cópia de comprovante de residência, RG, CPF, CTPS e título de eleitor.

O juiz ainda relata no termo de audiência de custódia que, conforme consta no Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD), policiais militares foram acionados para atender uma ocorrência de trânsito com suposta vítima fatal no bairro Jardim da Penha. No local, teriam recebido informações de que a vítima, na condução de uma bicicleta preta, teria sido atropelada por outro veículo e arremessada contra o automóvel da autuada, que na oportunidade teria sido detida por supostamente conduzir veículo automotor sob influência de álcool. No documento, ainda há a informação de que a corretora teria se recusado a realizar o teste do etilômetro.

Adriana foi autuada pelo crime previsto no Artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que diz respeito a conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência.

A pena pode variar de seis meses a três anos de detenção, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Ainda segundo o que consta no documento, a corretora não foi autuado pelo crime de homicídio.

A reportagem do Folha Vitória ainda não conseguiu contato com os advogados de defesa da corretora. O espaço segue aberto para manifestação.

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