Polícia

PMs envolvidos na morte de jovem na Grande São Pedro são afastados preventivamente

Weliton da Silva Dias morreu após ser baleado durante ação da Polícia Militar, na noite deste sábado (02), no bairro São José

Foto: Divulgação/ Prefeitura de Vitória/ Diego Alves
ATUALIZAÇÃO: A reportagem foi atualizada para inclusão do posicionamento da Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo e da Secretaria de Direitos Humanos do Estado.

Os policiais militares que participaram da ação que terminou com a jovem de Welinton da Silva Dias, de 24 anos, foram afastados preventivamente e de forma cautelar das atividades operacionais. A determinação é do secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, coronel Márcio Celante Weolffel.

Além disso, os polícias também terão que entregar as armas utilizadas na ação para que sejam analisadas em um inquérito policial. 

"Nós determinamos ao comandante-geral da Polícia Militar, a instalação do inquérito policial militar para averiguação e investigação de todas as circunstâncias do fato ocorrido na data de ontem, o recolhimento das armas dos polícias militares para que façam parte das apurações e o afastamento preventivo cautelar dos policiais militares das atividades operacionais", disse o secretário.

Segundo o secretário, a apuração do caso deve durar 60 dias. Celante afirmou ainda as mortes por conta da violência são lamentáveis em qualquer circunstâncias.

"Toda morte é lamentável. Dentro do programa Estado Presente, nós buscamos a preservação da vida e a redução do número de homicídios", frisou.

Jovem foi baleado durante ação da Polícia Militar

O caso aconteceu na noite deste sábado (02) em uma região conhecida como beco da Sorte, no bairro São José, em Vitória. 

Imagens enviadas ao jornalismo da Rede Vitória mostram o rapaz sozinho no beco. Ao ver um policial se aproximando, o rapaz se rende. No vídeo é possível ver o momento que ele mostra a cintura e coloca as duas mãos na cabeça. É neste momento que o policial atira no rapaz. (Por ser uma imagem forte, o vídeo foi pausado neste instante). 

Pouco tempo depois, outro militar se aproxima junto com um grupo de moradores. Testemunhas começaram a gritar por socorro e outro disparo é ouvido. 

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Segundo moradores da região, Welinton levou dois tiros. Eles afirmam ainda que os policiais não teriam permitido que a vítima fosse socorrida. Somente após a saída dos policiais, é que os próprios moradores teriam levado para a Policlínica de São Pedro. Welinton não resistiu aos ferimentos e morreu.

Revoltados com a ação policial, os moradores da região iniciaram um confronto com a polícia. Garrafas e outros objetos foram usados como arma. Os militares revidaram e efetuaram novos disparos de balas de borracha. Durante o conflito, um ônibus foi incendiado. 

Um morador chegou a ser baleado na perna. Ele recebeu atendimento médico e já foi liberado. 

Wellington trabalhava como carpinteiro, era casado e deixou um filho de 6 anos. Ele tinha passagem pela polícia e chegou a ser preso por tráfico de drogas em 2018, mas estava solto e, segundo a família, trabalhando há mais de dois anos.

Na manhã deste domingo (03), os familiares da vítima estiveram no Departamento Médico Legal para liberar do corpo. Weliton foi velado durante a tarde e será enterrado na manhã desta segunda-feira (04).

A Polícia Civil disse que o caso seguirá sob investigação do Serviço de Investigações Especiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e que, por enquanto, detalhes da investigação não serão divulgados.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Direitos Humanos afirmou que se solidariza com a família do jovem e que está acompanhando as investigações junto à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

Informou, ainda, que não compactua e repudia qualquer forma de violência ou de situações que violem os direitos humanos.

Associação dos Cabos e Soldados da PM prestará apoio aos militares afastados

Na manhã desta segunda-feira (04), a Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo (ACSPMBMES) disse, por meio de nota, que dará o suporte necessário aos policiais afastados.

"Sobre o caso é importante ressaltar alguns pontos: a região é conhecida por ser um local de intenso tráfico de entorpecentes e crimes contra a vida; o indivíduo foi encontrado com uma metralhadora na bandoleira; diante da situação, o policial teve milésimos de segundos para a tomada de decisão e precisou considerar todas essas questões, além de estar sob a pressão da atividade", afirma a nota. 

O presidente da associação, cabo Eugênio, declarou que, de acordo com o boletim de ocorrência, Weliton estava com uma metralhadora na bandoleira. Os disparos efetuados contra ele, segundo o cabo, foram realizados como parte da técnica de fatiamento, usada quando o militar se vê em perigo iminente. 

"Na ocorrência em questão, o indivíduo fez um movimento que levou o policial a crer que o indivíduo atiraria contra o ele. Em respeito às normas vigentes, e para assegurar a sua vida, o policial militar efetuou dois disparos contra o indivíduo, conforme doutrina praticada na PMES, assim o indivíduo caiu no chão e foi possível aproximar-se dele para recolher o armamento. Por isso, considerando as circunstâncias desse caso, a ACSPMBMES dará todo o apoio necessário aos policiais militares afastados”, declarou.

*Com informações ´do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV.

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